Com exemplos críticos, comerciantes da Calógeras temem corredor de ônibus

Comerciantes conseguiram 400 assinaturas em abaixo-assinado, mas obra não será suspensa

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Avenida Calógeras (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Enquanto o plano de execução do corredor de ônibus sul é detalhado com a empresa vencedora da licitação, comerciantes da Avenida Calógeras questionam a decisão da Prefeitura de Campo Grande em manter o projeto “mesmo vendo que os outros corredores só serviram de palco para acidentes e defasagem do comércio local”.

O apontamento é de um empresário que está abrindo uma loja de acessórios veiculares em trecho da Av. Calógeras e se preocupa com os prejuízos que a obra pode acarretar ao seu novo negócio.

Para o comerciante, se as outras obras tivessem causado mudanças positivas, não haveria discordância da execução do projeto na avenida. No entanto, as devolutivas negativas de outros empresários que tiveram prejuízos ou precisaram fechar suas empresas durante o período de obra nos primeiros trechos a receber o corredor de ônibus, são preocupantes.

“Os comerciantes que estão há mais tempo aqui fizeram um abaixo-assinado contra essa obra. Conseguiram 400 assinaturas, mandaram pra Prefeitura e não deu em nada. Eles dizem que estamos de acordo, que isso é uma cooperação entre a Prefeitura e os comerciantes, mas ninguém aqui concorda com isso”, lamenta.

Alterações no projeto

O projeto prevê o recapeamento de toda a extensão da Avenida Calógeras. Já o corredor exclusivo para os ônibus contará com cinco estações de embarque e desembarque, além da sinalização de trânsito.

Além da faixa exclusiva de ônibus, o projeto incluía a construção de uma ciclovia de 1.540 metros no trecho entre a Avenida Afonso Pena e a Avenida Salgado Filho, mas ela foi retirada do projeto, aponta o comerciante.

“Eles tiraram a ciclovia do projeto, mas vão aumentar as calçadas. Isso não faz sentido! As calçadas aqui já têm um espaço bom. O fluxo de pedestres aqui é mínimo, porque ninguém vem aqui pra passear. Só vem pra cá quem quer mexer no carro, fazer algo muito específico”, pontua.

Para o empresário, a principal reivindicação está relacionada às vagas de estacionamento que serão perdidas com a criação do corredor de ônibus.

“Vão tirar uma faixa de estacionamento, sendo que é justamente isso que falta aqui. Vão prejudicar demais a gente porque não vai ter lugar para os clientes estacionarem. Ninguém está de acordo com a obra, só quem trabalha com garagens, porque vai subir o faturamento. E ainda vão querer colocar parquímetro. Só podem estar querendo prejudicar a gente”.

“Temos aí a experiência com outros corredores. Teve motoqueiro que morreu em acidente esses dias. É isso que vai acontecer aqui”, acrescenta.

Prefeitura

Em nota publicada, a Prefeitura de Campo Grande afirmou que “embora os comerciantes da Avenida Calógeras saibam que as obras exigem adaptações temporárias, estão otimistas com as melhorias que elas vão trazer para a região”.

E que “a Prefeitura, em constante diálogo com os empresários, tem buscado soluções que minimizem os impactos no comércio, ajustando o planejamento conforme as necessidades apresentadas, reduzindo congestionamentos, o que beneficia tanto os comerciantes, ao criar um ambiente urbano mais organizado, quanto os motoristas que trafegam pela via”.

Corredores de ônibus

Os corredores de transporte estão previstos no plano municipal de mobilidade urbana em vigor desde 2015. São 69 quilômetros de pistas exclusivas para os ônibus trafegarem entre os terminais Guaicurus, Morenão (Região Sul da cidade), General Osório e Nova Bahia (Região Norte), passando pelo Centro da cidade. O corredor sudoeste ligará o terminal Aero Rancho ao Centro.

O corredor sul abrangerá a extensão da Avenida Calógeras, trecho entre a Avenida Mato Grosso e a Avenida Eduardo Elias Zahran. Conforme a Agetran, diariamente circulam pela via 101 ônibus distribuídos em 26 linhas, atendendo quase 30 mil passageiros.

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