Pantanal registrou maior seca em 37 anos e perdeu 76% da área úmida, revela estudo

Superfície de água no Pantanal passou de 2,7 milhões de hectares em 1985 para 500 mil hectares em 2021

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Militar durante combate a incêndio florestal no Pantanal. (Foto: Corpo de Bombeiros)

Análises feitas a partir de imagens de satélites apontam que, em 2021, o Pantanal apresentou a maior seca desde 1985, há 37 anos, quando os dados passaram a ser coletados. No ano passado, a área úmida observada foi equivalente a 1,6 milhões de hectares, índice 76% menor do que o início da série, quando foram indicados 6,7 milhões de hectares.

Dados do MapBiomas divulgados nesta sexta-feira (11) revelam que, nos últimos anos, ocorrem cheias decrescentes, tanto em termos de área quanto em duração. Em todos os meses, os índices apontaram redução da área alagada e, em 2020 e 2021, o espaço tomado pela água ficou abaixo da tendência que já vinha em queda.

Foto: Reprodução/MapBiomas

Ainda segundo o levantamento, nos últimos 37 anos, a superfície de água no Pantanal passou de 2,7 milhões de hectares em 1985 para 500 mil hectares em 2021.

Em 1985, 4 milhões de hectares eram de campos alagados; em 2021, era 1,1 milhão de hectares. Nesse mesmo período, as formações campestres passaram de 1,6 milhão de hectares, em 1985, para 5,7 milhões de hectares, em 2021.

As atividades agropecuárias, por sua vez, ocupavam 600 mil hectares em 1985 e 2,8 milhões de hectares em 2021. Em 1985, 6 milhões de hectares eram de floresta e savana; em 2021, eram 4,9 milhões de hectares. 

Pantanal sofre múltiplas degradações

“O Pantanal está sofrendo com múltiplos e simultâneos vetores de degradação locais, regionais, nacionais e globais. Em nível local vemos um processo de conversão de áreas naturais em pastagens exóticas. A ocupação da área do planalto, sem respeito às nascentes e áreas de proteção permanente ao longo dos rios, está afetando a quantidade e qualidade da água e causando o assoreamento nos rios da planície”, explica Eduardo Reis Rosa, do MapBiomas. 

Ainda segundo ele, a alta frequência na incidência de incêndios dificulta a recuperação natural do bioma. “Em nível regional, temos ainda o avanço de barragens, PCHs, drenos artificiais e estradas, que estão comprometendo o fluxo das águas. Em nível nacional, vemos uma maior irregularidade do regime de chuvas gerado pelo desmatamento da Amazônia e o comprometimento de sua capacidade de bombear umidade para a atmosfera. Por fim, o Pantanal também sofre com o agravamento da crise climática”, detalha. 

Foto: Divulgação, Secom-MS

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