Risco de falência: moai de Tupperware resiste como opção para gastar menos em Campo Grande
Moai de Tupperware é sucesso mesmo com anúncio de crise financeira. Diretoria da empresa alega que situação não afetaria o Brasil por ter métodos próprios de gestão
Nathália Rabelo –
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A queda de ações da Tupperware – marca estadunidense especializada em recipientes para conservação e preparação de alimentos – que implica no risco de falência da empresa pegou muitos brasileiros de surpresa. Também presente na casa dos sul-mato-grossenses, utensílios são por vezes ‘objetos de luxo’ devido ao valor. Dessa forma, em meio à crise financeira da multinacional, moai de Tupperware resiste às dificuldades e é visto como opção para consumidores gastarem menos na hora da compra.
Moai é uma espécie de consórcio entre amigos e se assemelha a uma poupança em que pessoas se juntam para pagar uma mensalidade. Assim, a cada mês, um integrante do grupo é sorteado. Em Campo Grande, a modalidade faz sucesso para várias finalidades. No entanto, a mulherada gosta mesmo é de participar do moai de Tupperware.
Como funciona o moai de Tupperware?
Eva Peixoto de Azevedo, de 76 anos, trabalha com vendas desde a adolescência e afirma que suas clientes amam os produtos da Tupperware. Dona de loja localizada na Rua Ricardo Franco, no bairro Vila Sobrinho da Capital, ela organiza todos os meses o sorteio. Ao Jornal Midiamax, ela explica que a maioria entre os participantes é mulher.
Assim, o moai de Tupperware funciona da seguinte forma na loja da Eva: 10 pessoas se juntam para pagar R$ 50 durante 10 meses. Nesse período, um participante é sorteado mensalmente a ganhar R$ 500. O sorteado, então, recebe a revista da marca em casa e ele tem esse valor total para gastar com os produtos. Afinal, basta rolar a página oficial da marca para encontrar conjuntos a partir de R$ 400.
“São produtos de excelente qualidade, mas caros. Então, o moai de Tupperware é uma oportunidade das pessoas terem mais acesso, de gastarem menos, porque fica mais fácil de adquirir”, explica Eva.
Questionada sobre o motivo da preferência pela marca, a vendedora afirma ser pela qualidade, durabilidade e versatilidade dos produtos. “Só o nome dela já diz o que é”.
Dá para montar cozinha completa com moai
A advogada Giana Vanessa Micheletti, de 45 anos, se mudou recentemente para Campo Grande e encontrou na revenda de Tupperware sua principal fonte de renda, cargo que ocupa há seis meses. Ela afirma que o moai dá muito resultado na capital e funciona de forma semelhante citada anteriormente.
Ela vende 10 cotas e cliente tem opção de comprar quantas quiser, desde que pague a mensalidade de R$ 50. Se sorteada, a pessoa recebe os R$ 500 para compras do catálogo ou a pronta-entrega. Além disso, quem pagou dentro do prazo ganha bonificação de mais R$ 600 em kit.
“O moai de Tupperware é um verdadeiro sucesso. Você consegue montar uma cozinha completa participando”, diz a revendedora, que cita um cliente de Mato Grosso que se mudou para novo apartamento e participa de moais para montar sua cozinha.
Vendedora e consumidora da marca, ela afirma que seus produtos são sagrados. “O que eu mais vendo são as garrafas de água por causa da qualidade, a garantia. Todo mundo tem uma Tupperware da mãe, da avó. Admito que já roubei tupperware e muitas clientes minhas compram para devolver as que levaram para casa. Mas eu não deixo ninguém pegar as minhas, minhas ‘tupperware’ são sagradas”, brinca.
Questionada se está preocupada com a situação da empresa no exterior, Giana alega que as revendedoras foram tranquilizadas pela diretoria no Brasil por se tratar de uma questão pontual nos Estados Unidos.
