Black Friday de cesta básica? Azeite e até botijão de gás entram na lista de ofertas

A Black Friday está diferente neste ano. Itens básicos e até mesmo alimentos essenciais ganharam destaque e são alvo de desconto e da atenção dos consumidores.

Levantamento da Fecomércio MS e o Sebrae MS apontou que a data promocional deve movimentar mais de R$ 400 milhões em Mato Grosso do Sul. Tradicionalmente, os itens mais visados nessa campanha são os eletrônicos e eletrodomésticos, campeões de venda.

Black da cesta básica?

No entanto, azeite e até botijão de gás entraram na lista dos produtos visados neste ano. Nesta semana, uma das mais importantes redes de lojas de eletrodomésticos brasileiras esgotou, em apenas 15 minutos, a venda de, atenção: azeite de oliva. 

Famosa distribuidora de gás também aderiu à campanha com abrangência nacional e oferece aos consumidores desconto de R$ 20 na recarga de botijões de 13 kg e compra de vale-gás. 

Quem não ficou de fora também são os supermercados. Em Campo Grande, lojas de um atacadista estão vendendo o litro do leite desnatado por R$ 1,99. 

“Os supermercadistas viram com a Black Friday, e considerando que o consumo das famílias voltou a crescer, mas ainda não cresceu tanto, essa oportunidade de poder fazer mais negócios”, explica a economista Andreia Ferreira, chefe do Dieese/MS (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Recuperação econômica das famílias

Para que a gente possa entender melhor essa movimentação econômica, Andreia analisa o contexto histórico.

Na pandemia, o percentual de consumo das famílias, especialmente em 2020, caiu muito, de forma intensa, ano em que a pandemia mostrou seu alcance global. 

“A gente começa a ‘se recuperar’ no período de 2021 a 2023, só que os preços estavam muito elevados. Eu lembro sempre do preço da carne bovina: até 2018 o preço médio da carne bovina em Mato Grosso do Sul era R$ 18 o quilo de patinho ou de coxão duro ou de coxão mole, em média. Mas desde o mês passado a gente voltou para perto da casa dos R$ 40”, detalha a especialista. 

Diante desses aumentos, as famílias, que estão se recuperando da elevação de preços e das dívidas dos anos anteriores, contraíram muitas dívidas.

“As famílias se endividaram com cartão de crédito para poder assumir as despesas básicas de sobrevivência. Despesas com aluguel, despesas de energia elétrica, da água”, completa. Ou seja, muitas contas parceladas “em cima” de despesas do cotidiano. 

Sendo assim, mesmo com a retomada de medidas do Governo Federal especialmente voltadas para as classes mais pobres e para os trabalhadores que ganham o salário mínimo ou remunerações menores, assim como o retorno da política de valorização do salário mínimo, equilibrar as contas continua sendo um desafio.

Afinal, também se tornou mais caro produzir. “Além dessa crise toda, teve aumento dos custos industriais, aumento da energia elétrica, enfim, e isso, em alguma medida, vai chegando no preço do consumidor”, detalha Andreia.

Oportunidade

Enquanto os preços sobem com facilidade, para descer, é bem mais complicado, o que aumenta o desafio do pagamento das contas e das possibilidades de compra.

“É por isso que a gente tem visto, além daqueles produtos que normalmente a gente via como livros, eletrônicos, itens de cuidados pessoais, produtos de higiene e limpeza, medicações e também agora a questão da alimentação”, aponta a economista.

Esse “fenômeno” tem acontecido desde o ano passado, e também tem sido aproveitado pelas empresas pela proximidade com as festas de final de ano.

Para a economista, faz sentido as pessoas aproveitarem a Black Friday para comprar itens de alimentação justamente por causa do período de festas, sem contar que, nesse período do ano, os preços normalmente aumentam.

Com o crescimento da demanda, ou seja, da procura, os preços sobem e, portanto, as promoções são bem-vindas e bastante aproveitadas pelos consumidores, especialmente se também for levado em consideração que o pagamento do 13º acontece próximo do período de Black Friday.

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