Procon-MS reabre sem reforço na segurança 9 dias após assassinato em conciliação

Servidores do órgão relatam que o atendimento retornou sem nenhuma mudança na segurança. O que inclui a falta de detector de metais na entrada e seguranças

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Atendimento reabriu nesta quarta. (Foto: Henrique Arakaki/ Midiamax)

O Procon/MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul) retornou o atendimento ao público na tarde desta quarta-feira (22) de Carnaval. Porém, servidores e usuários relatam que nada mudou na segurança do prédio após o assassinato em audiência em conciliação.

O homicídio aconteceu no dia 13 de fevereiro e a unidade ficou fechada até a sexta-feira (17) devido à situação. O atendimento retornou nesta quarta-feira (22), depois de dois dias e meio de ponto facultativo de Carnaval.

Servidores do órgão relatam que o atendimento retornou sem nenhuma mudança na segurança. O que inclui a falta de detector de metais na entrada e seguranças dentro da unidade.

“O clima é de total descaso e insegurança. Entra quem quer no órgão e não existe nenhum tipo de verificação se a pessoa está armada ou não”, conta um servidor da unidade, que ainda relatou movimento intenso no local.

Usuários relatam insegurança após crime

Em busca de atendimento nesta quarta-feira (22), várias pessoas fizeram o mesmo relato de falta de segurança na unidade, mesmo após um crime acontecer durante audiência de conciliação.

Maria Aparecida de Oliveira, 59, esteve na unidade e disse não ter visto nenhum policial no lugar. “Não tem detector de metais, tinha que ter. É um lugar onde as pessoas vem brigar e acontece o que aconteceu”, disse.

O eletricista Maciel Lopes, 36, disse que essa é segunda vez que vai ao Procon e reparou na falta de segurança. “Só essas viaturas na frente, mas dentro não vi nada, também não passei. Tem que melhorar a segurança sim, vim antes e não mudou nada”.

Em nota, a Sead (Secretaria de Assistência Social e dos Direitos Humanos) informa que a rotina de trabalho no Procon Estadual retornou priorizando procedimentos administrativos internos. Atendimentos à população que porventura forem remarcados, serão feitos sem prejuízos aos cidadãos.

“Preocupada com o bem estar dos servidores, a Secretaria destaca que disponibilizou respaldo psicológico e já iniciou tratativas para resolução de uma série de demandas internas do órgão, com intuito de melhorar as condições de trabalho e a segurança no local. Ressaltamos que não houve interrupção dos serviços on-line, por meio do site do Procon”.

Atendimento acontece sem reforço na segurança (Foto: Henrique Arakaki/ Midiamax)

Crime dentro do Procon

Antônio Caetano de Carvalho foi morto na segunda-feira (13) durante audiência de conciliação com o policial militar reformado José Roberto de Souza. O motivo do assassinato foi uma cobrança de R$ 630 da troca de óleo que havia ficado pendente após o serviço na caminhonete de José Roberto ter sido refeito, já que o motor tinha dado problemas. No momento da cobrança, o policial se levantou da cadeira e perguntou “Como você quer que eu pague?”, e deu os tiros no empresário, que morreu no local.

Era a segunda audiência de conciliação, sendo que a primeira tinha ocorrido no dia 10, última sexta-feira. Na primeira audiência, os ânimos se acirraram, assim como na segunda, mas tudo parecia controlado até o crime ser cometido.

Uma funcionária, de 45 anos, relatou o momento de desespero. Segundo ela, na hora, havia muitos clientes e servidores no local. “Foi tudo muito rápido. Escutei uns três ou quatro disparos. Começamos a entrar debaixo das mesas. Foi desesperador. O nosso medo era de ele sair atirando em todo mundo”, relatou. Ainda segundo ela, apesar da sala ser aos fundos de onde ocorreu o crime, não viu a hora que o atirador saiu e passou por ela.

(Matéria atualizada às 12h57 de 23 de fevereiro para acréscimo de retorno da Sead)

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