Herança de família
Já a atriz e arte educadora Ramona Rodrigues de Souza, de 52 anos, nunca trabalhou com a venda dos potinhos, mas tem um ‘arsenal’ de loja dentro da sua casa. Mãe de três filhos, conta que a Tupperware sempre esteve presente na sua vida e que muitos utensílios estão na sua coleção há mais de 15 anos. Dessa forma, os potinhos coloridos são verdadeiras heranças repassadas entre gerações na família.
A relação de Ramona com a marca já é antiga e ela explica cuidar muito bem dos seus potes, hoje todos da empresa estadunidense.
“Eu tenho uma travessa de 15 anos. Já outro pote grande que uso para colocar verduras tem quase 20 anos e ainda está bom. Muitas eu comprei, ganhei de presente ou foram repassadas pela minha família. Eu também presenteio as pessoas com Tupperware”, alega a atriz.
Por isso, Ramona lamenta a crise financeira enfrentada pela empresa.
“Eu me surpreendi com essa possível falência porque o material é de primeira qualidade, eu uso há muitos anos, desde que meus filhos eram crianças. Eu comprava potinhos, copos para eles levarem lanche para escola. Tem ótimo fechamento. Já comprei de outras marcas e todas estragaram e da Tupperware, não”, afirma.
Falência da Tupperware? Entenda o motivo
A própria empresa Tupperware anunciou, na última sexta-feira (7), a contratação de consultores financeiros devido a uma crise financeira. Na ocasião, citou os desafios do cenário econômico e aumento dos custos com empréstimos. Então, admitiu que existe a possibilidade dos seus recursos ficarem escassos, o que comprometeria a operação da empresa.
Além disso, as ações da Tupperware Brands Corp. despencaram 48,8% na Bolsa de Nova York na última segunda-feira (10). Assim, o valor de mercado da empresa caiu para menos de US$ 100 milhões, em comparação com uma dívida de mais de US$ 700 milhões.
“A companhia prevê o descumprimento de cláusulas financeiras […] que potencialmente pode acontecer no final do primeiro trimestre de 2023”, informou em comunicado oficial. Segundo a Tupperware, esse descumprimento tornará a companhia inadimplente
“Se a exigência de reembolso ocorrer, a companhia não dispõe de recursos financeiros para saldar tais obrigações. A companhia ainda depende dos recursos para financiar suas operações e cumprir com demais obrigações”.
Dessa forma, a empresa continuaria operando se conseguisse novas linhas de crédito. Caso isso não ocorra, existe a grande chance da multinacional falir após 77 anos de trabalho.
Crise nos EUA não afetaria Tupperware no Brasil
A revendedora Giana compartilhou com a equipe de reportagem o comunicado da diretoria brasileira da empresa. Conforme divulgado também nas redes sociais, situação nos Estados Unidos não afetaria a empresa brasileira.
“Veiculou ontem uma notícia sobre a Tupperware ter as ações despencadas nas bolsas de Nova York ontem. Sim, isso é um fato verídico. Mas isso não afeta a Tupperware aqui no Brasil e nem afeta a Tupperware mundialmente. A Tupperware está presente em mais de 120 países, inclusive com fábrica própria em cada um deles, possui métodos de vendas próprios em cada país. Então fiquem tranquilas, nossos produtos aqui estão garantidos com a mesma qualidade, as consultoras aqui não terão suas vidas afetadas, aqui a vida segue normalmente“, informou Paola Kiwi, presidente da Tupperware no Brasil.
A gestora também publicou o comunicado no Facebook. Confira:
Você é um Tupperware Lover?
Caros, mas desejados, os produtos da Tupperware são facilmente encontrados na casa dos brasileiros. Motivo de brigas, reconciliações e assuntos nas rodas de famílias, os recipientes têm grandes histórias com os seus donos. Você é um Tapperware Lover de verdade? Responda ao quiz do Jornal Midiamax e descubra:
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