Corumbá foi o município mais consumido pelo fogo no Brasil entre 1985 e 2022

Pantanal teve 51% de seu território consumido pelo fogo

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ecoa mato grosso do sul
Incêndio (Arquivo/Ecoa)

Em 38 anos, Corumbá foi o município mais consumido por queimadas no Brasil, segundo revelou o mapeamento do MapBiomas Fogo, que contabilizou a extensão consumida pelas chamas entre os anos de 1985 e 2022 a partir de imagens de satélite.

Dentro do Pantanal, a Cidade Branca deu lugar a cinzas e teve 31.877 km² queimados em todos esses anos – 7,7 mil km² a mais que o 2º mais impactado, São Félix do Xingu, no Pará (24.137 km²).

“Com essa série histórica de dados de fogo, podemos entender o efeito do clima e da ação humana sobre as queimadas e os incêndios florestais”, afirma Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência no Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

Confira as cidades:

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(Fonte: MapBiomas)

Quando se analisam as proporções das áreas atingidas dentro dos biomas, o Pantanal foi mais afetado: teve 51% de seu território consumido pelo fogo naquele período.

O Cerrado, que também predomina em Mato Grosso do Sul, queimou em média 7,9 milhões de hectares/ano, ou seja, uma área equivalente ao território da Escócia a cada ano. No caso da Amazônia, a média foi de 6,8 milhões de hectares/ano.

Usando imagens geradas por três satélites Landsat, foi rastreada a ação do fogo em todos os tipos de uso e cobertura da terra em território brasileiro.

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Incêndio no Pantanal (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)

Cobertura impactada pelo fogo

De 1985 a 2022, o Brasil queimou 185,7 milhões de hectares, uma área equivalente aos territórios da Colômbia e do Chile juntos, ou 21,8% do território nacional.

Segundo a análise, mais de dois terços (68,9%) das queimadas e dos incêndios ocorreram em vegetação nativa, embora a proporção varie entre os biomas.

Campos e savanas, por exemplo, são tipos de vegetação nativa mais afetados, enquanto Amazônia e Mata Atlântica apresentaram maior incidência de fogo em áreas antrópicas, isto é, alteradas pelo ser humano, tais como zonas de pastagem.

“O fogo só é ruim quando é utilizado de forma inadequada e em biomas que não dependem do fogo para se manter, como a Amazônia. Em biomas como o Cerrado, o Pantanal, o Pampa, o fogo tem um papel ecológico e deve ser manejado de forma correta para não virar um agente de destruição”, explica Ane.

Frequência e intensidade

Embora seja natural em alguns ecossistemas, os dados mostram que a frequência e a intensidade do fogo têm aumentado nos últimos anos, devido ao desmatamento e às mudanças climáticas, que afetam as temperaturas e intensificam os períodos de seca.

“Para isso, as práticas relacionadas ao Manejo Integrado do Fogo são importantes, pois elas podem, através das queimas prescritas e controladas, reduzir a quantidade de material combustível e evitar grandes incêndios”, afirma a especialista.

Do fogo ao alagamento

Em 2023, as águas voltaram ao bioma após anos de estiagem, provocando cenas incríveis e que surpreendem até mesmo quem é acostumado com o Pantanal.

As águas que hoje invadem as planícies, estradas e mostram o Pantanal cheio, estiveram escassas nos últimos anos. Desde 2019, o Pantanal vive tempos de estiagem, sem alagar como antigamente e com aumento exponencial das queimadas.

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