‘Vida de quem cuida de uma criança sozinho é uma mistura de sentimentos’, relata pai solo de 37 anos

Essa realidade, que para muita gente pode parecer incomum, aos poucos é explicada para a Manuela

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Sandro com a filha Manuela (Foto: Arquivo pessoal).

“Hoje sinto realmente na pele as dificuldades que as mães solteiras encaram, essa dura batalha de criar seus filhos e, ao mesmo tempo, ter que trabalhar”, compartilha o professor Sandro Rodrigues de Souza, de 37 anos, pai solo de uma linda menininha que há apenas alguns dias completou 2 anos.

Desde que a Manuela Gabrielly tinha apenas 5 meses de idade, Sandro precisou organizar sua rotina para poder trabalhar e cuidar da pequena sozinho, rotina vivenciada por milhares de brasileiras que são mães solo.

“Quando me coloco no papel de pai e mãe, consigo vivenciar a mistura de sentimentos que é a vida de quem cuida de uma criança sozinho”, reconhece o pai. Ao Midiamax ele relatou a mistura de emoções que ele sente ao viver essa realidade. 

“O sentimento vai desde ter que acordar ela cedo para levar na creche, onde o coração fica partido em ter que levantar aquela pessoinha que está dormindo um sono tranquilo, passando pelo momento de deixá-la na porta da creche até o momento que ela vem ao meu encontro sorrindo, gritando ‘papai’”, relata.

Rotina com a pequena

Professor na rede estadual de ensino na cidade de Aquidauana, a 130 km de Campo Grande, Sandro conta que geralmente acorda às 5h30 para se arrumar e organizar as roupas e coisinhas da Manuela para ir para a creche. 

“Por volta das 6h10 acordo ela, dou banho e levo na creche. Peço para a babá pegar ela na creche. Às 17h retorno para casa, busco ela na babá, brinco um pouco com ela e depois vou para a faculdade”, detalha o pai.

Ele pontua que alguns dias consegue ficar com ela à tarde e à noite. Em outros, vê a pequena bem rápido, e logo sai para a sua rotina de trabalho.

Manuela fazendo atividade na creche (Foto: Arquivo pessoal).

No começo, os desafios eram ainda maiores, segundo ele. “Desde os cuidados da alimentação da neném, troca de fraldas, horários para dar de mamar, ajustar a rotina de trabalho com os cuidados dela, como ir ao médico nas emergências quando dava febre”, expõe Sandro.

Além dessas demandas, também havia – e ainda tem, o cansaço da rotina de trabalho e a rotina diária em casa com ela.

“Mas embora a neném fosse muito pequena, era tranquila. Então não tive muitas dificuldades para me adaptar à rotina dela”, completa.

Aprendizado em conjunto

Ao mesmo tempo em que há a necessidade de adaptar-se a essa demanda de afazeres, também há o desafio de explicar para a pequena essa dinâmica familiar.

Essa realidade, que para muita gente pode parecer incomum, aos poucos é explicada para a Manuela.

“Em resumo, acho que o meu maior desafio seja explicar para ela por que ela vive comigo e não com a mãe dela”, observa Sandro.

“Embora ela não tenha tido muito contato com a mãe, ela fala por videochamada com a mãe de vez em quando. Ela sabe que tem uma pessoa que é mãe, mas não sabe o verdadeiro significado”, afirma.

Quem perde, perde muito

Quando perguntado como ele encara o fato de haver tantos pais ausentes Brasil afora, o professor faz uma importante reflexão.

“Enquanto educador e pai, acompanho o crescimento da minha filha com certa preocupação quanto a isso também, pois a maioria dos problemas relacionados com estudantes está relacionado ao convívio familiar”, avalia.

“Muitos (estudantes) acabam sendo criados pelos avós, outros sentem a ausência do pai ou da mãe e assim por diante”, aponta Sandro.

Para ele, esses são alguns dos impactos que podem surgir da ausência paterna.

“A falta de envolvimento dos pais pode ter um impacto significativo tanto para eles, quanto para os filhos. Quando os pais não participam ativamente da vida dos filhos, eles perdem a oportunidade de criar uma conexão mais profunda e significativa com eles”, relaciona.

Consequência na vida dos pequenos

“Isso pode levar a uma relação menos próxima, o que muitas das vezes pode desencadear vários transtornos na fase de adolescência dos filhos, principalmente nos quadros de depressão, automutilação, suicídio e vícios”, ressalta.

Para ele, assumir a missão de ser pai e mãe ao mesmo tempo é ter a consciência de que a filha precisa crescer em um ambiente saudável para ela.

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