“Tá bruto e no gelo”. É assim que André Marques começou a montar o seu tereré, na noite fria desta quarta-feira (18). O ator e apresentador participou de uma live no perfil do Passeando em e, ao vivo, montou a bebida típica sul-mato-grossense e a experimentou novamente.

“Deixa eu mostrar a minha garrafa aqui. Vou fazer o tereré ao vivo e, se estiver gostoso igual está o cheiro, acho que vou mudar de opinião”, começou ele.

De nome “Tereré com André Marques”, a live teve início por volta das 19h. Após tomar o primeiro gole, o global falou: “Acho que montaram o trem errado lá pra mim”, se referindo ao dia em que experimentou a bebida no programa É de Casa, no último dia 7 de maio.

Conforme André, a erva usada na ocasião era muito diferente da que ele está experimentando agora. “Essa aqui está parecendo um chá gelado. É gostoso meu irmão”, comentou ele para o Passeando.

E ainda emendou: “Isso no calor eu tomo o dia inteiro. Eu tinha certeza que eu ia provar e achei que ia continuar achando muito amargo, que não ia combinar com a meu paladar, mas para mim está longe de estar amargo”.

Por fim ele comentou que a bebida deve “hidratar” muito e experimentou os sabores tradicional, com limão e menta. Ao comentar o assunto, muitos internautas disseram que ele “estava se desculpando” com os sul-mato-grossenses.

Tereré é patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco

Tradição em MS, tereré é declarado patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco
Na Capital, a erva para preparo do tereré tem “casa fixa” no (Foto: Marcos Ermínio | Midiamax)

O tereré, bebida típica do Paraguai e incorporado à sul-mato-grossense, foi declarado patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 2020.

A candidatura das “Práticas e Saberes Tradicionais Tereré na cultura Pohã Ñana” foi feita em março de 2019 pelo Paraguai e aceito durante videoconferência de votação dos membros do Comitê de Patrimônio da Unesco. É a primeira vez que o país consegue incluir um item na lista de patrimônios imateriais.

Em Campo Grande, apesar de vendido na maioria dos supermercados da cidade, a erva para preparo da bebida tem como “casa” o Mercadão Municipal, com suas tradicionais bancas de erva de tereré.

A história do tereré

Se há uma tradição que resiste ao tempo em é o hábito de tomar tereré, cuja ancestralidade pode remeter há séculos, herdado dos indígenas e dos paraguaios. A bebida que faz infusão da erva-mate com água geladíssima (às vezes, combinada com hortelã, limão ou outros ingredientes) é alívio para os frequentes dias quentes. Mas, até no inverno o costume é presenciado nas residências, nas ruas e até em ambiente de trabalho.

Não foi à toa, portanto, que o tereré conquistou o status de Patrimônio Imaterial de Mato Grosso do Sul quando, em 2011, o Conselho Estadual de Cultura deliberou por seu tombamento no Livro de Registro dos Saberes. “Seu consumo no município remonta ao passado, ao surgimento das comunidades de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, que floresceram face ao ‘Ciclo da Erva-Mate', continuando presente nos hábitos da população desta região”, traz trecho do parecer, que posteriormente fundamentou decreto estadual.

Mas, por trás do costume — cabe destacar — seguem ocultas quase seis décadas marcadas por atos de ganância, autoritarismo e perversão, entre o final do Século XIX e início do Século XX. A história que precede e ajuda a explicar o hábito do tereré está casada com o ciclo econômico dos ervais na região sul do Estado. Uma história de horror que segue pouco lembrada e ignorada pelas gerações atuais.