Nem rua asfaltada escapa de problemas no Nova Campo Grande: ‘qualquer chuva vira Rio Aquidauana’
Avenida Nove coleciona transtornos, como crateras no asfalto, buracos de obras abertos e falta de drenagem
Thalya Godoy –
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Nem as ruas com asfalto salvam a população de transtornos na Vila Nova Campo Grande, especialmente nos dias de chuva. O pavimento na Avenida Nove, importante via do bairro e que dá acesso a outras regiões, é cheio de buracos que causam problemas para quem está no trânsito ou a pé, já que precisam desviar na contramão ou procurar caminhos alternativos para fugir dos buracões com água.
Na última segunda-feira (20), quem estava de carro, moto ou como pedestre precisava passar pela avenida com muita atenção, já que no cruzamento com a Rua 65 uma enorme poça de água se formou com a chuva, escondendo as crateras.
Os motoristas que se arriscavam na água já até sabiam em qual lado precisavam passar, de já tão conhecido o buraco ali. Mesmo assim, em alguns casos as rodas não escapavam das crateras e afundavam no pavimento.
Os pedestres, especialmente os mais velhos, paravam e analisavam a situação para encontrar uma solução de como poderiam atravessar a rua ou chegar até a calçada, rodeada de água vermelha no meio-fio.
Um comércio que fica em frente ao problema até colocou um pedaço de madeira, como uma ‘pontezinha’, ligando a calçada até a avenida para que os clientes conseguissem entrar no estabelecimento.
A proprietária do local, Fabiana Ferreira, contou à reportagem que faltam bocas de lobo para escoar a água da chuva que fica acumulada ao longo das calçadas e que demora para todo líquido desaparecer.
“A gente perde vendas quando chove e alaga. Se tem muita chuva, acabamos perdendo a mercadoria que fica no chão, como o carvão”, ela reclama.
Além disso, a situação se complica à noite devido às dificuldades com a visibilidade. Fabiana aponta que já aconteceram dois acidentes de moto por ali.
O cliente João Batista viu a equipe de reportagem no local e fez questão de dar um depoimento sobre a situação da Avenida Nove, no Nova Campo Grande.
“A gente precisa comprar um barco para andar por aqui. Toda vez que chove, a fossa enche e eu preciso mandar limpar, a gente não aguenta mais gastar dinheiro com isso. Eles [representantes do poder público] fazem reunião, mas nunca resolvem”, afirma o morador.
A motociclista Elaine Antunes conta que toda vez que tem chuva, a situação do cruzamento da Avenida Nove com a Rua 65 é a mesma. Com a Honda Biz, ela diz que não encara se arriscar no trecho alagado e precisa andar alguns metros pela contramão para fugir das crateras escondidas.
Para dar o retorno pela Rua 65 também é complicado, já que a via também está cheia de buracos e até um carro ficou atolado na segunda-feira (20).
A Avenida Nove é uma via que passa linhas do transporte coletivo que, nessas situações de grandes poças pelo asfalto, espirram água para as casas e estabelecimentos.
O resultado é o comerciante João Pereira com um rodo frequentemente empurrando a água para fora da calçada. Ele é um grande admirador do Bairro Nova Campo Grande, mas afirma que lamenta a situação das ruas enquanto vai empurrando a água. Já morou em outros estados, mas escolheu Campo Grande para viver há 22 anos.
“Qualquer chuvinha que dá aqui vira o Rio Aquidauana. A gente está praticamente no Pantanal. Fizeram asfalto e esgoto, mas não tem boca de lobo”, ele reclama.
Buraco completa dois meses aberto
Ainda na Avenida Nove, um buraco foi aberto no cruzamento com a Rua 112 há quase dois meses para devido a uma obra e ainda não foi fechado. Esse é outro ponto em que os motoristas precisam se arriscar pela contramão ou subir pela calçada.
A proprietária da Avenida Nove Brechó, Márcia Elizeche, de 50 anos, conta que demoraram semanas até que o local fosse sinalizado com cavaletes da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito de Campo Grande). “Um carro por pouco não caiu aí”, ela afirma.
Além disso, o buraco gera um grande transtorno para os usuários de ônibus, já que próximo há um ponto de parada, mas que agora ficou isolado devido ao buraco.
“Eu abri aqui há um mês achando que ia ser promissor, mas temos muitos problemas, como essa água acumulada aqui no meio-fio e esse quebra-mola sem sinalização, o pessoal passa reto por aqui e o ônibus vem balançando de tantos buracos na ruav, desabafa.
Ela aponta para a rua e mostra que em frente ao comércio há uma boca de lobo entupida, escondida pela água vermelha parada. “O pessoal aparece por aqui, vem um monte de gente com caminhão e depois vai embora”, ela relembra.
O local sinalizado com cavaletes é um buraco com alguns metros de profundidade. Em cada canto do buraco há duas duas manilhas de concreto.
O morador do bairro José Oscar afirma que o Nova Campo Grande tem muitas obras que demoram para serem finalizadas. “Esse buraco aberto é muito perigoso. Muito mal feito, o bairro está esquecido. Um motoqueiro já se acidentou aqui”, ele aponta.
Por que tanta água acumulada pelas ruas?
Além dos problemas de falta de bocas de lobo para escoar a água, os moradores do bairro Nova Campo Grande acreditam que o problema está ligado a água que vem de uma área de reserva no Aeroporto Internacional de Campo Grande, que escorre para as ruas do bairro.
Em 8 de fevereiro, o Midiamax publicou uma reportagem sobre a situação do bairro após uma forte chuva em que também foi apontada essa área de reserva como parte responsável pela água que desce pelas ruas do Nova Campo Grande.
Em nota enviada na época, a Infraero (Empresa de Infraestrutura Aeroportuária) apontou que a Prefeitura Municipal de Campo Grande irá conduzir uma obra nessa área.
O Midiamax pediu uma nota da Prefeitura sobre a obra na região do aeroporto e os outros problemas apontados pelos moradores e aguarda resposta. O espaço continua aberto para manifestação.
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