Santa Casa quer inaugurar Escola de Saúde no antigo Colégio Osvaldo Cruz em julho

O antigo Colégio Oswaldo Cruz é um prédio histórico de Campo Grande, com mais de cem anos

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Antigo Colégio Osvaldo Cruz está sendo reformado para abrigar Escola de Saúde.
Antigo Colégio Osvaldo Cruz está sendo reformado para abrigar Escola de Saúde.

A Santa Casa de Campo Grande pretende dar início à utilização do antigo Colégio Osvaldo Cruz como Escola de Saúde em julho de 2022. Conforme a Instituição, com a segunda etapa da reforma entrando na fase final — com entrega prevista para junho de 2022 — a Escola Saúde da Santa Casa deve iniciar a utilização do edifício com aulas e cursos de capacitação voltados à área da Saúde ainda no mês de julho deste ano. 

“Estamos no processo de restauração do prédio do antigo Colégio Osvaldo Cruz. A primeira etapa foi a reforma total do telhado. Estamos finalizando a segunda etapa até o final de junho e, a partir de julho, iniciaremos as atividades com cursos”, explica o diretor-secretário adjunto, Ivan Araújo Brandão. 

Segundo Brandão, ainda no segundo semestre de 2022, a Casa de Saúde deve oferecer cursos de capacitação e atualização aos profissionais de saúde. Já com relação aos cursos abertos à comunidade, o primeiro a ser oferecido deve ser o de Enfermagem, no próximo ano, em 2023. A Santa Casa trabalha na liberação do curso junto ao Conselho Estadual de Saúde. A Instituição está definindo o cronograma de cursos, professores e conteúdos programáticos.

Em um segundo momento, a previsão é de cursos técnicos em Radiologia, Farmácia, entre outros, abertos à comunidade em geral. “Vamos atender pessoas da comunidade e será uma taxa social. A Instituição não tem fins lucrativos”, explica o diretor-secretário adjunto.

Sobre o curso de Medicina, cuja previsão da Santa Casa era de criar até o fim de 2021 a sua própria faculdade de Medicina, Brandão explica que há determinação do MEC (Ministério da Educação) em que não é possível abrir novos cursos até 2023. Com isso, a partir do ano que vem, 2022, a Instituição vai começar a trabalhar nessa possibilidade. 

Hoje, a Santa Casa já oferece em sua Escola de Saúde cursos de atualização, tanto nas modalidades presenciais como à distância.

O antigo Colégio Oswaldo Cruz é um prédio histórico de Campo Grande, com mais de cem anos. Foi construído para atividades comerciais, mas na década de 1940 foi transformado em escola. Tradicional, o colégio marcou época na Capital. O antigo dono, o advogado, Luiz Alexandre de Oliveira, que não tinha herdeiros, destinou o prédio à ABCG (Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande) – mantenedora da Santa Casa. 

Reforma

De acordo com a Santa Casa, em 2018, a Instituição iniciou os levantamentos técnicos para elaboração e confecção dos projetos arquitetônicos e seus complementares para restauração do colégio. Devido às avarias no prédio, foi decidido judicialmente que Prefeitura de Campo Grande realizaria repasse no valor de R$ 4,28 milhões referente às perdas e danos e lucros cessantes para que a Associação Beneficente de Campo Grande realizasse o restauro e manutenções necessárias que estão sendo feitas em três etapas.

Primeira etapa: com o pagamento da primeira parcela, no valor de R$870.254,32, foi realizado toda a reforma da cobertura do edifício, tratamento de toda a estrutura de madeira e reforço estrutural, aplicação de novas telhas francesas, aplicação de forro acartonado resistente a fogo conforme exigências do Corpo de Bombeiros, tratamento de todo o cupim que estava em todo madeiramento, aplicação de novo beiral tratado e impermeabilizado para maior durabilidade. 

Em 2020, com a aprovação dos projetos pelos órgãos fiscalizadores, foram iniciados os levantamentos técnicos para atualização da planilha descritiva e quantitativa, cronograma físico financeiro e orçamentação da obra e restauro. Em 2021, com o pagamento do repasse da parcela das perdas e danos, no valor de R$2.241.871,39 iniciou-se a restauração parcial do edifício para possível abertura e funcionamento da  escola de saúde. 

Segunda etapa: a restauração da segunda etapa contempla toda recepção principal de acesso, sala dos professores, sala administrativa, diretoria, secretaria, biblioteca, seis salas de aula, dois laboratórios, banheiros masculino e feminino, execução de toda acessibilidade do prédio eliminando as escadas para aplicação de rampas e coberturas de acesso, realizado a implantação de uma nova cantina no eixo do terreno, que interliga com todas as salas e setores administrativos.

Para continuidade da restauração, a Associação Beneficente de Campo Grande aguarda o pagamento da terceira parcela, referente ao pagamento dos lucros cessantes pela Prefeitura de Campo Grande, que totaliza cerca de R$ 2 milhões através de precatório com o pagamento previsto para o ano de 2023. 

História

A edificação, localizada na avenida Fábio Zahran, nº 5500, em frente ao Mercadão Municipal, foi erguida entre os anos de 1916 e 1919, pelo mestre Adolfo Stefano Tognini, com fachada executada por Francesco Cetraro, em estilo eclético com ornamentos neoclássicos.

Foi construído para abrigar atividades comerciais e, em 1929, foi adaptado para abrigar o Colégio Osvaldo Cruz. O prédio foi comprado em 1942, pelo advogado Luiz Alexandre de Oliveira, que após um decreto federal passou a ser instituído como colégio. 

Sem herdeiros, ele destinou todo o seu patrimônio a entidades beneficentes e de caridade. O imóvel onde funcionava o Colégio Osvaldo Cruz foi destinado para à ABCG (Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande). 

O edifício do Colégio Osvaldo Cruz foi tombado pelo município em 1997, por intermédio da Lei Municipal nº 3.387, de 27 de outubro de 1997, e em 2005, quando a administração municipal interveio na gestão da Santa Casa, como o prédio era da ABCG, também ficou sob o comando da prefeitura, até 2015, quando voltou ao controle da ABCG. 

Investigação para apurar abandono de prédio

Em fevereiro de 2015, por decisão judicial, o prédio, que era usado pela Prefeitura, foi devolvido à ABCG. O executivo usou o local por oito anos e não pagou o aluguel durante o período de intervenção da Santa Casa. Os débitos em atraso chegaram a R$ 1,8 milhão. 

Em 2019, o MPMS (Ministério Público Estadual) abriu inquérito para apurar o que a Santa Casa estava fazendo para preservar e até reformar o prédio. De acordo com o inquérito, aberto em 30 de abril, a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) realizou uma vistoria técnica no local e constatou irregularidades. Atualmente, o prédio é de responsabilidade da Santa Casa.

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