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Cotidiano

Após três anos de caso acompanhado até pelos EUA, ninguém sabe onde está Antônio Bigode

Assentado completaria 85 anos e família permanece com angústia, sem qualquer notícia do seu paradeiro
Graziela Rezende -
'Antônio Bigode' (Arquivo Pessoal)

Antônio Martins Alves, o “Antônio Bigode” era um dos personagens de um projeto socioambiental da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), no ano de 2021, quando sumiu em seguida. Na ocasião, a pesquisa abordava a relação dos seres humanos com a natureza e o meio ambiente, o encontrando no assentamento Canaã, em , a 260 quilômetros de . A região passava por muitas mudanças, interferindo diretamente na vida dele, até então com 82 anos.

Aliás, seu Antônio fez aniversário no dia 10 de julho e sumiu logo depois. O comunicado oficial, no entanto, ocorreu no dia 16 de julho e, de lá para cá, o que a família sente é somente angústia. “Foi uns dias depois do aniversário dele. Atualmente, faria 85 anos. E até agora sem notícias do paradeiro. Houve uma investigação por conta do boletim de ocorrência, instauração do inquérito, já concluído do ano passado, sem respostas”, afirmou ao Jornal Midiamax o jornalista, pesquisador e professor universitário Edson Silva, de 67 anos.

Na ocasião, por conta de notícias veiculadas na imprensa e até nas redes sociais, o caso chamou a atenção da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA (Organização dos Estados Americanos), localizada em Washington, a qual cobra informações do Brasil. “Entenderam que havia, de fato, uma agressão aos direitos humanos”, emendou Silva.

Morador da região há década, Antônio Bigode nasceu no dia 10 de julho de 1939. Não há informações de quando se instalou na região, porém, o que se sabia é que residia no assentamento Canaã e participava, ativamente, da defesa de suas terras e do meio ambiente. Isto, então, teria gerado conflitos com pessoas e grupos interessados na construção de estradas, desmatamento ou exploração do turismo.

“Ele passou a ter problemas com a vizinhança, por vários motivos: gado que era furtado/roubado, cerca retirada do lugar e, principalmente, problemas de passagem ao passar de um sítio a outro. Estava ocorrendo muita mudança na região também, por conta do turismo. Passaram a criar atrativos na região e ele, que tinha uma vida ali tranquila, com o seu gadinho, viu muita mudança acontecer, estrada abrir”, alegou o professor.

Assim, neste período turbulento, houve o sumiço de ‘Antônio Bigode’. “Não ficou determinado se foi algo natural, se morreu ferido, afogado, atacado por bicho ou por questões de violência, de algum desafeto. E, como não houve este desdobramento como a polícia, que encerrou o inquérito policial e não investiga mais, a comissão continua trabalhando, para que o caso seja federalizado, ou seja, investigado não mais pelo Estado e sim pelo governo, como ocorre com o caso Marielle”, encerrou Edson.

Congresso debateu violação dos direitos e povos tradicionais e originários

(Redes Sociais/Reprodução)

Recentemente, durante o Intercom (Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação), o assunto foi debatido. O evento ocorreu na UFGO (Universidade Federal de Goiás), entre os dias 5 e 7 de julho.

A programação contou com debate composto por povos tradicionais e originários que abordaram os direitos humanos fundamentais previstos na Constituição Federal. O professor doutor Edson Silva então abordou o desaparecimento de Antônio Martins Alves.

Na mesma, mediada por outros jornalistas, falou sobre o sumiço e o fato do caso ter medida cautelar concedida, além da cobrança de respostas ao Estado.

Atualmente, o assentamento Canaã passa pelo processo de gentrificação rural, ou seja, a expulsão de moradores antigos provocada por interesses econômicos diversos como o avanço de fronteiras agrícolas, a mineração e o turismo de massa. Bigode, na análise do pesquisador, pode ter sido vítima desse processo.

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