‘Precisamos de resposta para ter paz’, dizem amigos e familiares em protesto por Letícia, morta no trânsito

Acidente com morte aconteceu no último domingo na Rua 14 de julho

Mirian Machado, Layane Costa – 31/08/2024 – 15:23

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(Nathalia Alcântara, Midiamax)

Amigos e familiares de Letícia Machado Gonçalves, de 19 anos, que morreu em um acidente de trânsito no último domingo (25), no Centro de Campo Grande, se uniram na tarde deste sábado (31), no local onde a jovem morreu para pedir por Justiça.

Com cartazes, eles pediram para que a morte da jovem não fique impune. 

A mãe dela, Ana Lucia Oliveira Machado, lembrou que a filha amava viajar e que estava fazendo serviço extra porque estava programando uma viagem. “Ela só tinha 19 anos. Saiu para trabalhar, era um domingo de frio, véspera de feriado, o centro não tinha ninguém. Não era um dia normal, não era um horário de pico, não era um dia que a gente fala, não, tava perigoso, né?”, explicou.

Ana disse que a filha tinha muitos planos e estava fez. Letícia estava casa há dois anos. “Ainda bem que ela encontrou meu genro, que completou um pouco da vida dela”, disse.

A mãe lamentou a perda da filha e pediu que se alguém presenciou o acidente, ou tem alguma filmagem que possa auxiliar na investigação, que vá até a delegacia. “A 14 de julho, tem de câmeras, e a gente não tem acesso a essas câmeras. Eu achava que essas câmeras eram para nós também, cidadão”, afirma.

“Ela vai fazer uma falta imensa”, finalizou.

O marido de Letícia, Carlos Yuri Nere, disse que está agoniado aguardando por resposta. Ele afirmou que toda a família aguarda pelas imagens de câmeras de segurança, que não foram liberadas. 

“A gente está esperando justiça, a resposta, os vídeos querendo saber por que não soltaram os vídeos, porque ninguém mostrou ainda, não falaram nada ainda, e a gente está querendo resposta, querendo justiça por ela”, contou. “Tá difícil, né, a gente chega em casa, a gente chega no quarto, não tem ela para estar ali comigo, não tem ela do meu lado, é sofrimento. É dor”, lamentou.

O advogado da família, Francisco Albino, explicou que pelas imagens que conseguiram, a família e a defesa acreditam em dolo eventual. 

“Nós não acreditamos que alguém que fure o semáforo não assuma um risco, não assuma uma responsabilidade. Você pode ver claramente nas imagens que primeiro temos um veículo preto, Blazer, que para no semáforo e logo atrás o condutor do veículo atravessa o semáforo. Por que ele atravessa e outros carros param? Então se você decide furar um semáforo, a gente não entende que seja um crime culposo. Quando você passa um semáforo que está vermelho, que está ali aparentemente vermelho, você assume, sim, o risco”, explica.

 “Foi uma vida que foi perdida e a gente precisa de uma resposta para isso, não podemos deixar isso passar, a gente se acostumou com a violência no trânsito aqui na capital de um jeito que todo dia morre é como se fosse mais um, como se fosse uma árvore que caiu ali na esquina, não é, uma vida, uma pessoa tinha uma história, 19 anos, recém casada, estava planejando filhos, estudava, trabalhava”, encerrou.

(Nathalia Alcântara, Midiamax)

O acidente

Letícia conduzia a motocicleta pela Rua 14 de Julho quando, no cruzamento com a Rua Marechal Rondon, foi atingida na traseira pela BMW. Com o impacto, a moça foi lançada contra um poste e morreu ainda no local.

Conforme a advogada de defesa da família, Vitória Junqueira, testemunhas informaram aos familiares que o motorista da BMW teria furado sinal vermelho. Com a infração, atingiu a motociclista, que morreu na hora.

O motorista do carro se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ele foi encaminhado para a delegacia. Em nota enviada ao Jornal Midiamax, a defesa do motorista alega que ele se recusou a fazer o teste por orientação da assessoria jurídica e que consta no boletim de ocorrência que o condutor não tinha sinais de embriaguez.

Nas imagens é possível ver uma GM Blazer, conforme o boletim de ocorrência, parada no semáforo da Marechal Rondon, antes da BMW passar pelo cruzamento.

Porém, não é possível identificar, pelo vídeo em questão, se o semáforo da Marechal Rondon estava fechado ou aberto.

‘Você não viu?’

Testemunha de 40 anos presenciou o momento em que o condutor da BMW, de 26 anos, matou Letícia no trânsito. O carro teria passado no sinal vermelho.

Conforme a testemunha, ela seguia ao trabalho, pela Rua Marechal Rondon, sentido centro-bairro, quando teve o primeiro contato com a BMW X1. Os dois veículos pararam no semáforo na esquina com a Avenida Calógeras.

No momento em que o semáforo abriu, o motociclista e condutor da BMW saíram. Então, ao chegarem no cruzamento com a Rua 14 de Julho, o motociclista parou e ouviu uma buzina.

Depois, viu o momento em que a moto de Letícia, que seguia pela 14 de Julho, foi atingida na parte traseira pelo carro de luxo que avançou o sinal vermelho. Com o impacto, a jovem foi lançada da motocicleta.

Ele contou ao Midiamax que chegou a pensar: “Será que ele não viu?” Assim, o motociclista parou a moto e foi socorrer a jovem.

Ao se aproximar, percebeu que ela estava imóvel, pegou no pulso dela e não sentia batimento. Então, o motorista da BMW apareceu e ele perguntou: “Você não viu?” “Não vi”, disse.

Após o acidente, o motorista se ajoelhou, muito nervoso e começou a rezar. “Espero que ela esteja bem”, disse o condutor da BMW. Uma equipe da GCM (Guarda Civil Metropolitana) foi a primeira a chegar.

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