Com 107 confirmações, casos de hepatite A desaceleram em Campo Grande
Apesar da recente alta de casos, dados da Sesau indicam uma tendência de melhora no cenário epidemiológico de hepatite A
Lethycia Anjos –
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Após um aumento expressivo no número de casos, Campo Grande registrou uma desaceleração nas confirmações de hepatite A. Embora o acúmulo total, 107 confirmações, seja significativo, dados recentes da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) indicam uma tendência de melhora no cenário epidemiológico da doença.
A maior alta de casos ocorreu em outubro, quando, em apenas uma semana, os números saltaram de 60 para 85, representando um aumento de 41,67%. Na primeira semana de novembro, os casos já somavam 103. Diante desse cenário, a Sesau declarou que Campo Grande vivia um surto da doença.
Vale lembrar que o primeiro caso no ano ocorreu em setembro e marcou o retorno da infecção em Campo Grande, após cinco anos sem registros.
Hepatite A consiste em uma doença infecciosa causada por um vírus, de evolução autolimitada, que pode ser prevenida por vacina. A principal forma de transmissão ocorre por via fecal-oral, ou seja, pelo contato de fezes com a boca. A infecção também pode ocorrer pelo consumo de alimentos ou água contaminados, baixos níveis de saneamento básico e higiene pessoal, contato próximo entre pessoas e por relações sexuais.
Dicas auxiliam na prevenção da doença
Diante de um cenário epidemiológico preocupante, a adoção de cuidados específicos com a higiene pessoal, o preparo adequado dos alimentos e o consumo exclusivo de água potável são medidas essenciais para prevenir possíveis contaminações.
Médico infectologista da Unimed Campo Grande, Dr. Maurício Pompilio, explica que a transmissão da doença está diretamente ligada à falta de saneamento básico e à higiene pessoal.
“O vírus da hepatite A transmite por meio de água e alimentos contaminados. Isso significa que, ao consumir água não filtrada ou alimentos higienizados com água contaminada, uma pessoa pode se infectar. Por isso, é indispensável cuidar da higiene no preparo dos alimentos e garantir o consumo de água potável”, orienta o especialista.
Além disso, Pompilio destaca a importância de higienizar folhas e vegetais específicos, utilizando uma solução com gotas de hipoclorito para eliminar riscos.
“Alimentos cozidos ou assados não apresentam esse perigo. Outro ponto crucial é a vacinação. Crianças menores de 11 anos, em geral, já estão imunizadas, mas adolescentes e adultos que não receberam a vacina na infância devem buscar essa proteção”, recomenda.
O infectologista reforça ainda que os cuidados com a higiene pessoal não previnem apenas a hepatite A, mas diversas outras doenças e infecções.
“Lavar as mãos com frequência, usando água e sabão, especialmente antes das refeições e após usar o banheiro. Elimina não só este vírus, mas também outras bactérias transmitidas”, conclui.
Confira mais dicas:
- No caso de locais públicos ou de grande circulação de pessoas, fazer a desinfecção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
- Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto.
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios.
- Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
- Evitar rodas de tereré, incluindo compartilhamento da bomba e o compartilhamento de narguilé.
Vacinação contra hepatite A
Em meio a alta de casos, a vacinação se destaca como o principal meio de prevenção da doença. A vacina contra a hepatite A faz parte do calendário infantil e é administrada em uma dose única aos 15 meses (disponível a partir dos 12 meses até 4 anos, 11 meses e 29 dias). Atualmente, a taxa de cobertura vacinal para esse público infantil é de 91,82%.
A vacina também está disponível no CRIE (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais) para pessoas a partir de 1 ano que tenham condições de saúde específicas, como hepatopatias crônicas, hepatite B e coagulopatias, doenças imunodepressoras, fibrose cística, trissomias e pessoas vivendo com HIV/Aids.
Em Mato Grosso do Sul, a cobertura vacinal contra a Hepatite A aumentou significativamente nos últimos anos. Dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde) indicam que, em 2021, ano marcado pela pandemia de Covid-19, a cobertura vacinal contra a Hepatite A foi de 68,86%. Nos anos seguintes, essa cobertura cresceu gradativamente, atingindo 81,03% em 2022 e 85,42% em 2023.
Ampliação do público-alvo
Desde a última terça-feira (12), usuários de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) estão incluídos entre os grupos contemplados com a vacinação contra a hepatite A. A medida implementada pela Sesau segue a orientação do Ministério da Saúde devido ao risco elevado de contaminação desse grupo.
Conforme a Sesau, para os usuários de PrEP, a vacinação em dose única ocorre por agendamento e será em 2 locais: CTA (Centro de triagem e acolhimento que fica no Horto Florestal) e na USF nova Bahia (Av. Nossa Senhora do Bonfim, 2-84 – Parque dos Novos Estados). O CTA vai entrar em contato com os usuários.
Além dos usuários de PrEP, estão incluídos contactantes de pessoas privadas de liberdade que tiveram Hepatite A; contactantes sexuais de casos confirmados de Hepatite A; pessoas de 11 a 39 anos que tenham tido contato domiciliar com infectados até 15 dias após a exposição.
Questionada sobre a cobertura vacinal após a ampliação do público-alvo, a Sesau informou que o registro das doses aplicadas serão lançadas no prontuário eletrônico do paciente.
Sintomas
O período de incubação da infecção por hepatite A pode variar de 15 a 45 dias após o contato, com média de 30 dias. Já o período de transmissibilidade pode iniciar até duas semanas antes do início dos sintomas e permanecer até o final da segunda semana da doença.
Os sintomas iniciam de forma inespecífica com anorexia, náuseas, vômitos, diarreia ou, raramente, constipação, febre baixa, cefaleia, mal-estar, astenia e fadiga, aversão ao paladar e/ou ao olfato, mialgia, fotofobia, desconforto no hipocôndrio direito, urticária, artralgia ou artrite, e exantema papular ou maculopapular.
Passada essa fase inicial, observa-se icterícia (pele amarelada), hepatomogalia dolorosa e, em geral, diminuição dos sintomas com posterior recuperação clínica. Segundo a Sesau, alguns pacientes podem persistir com fraqueza e cansaço por vários meses.
Ainda conforme a Sesau, não há tratamento específico, apenas controle dos sintomas de náuseas (metoclopramida, bromoprida, ondansetrona), febre (em geral baixa), prurido e dores (analgésicos comuns).
Nos casos com alteração de TGP/TGO recomenda-se evitar paracetamol, e a prescrição de dipirona. Como regra geral, a pasta também orienta o repouso relativo até normalização das aminotransferases. Além disso, pode haver necessidade de hidratação venosa nos pacientes mais sintomáticos.
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