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Cotidiano

Crianças podem ser psicopatas? Psicóloga explica sobre caso que chocou o Brasil

Psicopatia é um transtorno de personalidade e tem características comportamentos como a falta de empatia
Priscilla Peres -
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Imagem ilustrativa (Foto: Freepik)

Na última semana, uma criança de apenas 9 anos chocou o país ao matar 23 animais, entre coelhos e porquinhos da Índia, com chutes e arremessos contra a parede. O caso gerou grande repercussão e julgamentos na sociedade. Mas a pergunta que fica é: uma criança pode ser psicopata?

Psicopatia é um transtorno de personalidade e tem características comportamentos como a falta de empatia, a impulsividade, a falta de emoções, dificuldade de socialização, mentiras, além de falta de controle da raiva. É comum que criminosos, como serial killers, sejam diagnosticados como psicopatas.

Mas não é o caso recente do Brasil. A criança de 9 anos não é considerada criminosa, justamente por ter menos de 12 anos e não poder ser autuada por ato infracional, conforme a legislação brasileira.

A psicologia também explica que essa criança não pode ser considerada psicopata. O transtorno de personalidade antissocial só pode diagnosticado a partir dos 18 anos e após a realização de vários testem que fechem um diagnóstico.

Antes disso, crianças com comportamento fora do padrão podem ter diagnóstico de transtorno de conduta. A psicóloga Thalita Shimabukuro Dias explica que não são todas as crianças com transtorno de conduta que fecham diagnóstico de psicopatia quando adultos.

“É muito desonesto com a criança pegar só um recorte da vida dela e fazer um diagnóstico. Para ter um resultado precisamos de vários testes, uma avaliação completa. Então, não é possível ter uma criança psicopata”, afirma Thalita.

Como agir com as crianças?

Dentro do transtorno de conduta antissocial, crianças podem apresentar comportamentos que incluem mentiras, furtos, crueldade com animais ou pessoas, excesso de brigas, comportamento incendiário e outros. A psicóloga Thalita Shimabukuro afirma que esse transtorno é crônico e vai acompanhar a pessoa para o resto da vida.

“O que pode acontecer com terapia adequada e uso da medicação é que esses sintomas podem entrar em remissão, ou seja, menos prejuízo para a pessoa. Ela consegue ter uma vida mais funcional, consegue lidar de forma mais adaptativa com aqueles sintomas e eles entram em remissão”, afirma a profissional de psicologia.

Ao perceber que uma criança tem comportamentos fora do padrão, o primeiro passo é procurar um psicólogo para buscar um diagnóstico com base em evidências e testes e, então, aprender como lidar com o que está acontecendo.

Quanto mais cedo a intervenção com a criança, mais chances de um bom prognóstico. “E na terapia vamos levar orientação psico-educação para os pais, que vão auxiliar essa criança nos comportamentos e a desenvolver habilidades sociais. A gente não garante que ela não vai evoluir, mas a probabilidade é bem maior”, afirma Thalita.

Família e jogos podem determinar comportamento?

A criança que protagonizou a situação no interior do Paraná morava com os avós e muito se especula sobre o ambiente familiar. É fato que influência familiar gera muitas consequências para as crianças, bem como o uso excessivo de telas e jogos, mas eles podem determinar um transtorno de conduta antissocial?

A psicóloga Thalita Shimabukuro explica que para a formação do transtorno são vários fatores, como influência ambiental, vulnerabilidade genética, fatores sociais, um ambiente tóxico, ele precisa de vários componentes para se fazer um transtorno também. “Então, só a questão da influência familiar, uma falta de supervisão, uma influência negativa, ausência de suporte emocional, não são suficientes para uma criança cometer uma situação dessa”.

Então, é claro que o ambiente tóxico influencia no comportamento de crianças, mas não necessariamente em transtorno de conduta antissocial. “Existem muitas crianças que passam por situações de ambientes tóxicos e nunca cometeram nenhum crime”, afirma Thalita.

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