Cardiologista de MS explica riscos do Losartana, recolhido por suspeita de causar câncer

Na semana passada, o laboratório recolheu voluntariamente todos os lotes do mercado

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remédio losartana recolhido
Pacientes que utilizam medicamentos com losartana devem procurar a empresa fabricante

A farmacêutica Sanofi Medley anunciou na semana passada o recolhimento de todos os lotes com o princípio ativo losartana do mercado. A medida foi tomada após serem encontradas impurezas nos comprimidos que podem causar mutações e aumentar o risco de câncer. O medicamento é indicado no tratamento de doenças cardíacas, como pressão alta, insuficiência cardíaca e hipertensão.

A Sanofi e a Medley esclarecem, em nota, que o recolhimento dos lotes foi voluntário e preventivo. “A ação acontece em consonância com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em conjunto com órgãos regulatórios de outros países, após a verificação da presença de impurezas mutagênicas nos produtos que, eventualmente, pode aumentar o potencial risco do surgimento de eventos adversos em longo prazo. É importante esclarecermos que até o momento não existem dados para sugerir que o produto que contém a impureza causou uma mudança na frequência ou natureza dos eventos adversos”.

Quais são os riscos para quem usa?

Segundo o cardiologista Gabriel Doreto, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia em Mato Grosso do Sul, os riscos são baixos. “O problema é que a Medley farmacêutica divulgou uma nota em que foi detectada substância ‘potencialmente’ mutagênica nos produtos deles que continha Losartana (isolada ou em associação com outros medicamentos)”, salienta inicialmente o especialista.

O fármaco Losartana, continua Gabriel, como conhecido atualmente é uma das medicações mais antigas usadas para o controle da hipertensão arterial e para o tratamento de insuficiência cardíaca e não traz por si só riscos de câncer. “A retirada dos produtos Medley foi uma ação preventiva e os pacientes que usaram estes produtos não devem se preocupar”, explica.

O que fazer?

Conforme o cardiologista, basta que se realize a adequada troca, preferencialmente pelo mesmo fármaco, mas de outra empresa. “A troca pode ser realizada por qualquer médico ou mesmo por orientação adequada do farmacêutico, respeitando-se o mesmo tipo de fármaco e a mesma dosagem. Caso o paciente, por insegurança, queira trocar o tipo de fármaco é necessário fazer sob orientação médica apenas”.

Controvérsias

A própria Sociedade Brasileira de Cardiologia se manifestou em nota sobre esse assunto. Ela lista a segurança aos benefícios históricos do uso de Losartana. “Ressaltamos ainda que essa classe de fármacos apresenta evidências científicas robustas, produzidas ao longo de décadas, no tratamento de diversos fatores de risco e doenças cardiovasculares. Ainda, sobre metanálise recém-publicada que discute a eventual associação entre risco de câncer e uso cumulativo dos BRA, consideramos não ser esse o método ideal para essa avaliação, com inúmeros fatores de confusão podendo interferir nos resultados”.

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