Com a alta nos preços do leite, os compostos lácteos e bebidas lácteas, feitas a partir do soro do leite, têm ganhado cada vez mais espaço nas prateleiras dos supermercados devido aos custos mais atraentes. De acordo com a pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o valor do leite de caixinha foi o que mais subiu entre junho e julho deste ano, com variação de 15,92% entre os meses. 

O artesão Lazaro de Oliveira, que mora no , afirma que até já chegou a comprar por engano uma caixa de bebida láctea no lugar do leite, mas achou a consistência fraca. “A gente comprou até meio enganado, não prestamos atenção, depois reparamos a diferença quando tomamos”, ele relembra.

A nutricionista infantil Juliana Aime explica que o leite integral é mais completo nutricionalmente, rico em cálcio, e as versões similares levam soro do leite, açúcar e gordura vegetal, uma forma que a indústria de alimentos encontrou para economizar na fabricação dos produtos.

Neste cenário, a profissional aponta a importância para que o consumidor leia atentamente as embalagens dos produtos e note as diferenças nutricionais. “Às vezes, as pessoas compram essas versões e reclamam que uma receita não deu certo”, ela exemplifica.

O faturamento com bebidas lácteas industrializadas em uma rede de supermercados da Capital cresceu 22% entre agosto deste ano e o mesmo mês de 2021. Frente a agosto de 2020, o número sobe para 27%.

O gerente da unidade no bairro Piratinga, Neriel Rodrigues, exemplifica que a mistura láctea Moça, da marca Nestlé, parecida com o leite condensado, começou a ser vendida pela rede em 2021 e a saída do produto triplicou, ao custo atual de R$ 5,49. Enquanto isso, a clássica lata sai a R$ 11,98, com queda de 50% nas saídas desde o começo da pandemia, em março de 2020.

Venda de mistura láctea Moça cresceu enquanto a da versão integral caiu pela metade. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

Pelos corredores do é visível a diferença de preços entre os produtos que são compostos por leite e aqueles feitos com o soro. O Iogurte da marca Frutap com 850 gramas tem o valor de R$ 8,39, enquanto a bebida láctea com polpa da marca Imagem de 900 ml sai a R$ 3,89, uma diferença de 115,68% entre os dois produtos.

O tradicional leite Ninho, da marca Nestlé, não é mais vendido como leite em pó. A embalagem agora leva o nome de “composto lácteo”, que no tamanho de 380 gramas sai por R$ 18,90, enquanto o leite em pó Molico com 280 gramas, também da Nestlé, custa R$ 20,99. Há também a marca Piracanjuba na versão integral de 400 gramas no valor de R$ 24,99.

O gerente conta que tem alertado sobre a diferença entre os produtos a alguns clientes que procuram o leite Ninho, por exemplo, quando estão acompanhados com crianças de colo, pois o composto lácteo não é indicado para menores de dois anos de idade. “As pessoas não olham, é difícil notarem a diferença. Hoje 9 a cada 10 pessoas levam o produto como leite Ninho e não é leite”, explica. 

Em um mercado atacadista no América, a diferença de preços entre uma mistura láctea da marca Mococa, a R$ 2,99, e um creme de leite Itambé, por R$ 4,15, pode chegar a 38,79%. Na área de leites condensados, a versão de 395 gramas da Mococa feita com soro custa R$ 5,49, enquanto a feita com leite da marca Bão de Minas sai a R$ 5,79. 

Procon

O de afirmou que, até o momento, não há registro de sobre a disposição dos leites e compostos lácteos no mesmo espaço e que cabe ao consumidor verificar se o produto que selecionou é o que pretende consumir. 

“Nossa equipe jurídica e fiscal explica que não há irregularidades da parte do fornecedor em expor os leites em um mesmo ambiente, sendo ele com lactose ou sem lactose, pois na embalagem de cada produto tem que conter as especificações do que é composto aquele produto”, explicou a instituição por nota.

Porém, em casos onde o fornecedor induz ao erro no momento da compra, o Procon orienta que o consumidor formalize uma denúncia pelo telefone 156, opção 2, para que seja enviada uma equipe para verificar o caso.