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Cotidiano

Nos últimos 2 anos, 1.385 pessoas abandonaram tratamento de HIV em Campo Grande

Na maioria das vezes, paciente deixa de retirar medicação no primeiro ano de tratamento
Clayton Neves -
Coleta de sangue para teste de ISTs (Foto: Arquivo)

Dados da (Secretaria Municipal de Saúde) revelam quadro preocupante no controle das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) em . De acordo com balanço do Município, nos últimos dois anos, 1.385 pessoas diagnosticadas com HIV abandonaram o tratamento na cidade. 

“Esses números nos deixam bastante preocupados, até porque, sabemos que uma pessoa que faz o tratamento regular, toma o medicamento todo dia e vai às consultas, se torna indetectável, quando o vírus fica suprimido no organismo. Esse paciente não transmite o vírus e, além disso, mantém a saúde em boas condições. Pessoas indetectáveis não desenvolvem Aids, que é a doença mais avançada”, explica Roberto Braz, médico do CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) de Campo Grande. 

Analisando os dados da Prefeitura, é possível notar curva crescente do abandono pelos medicamentos. Em 2021, foram 663 pacientes, de janeiro a novembro deste ano, 722, indicando aumento de 14%. Para a Sesau, abandono de tratamento configura-se quando a pessoa fica mais de 100 dias sem retirar a medicação. 

O chefe do CTA explica que, após ser diagnosticado com HIV, o paciente dá início ao tratamento que consiste na ingestão de dois comprimidos diários. Na primeira etapa, são entregues os remédios para 30 dias. Após o período inicial, o paciente retorna, refaz os exames e na sequência o retorno é a cada três meses, até que o vírus fique indetectável no organismo. 

“Ficando indetectável, o retorno é só a cada seis meses, ou seja, o paciente só volta para pegar os medicamentos duas vezes no ano”, explica Roberto. Segundo ele, na grande maioria dos casos, o vírus torna-se detectável em três meses. 

Preconceito é barreira 

Para o médico Roberto Braz, o preconceito enfrentado por quem vive com HIV ainda é uma da principais justificativas para que pessoas diagnosticadas deixem de procurar as unidades de tratamento. 

“Muitos deixam de fazer por causa desse estigma, do preconceito e da falta de apoio da família e amigos. Claro que sempre envolve o fator vulnerabilidade social e emocional, tudo isso são pontos que sempre trabalhamos com o paciente”, esclarece.

A maioria das pessoas deixa de procurar os remédios para HIV durante o primeiro ano de tratamento. Embora seja mais frequente em pessoas vivendo com HIV, o abandono de tratamento também ocorre em pacientes de outras ISTs detectadas, como, por exemplo, a sífilis. 

“Neste caso são três semanas e existem, sim, pessoas que interrompem o tratamento. Sempre lembramos que sífilis tem cura e, quando não tratada, evolui para infecção neurológica, cardíaca e até sérios lesões na pele”, finaliza. 

HIV em Campo Grande

Em Campo Grande, há registro de pelo menos 5.852 pessoas vivendo com HIV ou Aids. Do total, 280 tiveram diagnóstico de HIV e 108 de Aids em 2020. No ano seguinte, foram 309 casos de HIV e 159 de Aids. Neste ano, até o dia 23 de novembro, 198 pessoas receberam confirmação de HIV e 110 de Aids. 

Em Campo Grande, qualquer unidade básica pode fazer o atendimento da pessoa vivendo com HIV/Aids, desde que apresente o diagnóstico novo de HIV; contagem de linfócitos T CD4 + ACIMA de 350 cel/mm³; ausência de comorbidades associadas à imunodeficiência.

Neste fim de semana, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) fará de testagem de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e HIV/Aids em dois pontos de Campo Grande com grande circulação de pessoas. As ações acontecerão no sábado (3) e domingo (4), e fazem parte da programação da campanha Dezembro Vermelho, de ao HIV/Aids.

No sábado, equipes estarão em frente ao Centro Comercial Popular, o Camelódromo, localizado na área central de Campo Grande. No domingo, os profissionais atenderão nos altos da Avenida Afonso Pena, próximo à Cidade do Natal. Os atendimentos acontecem a partir de 8h e incluem testes rápidos de HIV, HCV, HBV e Sífilis.

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