Obra inacabada de creche vira refúgio para criminosos e alvo de furtos em Campo Grande
Ordem de serviço foi assinada em 2014, mas até agora a obra não foi concluída
Ranziel Oliveira –
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A ordem de serviço foi assinada em 2014, mas até hoje a Emei (Escola Municipal de Ensino Infantil) do bairro Jardim Radialista – situada no cruzamento da rua Escaramuça com a rua Zé do Brejo – não foi concluída pelas gestões que passaram pela PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande). Enquanto isso, o local serve para uso de drogas, furto de materiais de construção. A situação põe medo em que mora na região.
Para preservar a integridade dos moradores, o nome dos entrevistados não será citado nesta reportagem. O primeiro depoimento é feito por um homem que mora na região há 14 anos e viu a obra começar e parar por mais de uma vez.
“Aqui era só braquiária. Quem começou foi o Gilmar Olarte, três dias depois de assumir o cargo. Cerca de 30 dias as obras pararam. Perguntei o motivo e os trabalhadores falaram que foi por falta de pagamento. No final do primeiro mandato do Marquinhos colocaram as telhas e uma parte da laje, e depois parou de novo”, disse o homem de 62 anos.
Indignado, o morador relata que o local que poderia estar servindo a população se tornou um transtorno para a comunidade. “Tem ‘nóia’ morando aqui. Serve para jogarem lixo, e o que tinha de matérias de construção as pessoas levaram. Já fecharam com zinco por 3 vezes, e as pessoas roubam. Vejo mães subindo a rua de bicicleta para deixar a criança na casa de parentes, essa obra beneficiaria ela”, desabafou.
Hoje com 35 anos, uma mulher que contaria com a Emei viu a filha crescer e não ter o amparo do poder público na região. “Quando começaram eu estava grávida dela. Falei, minha filha vai estudar aqui. Hoje ela tem 9 anos e até agora nada”, pontuou.
Medo de sair à noite
Uma mulher que vive há 16 anos no bairro relata a situação de se ‘refém’ da obra abandonada, que pauta a sua vida através do medo. “É tenso, a noite você vê o pessoal entrando e saindo. A noite eu não saio muito tarde porque eu tenho medo de parar no meu portão. Meu marido entrou lá, viu até colchão. Esses dias mexeram em uma casa ali para baixo e correram pra obra. Eles se escodem ali”, disse a mulher de 44 anos.
Outro homem que morou perto da obra em 2003, e estava de passagem na região viu o descaso com o dinheiro público acontecer em plena luz do dia. “Está parada desde 2009. Vem gente usar droga lá dentro, um monte de coisa. Já vi parar camionete e sair carregada com material”, disse ele.
A Prefeitura
A PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande) foi questionada pelo motivo da obra não ter sido concluída, o que estaria impedindo a retomada das obras e quando a atual gestão pretende entregar o prédio funcionando. Em nota, a gestão municipal se limitou a dizer que. “A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informa que a empresa responsável pela obra pediu a rescisão de contrato. Desta forma a Prefeitura irá abrir uma nova licitação para conclusão da mesma”, informou a nota.
Reforço na segurança
A GCM (Guarda Civil Metropolitana) de Campo Grande informou que irá intensificar as rondas no local, inclusive no período noturno. A corporação reforça que a população deve denunciar situações como essa através do telefone 153, para que a GCM tome ciência e intensifique as rondas nesses locais.
Orçada em mais de R$ 2,3 milhões em 2014
A Prefeitura de Campo Grande publicou na sexta-feira (11) de abril de 2014, a ordem de serviço para a construção da Emei no Jardim Radialista, entre as ruas Zé do Brejo e Escaramuça.
A construção estava orçada em R$ 2.319.432,72 e seria feita pela Stenge Engenharia Ltda, empresa que já foi contratada pela gestão de Nelsinho Trad (PMDB) para a construção da Central do Cidadão e para serviço de tapa-buracos, que já foi alvo de diversas denúncias pela população.
(Matéria alterada às 18h20 para acréscimo de posicionamento da prefeitura de Campo Grande).
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