No estado onde faltam maternidades, 1,5 leito de UTI neonatal a cada 1 mil bebês é problema crônico

Em 2023, Mato Grosso do Sul registrou o nascimento de 40,4 mil bebês

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Assistência neonatal (Foto: Arquivo/Jornal Midiamax)

A falta de leitos hospitalares é um problema crônico em Mato Grosso do Sul, mas é ainda mais grave no recorte de gestantes e bebês recém-nascidos. Por aqui, faltam maternidades e principalmente leitos de tratamento intensivo (UTI) para bebês.

Levantamento da AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), mostra que Mato Grosso do Sul tem apenas 62 leitos de UTI neonatal SUS (Sistema Único de Saúde). Isso equivale à média de 1,5 leito SUS a cada 1 mil nascidos vivos. O recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 4 leitos por 1 mil nascidos vivo.

Na prática, a média de UTI neonatal de Mato Grosso do Sul não atinge nem a metade do recomendado. Em números absolutos, são 62 UTIS neonatal SUS e 57 privadas, no Estado. A média estadual unindo leitos privados e públicos é de 2,96 a cada 1 mil nascidos vivos.

Dados do Ministério da Saúde apontam para o nascimento de 40,2 mil bebês em Mato Grosso do Sul no ano passado. A estimativa é de que seja necessária abertura de ao menos 40 novas UTIs neonatal em Mato Grosso do Sul.

UTI neonatal 100% ocupada em Campo Grande

“Em dez meses, não tivemos um dia com ocupação abaixo de 100% nas UTIs neonatal de Campo Grande”. A frase impactante é da secretaria municipal de saúde, médica Rosana Leite, que afirma conviver com a superlotação desde quando assumiu o cargo, em fevereiro de 2024.

Não é raro o Jornal Midiamax noticiar a angústia de familiares de bebês que aguardam vagas em UTI, mas a situação é bem mais agravante em períodos de crise, como quando há aumento de síndromes respiratórias. Em março de 2023, durante um surto de SRAG, Campo Grande chegou a ter 50 bebês aguardando vaga em UTI.

A prefeitura afirma que o Hospital Municipal, ainda no papel, vai contribuir para suprir essa demanda. Mas a secretária Rosana afirma que a medida não é suficiente e, enquanto isso, o município tenta intensificar o atendimento na atenção básica. Ou seja, maior controle no pré-natal e atendimento às gestantes.

A gerente técnica de saúde da mulher da Sesau, Esthefani Uchôa, explica melhor sobre a estratégia do município. “Eu acredito realmente na atenção primária, que é onde 80% dos usuários vão primeiro. Então, se a gente fizer um trabalho efetivo ali, que é a prevenção, que é uma boa consulta, um pré-natal de excelência, onde eles entendem quais são os cuidados que eles precisam ter”.

Para ela, os pontos a mudar já foram mapeados, como a necessidade de atendimento caloroso e individualizado, mas é necessário uma co-responsabilidade. Isso significa que a população precisa assumir a responsabilidade pela própria saúde.

Falta de UTI é fim da linha de problemas

A falta de UTI Neonatais é problema grave, mas última fase de um sistema deficitário. A educadora perinatal e presidente da Associação de Doulas de Mato Grosso do Sul, Carol Oruê – Associação de Doulas de Mato Grosso do Sul, destaca sobre a importância de conscientizar sobre a assistência prestada nos lugares que já existem.

Doula Tatiana Marinho em atendimento durante trabalho de parto (Foto: Ana Paula Cayres)

“A desassistência no pré-natal seja por falta de informação, seja por condutas inadequadas, desatualizadas e ausência de classificação de risco e diagnóstico correto e oportuno, a falta de maternidades e salas de parto para suprir a demanda do estado, mas sobretudo o alto índice de cesarianas, são problemas que se somam e no final desembocam no problema da falta de leitos de UTI tanto materno, quando neonatal”, faz a reflexão.

Defensora dos benefícios do parto normal, Carol Oruê afirma que baseado em estudos científicos, é inegável que as altas taxas de cesarianas colocam bebês em risco de maior necessidade de UTI neonatal, principalmente por ser um procedimento que aumenta os índices de prematuridade.

“Em um estado como Mato Grosso do Sul, onde a capital, Campo Grande, é a referência para partos e nascimentos de muitas cidades do interior, não haver um número de instituições e leitos suficientes condizentes com a demanda, oferecendo um cuidado humanizado, aumenta muito esse problema”, afirma a doula.

Faltam casas de parto em MS

De janeiro a dezembro de 2023, 40,4 mil bebês nasceram em Mato Grosso do Sul, dos quais apenas 14,7 mil foram de parto normal. Os dados do Ministério da Saúde mostram uma realidade do Estado, a falta de centros especializados para parto normal e o risco de desassistência e violência obstétrica a qual mulheres são submetidas.

Mato Grosso do Sul tinha apenas um centro de parto normal, que fechou as portas em abril de 2023. O serviço foi promovido por sete anos no Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa, localizado em Sidrolândia.

““Fechar a única casa de parto 100% SUS do estado foi um retrocesso e sobrecarregou muito os hospitais e maternidades de Campo Grande. Com certeza veremos a médio prazo todo o impacto negativo do fechamento da Casa de Parto e a abertura de um projeto de cesarianas, principalmente na necessidade de leitos de UTI materno e neonatal”, afirma a representante da Associação de Doulas de Mato Grosso do Sul.

Conforme dados da Casa Civil, Corumbá será contemplado com recursos do PAC Seleções para a construção de um CPN (Centro de Parto Normal), conforme pedido feito anteriormente. Além disso, Campo Grande e Dourados devem receber recursos para obras de maternidades com CPNs.

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