Rota do lixo: Campo Grande coletou mais de 500 toneladas de lixo reciclável por mês em 2023

Serviço de coleta seletiva atende, atualmente, 58 bairros da Capital

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(Kísie Ainoã, Midiamax)

Separar o lixo reciclável é uma tarefa simples, e muitas vezes não temos dimensão da sua importância. A coleta seletiva de resíduos sólidos permite a redução de lixo em aterros sanitários, além de evitar a disseminação de doenças na cidade.

Em Campo grande, foram coletados em média 524,18 toneladas de lixo por mês na coleta seletiva, no período de janeiro a junho, deste ano. Em 2022, o total de lixo recolhido na coleta seletiva foi de 5.861,38 toneladas.

O serviço de coleta seletiva porta a porta atende, atualmente, 58 bairros da Capital. Para o restante do perímetro urbano, são disponibilizados cerca de 200 locais de Entrega Voluntária (LEV’s). Os pontos escolhidos para fazer a entrega voluntária são supermercados, unidades de educação ou saúde, igrejas, entre outros.

Destino do lixo reciclado

Se separar o lixo reciclado nas residências é uma tarefa relevante, o ato de reaproveitá-lo, em cooperativas de reciclagem, é também de muita importância. A Recicle, centro de reciclagem de eletrônicos, recebe descartes de materiais de empresas privadas, doações individuais, e até mesmo da receita federal. A cooperativa é a única representante do Governo Federal no Mato Grosso do Sul.

O material que chega na Recicle passa por uma triagem e, em seguida, é desmontado. O que pode ser reaproveitado, ou seja, os aparelhos eletrônicos, é consertado e vendido ou doado para diversas instituições, como ONGs, escolas e creches.

Os materiais como o plástico e metal são destinados a indústrias que reaproveitam tais peças. As placas eletrônicas, que são materiais perigosos para a contaminação dos solos e lençóis freáticos, vão para São Paulo, são moídas e enviadas à Holanda, onde são recicladas.

De acordo com o responsável pelo local, Carlos Lhama, de 67 anos, atualmente a empresa conta com 18 funcionários, dentre eles, mulheres presas no regime semiaberto e homens que receberam pena de serviço comunitário. Todos eles recebem um salário.

“Elas vêm, tomam café da manhã, almoçam com a gente, e à tarde tem um lanche. No fim da tarde, elas tomam banho aqui e depois levamos até o presídio. Os homens estão prestando trabalho comunitário porque cometeram um crime que não precisa ir para a cadeia. Eles vêm uma vez por semana. É uma forma de ressocializar”, afirma.

Carlos Lhama, proprietário da Recicle. (Kísie Ainoã, Midiamax)

Materiais consertados e doados

Os aparelhos eletrônicos que apresentam algum defeito, mas podem ser recuperados, passam por um conserto e são vendidos ou doados para instituições que tenham cadastro. “Nós doamos para algumas instituições, mas para receber doações nossas, a entidade tem que estar totalmente documentada”, afirma o proprietário da Recicle.

Em cinco anos que a empresa realiza os serviços, já foram recolhidas mais de 500 toneladas de lixo eletrônico. “Tudo no final direcionado para as indústrias certas e nada que tenha poluído o meio ambiente. Um trabalho diferenciado”, afirma.

Os materiais não aproveitados são vendidos e enviados para as indústrias especializadas na reciclagem, em outros estados, mas muitas vezes o valor do transporte acaba não compensando o lucro obtido com a venda. “A gente tem que tirar lucro na venda do ferro, do cobre, em outros produtos, para poder equilibrar a folha de pagamento para o pessoal”, explica.

O técnico Erbety Ramos Moreira, de 50 anos, trabalha há quatro meses consertando computadores, celulares e outros eletrônicos na Recicle. Por dia, conserta em média 4 aparelhos, e afirma que seu trabalho é gratificante. “Eu fui indicado pelo técnico anterior parra trabalhar aqui e estou gostando muito do que faço, o ambiente é muito bom” comenta.

Erberty Ramos, técnico da Recicle. (Kísie Ainoã, Midiamax)

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