‘Vi explosões esparsas, mas, só saio com os meus pacientes daqui’, diz campo-grandense que vive na Ucrânia
Invasão teve início nessa quinta-feira (24) e Ross Kasakoff fala sobre tensão assim que sirene começou a tocar
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“Quero que os pacientes e meu amigo com filho especial possam sair daqui. Antes de mim, se for preciso”. Mesmo em meio ao ataque russo na Ucrânia, o campo-grandense Ross Kasakoff, de 30 anos, diz que não consegue imaginar uma fuga sem os 7 brasileiros e 3 ucranianos que ele mais convive. A invasão teve início na capital Kiev, nessa quinta-feira (24). Veja vídeo no final da matéria.
“O clima está tenso, só que eu acordei um pouco mais tranquilo, apesar de parecer que os russos estão nos entornos da Capital. E aí eu fico um pouco perdido, quase sem sair de casa, me cuidando e também tentando entender a situação e a veracidade das informações. Vi explosões esparsas”, explicou Ross.
No primeiro dia do ataque, ele conta que acordou com o barulho da sirene e, ao tocar o celular, viu inúmeras mensagens ressaltando a invasão. Desde então, familiares brasileiros demonstraram preocupação e estão enviando dinheiro, já que Ross alega que não sabe nem se vai receber o salário e está sem acesso a qualquer saída.
Administrador, filósofo e atuando na área de reprodução humana, Ross fala que recebe casais de diversas partes do mundo em Kiev. “Eu trabalho com barriga de aluguel, é legalizado aqui e casais do mundo inteiro, que não podem ter filhos, vem pra cá. Nós oferecemos tratamento e muitos deles agora estão solicitando a minha ajuda. Eu não saio daqui sem eles”, argumentou.
Conforme Kasakoff, existem atualmente dois casais “presos” e sem passaporte, inclusive com recém-nascido nos braços. “A embaixada não se mexe e eu considero estas pessoas meus amigos. Tem a minha namorada também e amigos. Eu não conseguiria sair daqui e viver imaginando que algo poderia acontecer com eles. Prefiro uma morte tranquila do que viver com a consciência pesada. São pessoas que me pediram ajuda”, ressaltou.
Por fim, Ross pede orações e diz que até a comunicação está complicada. “Meus pacientes não falam inglês e nem russo. Na beira da cidade se ouvem explosões, então, o clima é bem tenso e eu estou pedindo para rezarem pela gente. O tempo todo”, argumentou.
Novos ataques
O Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou, na manhã desta sexta-feira (25), que as forças russas entraram no distrito de Obolon. O local fica a menos de 9 km da região central de Kiev, de acordo com o jornal The New York Times. O ministério também recomendou que os moradores se protejam em locais fechados. As autoridades ucranianas dizem que militares russos estão posicionados no distrito residencial de Obolon, perto do Parlamento ucraniano, no centro da cidade.
No Twitter, o ministério do Interior da Ucrânia disse que os moradores devem “preparar coquetéis molotov” para tentar deter os invasores e a prefeitura disse para procurarem abrigo. No local, as primeiras informações foram de que os ataque começou com helicópteros, ainda durante a madrugada. Em seguida, houve sirenes de ataque aérea na cidade de cerca de 3 milhões de habitantes.
Ao mesmo tempo, o Exército da Ucrânia fez uma convocação para todos os civis se alistarem. “Precisamos de todos os recrutas, sem restrições de idade”, disse uma primeira mensagem publicada em uma rede social A convocação, presumivelmente, vale também para menores de idade, e alcança homens e mulheres. Desde dezembro, todas as mulheres ucranianas “aptas ao serviço militar” entre 18 e 60 anos fazem parte da reserva em tempos de guerra.
Todo mundo perde na guerra
Os rumores cada vez mais contundentes de um conflito militar armado entre Rússia e Ucrânia não trarão boas consequências para ninguém. É o que acredita o secretário de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, que – em um vídeo divulgado nesta quinta-feira (24) – explicou que o momento é de preocupação e agiu como um diplomata, ao enfatizar que em guerra não existe vencedor – todo mundo perde.
Como todas as economias mundiais estão interligadas, as primeiras consequências já são visíveis em todo o mundo, principalmente pelo mercado financeiro, com as bolsas de valores registrando quedas significativas diárias e sucessivas, mesmo que a nação em questão não participe do conflito bélico. Outra consequência desastrosa para o mundo será a disparada do preço do petróleo, podendo chegar a valores inimagináveis. Isso porque a Rússia fornece gás para aquecer as residências de todo o continente europeu.
Na avaliação de Jaime Verruck, a intranquilidade e a insegurança são nítidas no mundo. No Brasil e, em particular, no Estado de Mato Grosso do Sul, a primeira consequência nefasta seria o encarecimento dos fertilizantes utilizados em toda a produção agrícola, prejudicando os grandes plantios de milho e soja, além de atingir o desenvolvimento de outras culturas agrícolas que ainda sem encontram na penumbra da insipiência, inibindo assim qualquer possibilidade de diversificação de plantios em um curto prazo. De quebra, com menos farelo de soja e milho, toda a pecuária brasileira seria abocanhada com a mudança de hábitos alimentares em todos os tipos de rebanhos.
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