‘Cada um está no seu direito de reivindicar’, diz ministra em visita à área de conflito em Douradina
“Os indígenas Guarani e Kaiowá vêm apenas requerer as terras tradicionais”, defendeu o líder indígena Xiru
Liana Feitosa, Thalya Godoy –
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“Os indígenas Guarani e Kaiowá vêm apenas requerer as terras tradicionais”, defendeu o líder indígena Xiru, em entrevista ao Jornal Midiamax nesta testa terça-feira (6), na Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, onde ocorrem conflitos por áreas rurais, em Douradina.
Xiru conta que os povos originários já estavam na região antes mesmo da implantação da Colônia Agrícola de Dourados, na época de Getúlio Vargas. Por isso, hoje, apenas requerem uma área que já era utilizada por seus ancestrais.
“Ninguém motivou (essa ocupação de terra agora). Essas ideias já vêm com a história do tataravós, a história de nossa avó, nosso tio mesmo. Ninguém motivou”, completou Xiru.
Conversa da ministra com produtores
Em conversa com produtores rurais e indígenas nesta terça-feira, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, defendeu a cultura ancestral e explicou motivações culturais que envolvem as atitudes dos indígenas no local.
Representantes desses povos alegam que produtores rurais estariam zombando das músicas e danças praticadas por eles na terra ocupada.
Manifestações culturais
“Quando eles dançam e adentram ali em mais uma área cantando, isso não é uma provocação. Você precisa entender, isso não é uma provocação, isso é cultural, isso é da cultura dos povos indígenas”, afirmou a ministra aos produtores.
Esse grupo é formado por pequenos produtores rurais. Em média, o tamanho das propriedades é de 30 hectares.
Há cerca de 25 dias, no entanto, indígenas acamparam na área. São 126 famílias, com 18 idosos, 70 crianças (incluindo bebês) e 50 jovens menores de idade.
Na frente dos produtores rurais, a ministra argumentou que “cada um está no seu direito de reivindicar.”
“Eles (os indígenas) não gostam de estar assim também, jogados debaixo de lona. Eles não gostam de estar assim. Eles estão também por acreditar que eles têm o direito a ter a sua terra, a poder produzir também, a poder plantar e exercer a sua cultura”, relacionou Guajajara.
“Cada um está no seu direito de vir aqui buscar um resultado, mas nós temos que entender que não vai ser assim, com essa briga, com armamento, com ataque, que vai resolver. Nenhum aqui, nem vocês, nem eles, querem ficar manchado de sangue, não queremos isso de forma alguma”, completou a ministra em sua conversa com os produtores.
Escalada da violência
Os agricultores e indígenas montaram acampamento na terra de retomada, o que aumentou a tensão nos últimos dias.
“Não é possível continuar com essa situação de insegurança para todo mundo. Vocês falaram de insegurança, né? Os indígenas também estão ali numa situação de insegurança.”
No sábado, um conflito direto deixou ao menos 8 feridos, um jovem indígena continua internado.
Nesta segunda-feira (5), o desembargador Audrey Gasparini, do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), suspendeu ordem de reintegração de posse concedida pela Justiça federal de Dourados, que ordenava o despejo da comunidade indígena.
Pedido
“A gente veio aqui a pedido dos povos indígenas, mas atendemos também o pedido de vocês, entendendo que essa escuta tem que ser feita de ambos os lados. Estou aqui hoje enquanto ministra de Estado a pedido também do presidente Lula”, pontuou Guajajara.
Ela comentou sobre o fato de a terra em questão estar judicializada, e como isso interfere nas decisões sobre a área.
“Nenhuma de nós, nenhum de nós que estamos aqui enquanto ministério, enquanto órgão do Governo Federal, tem o poder aqui de mudar essa decisão da Justiça. Mas nós vamos trabalhar para que dê uma celeridade ao processo e uma decisão definitiva”, defendeu.
“Conforme for a decisão, nós vamos ter que trabalhar para que todos os lados tenham uma situação tranquila, confortável e segura”, completou.
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