Em um ano, 276 moradores de rua foram presos e 235 deles disseram ser usuários de drogas

Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, celebrado no dia 19 de agosto e que relembra o caso Massacre da Sé, ocorrido em São Paulo em 2004

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Na calçada, morador de rua dorme profundamente em cima de pedaço de papelão. (Foto: Nathalia Alcântara / Jornal Midiamax)

Homens, usuários de drogas, sem renda, com filhos e com escolaridade básica incompleta. Este é o perfil das pessoas em situação de rua de Campo Grande, com histórico de prisão, de acordo com a Pesquisa Custódia Pop Rua realizada pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.

A pesquisa faz alusão ao Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, celebrado no dia 19 de agosto e que relembra o caso Massacre da Sé, ocorrido em São Paulo em 2004. Para os dados, a defensoria considerou as 3.484 audiências de custódia realizadas entre 1° de julho de 2022 e 1° de julho de 2023, em Campo Grande.

As audiências de custódia são realizadas em até 24 horas após a prisão em flagrante e no período citado, 8% o que equivale a 276 pessoas estavam em situação de rua. Destas, 271 foram defendidas pela defensoria pública.

Perfil das pessoas em situação de rua presas

No momento em que foram presas, 186 pessoas das 276 analisadas não possuíam documentos de identificação e 78 tinham entre 30 e 34 anos. Com relação à escolaridade, 178 possuíam apenas o ensino fundamental incompleto e 118 disseram que faziam bicos para sobreviver.

E 244 pessoas disseram não receber nenhum benefício social. A grande maioria, sendo 235 disseram estar solteiros, mas 143 possuíam filhos.

Das 276 pessoas, 235 disseram fazer uso de drogas, sendo 208 de pasta base, 48 de álcool, 33 de maconha, 26 de cocaína e 22 de crack. No grupo, 137 estava sob o efeito de substâncias psicoativas durante a prisão e 240 disseram desejar passar por tratamento, sendo que 134 já fizeram tratamento.

Neste recorte do levantamento das 276 pessoas, 57 afirmaram ter sofrido violência policial física, verbal e psicológica durante a abordagem, sendo que 10 afirmaram também ter sofrido violência policial física, verbal e psicológica na delegacia.

O material do Nucrim também aponta que enquanto 113 eram reincidentes, 163 eram primários. Do total, 231 pessoas foram presas por crimes sem violência ou grave ameaça, mesmo assim, 148 tiveram a conversão da prisão em flagrante em preventiva sob o fundamento de garantir a ordem pública, assegurar a aplicação da lei penal e perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

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