Um dia após o escândalo envolvendo o Exército, com a compra de mais de R$ 1 milhão em próteses penianas, o comandante da tropa brasileira, o general Marco Antônio Freire Gomes, disse que não iria comentar o assunto. “Não é o momento”, se limitou a dizer. Ele e outras autoridades se reuniram no CMO (Comando Militar do Oeste), nesta quarta-feira (13), para a troca de comando.

Na ocasião, o Jornal Midiamax também questionou o general Fernando Sant'ana Soares e Silva, porém, ele não quis falar sobre a aquisição das próteses. No lugar dele, quem assume é o também general do Exército, Anísio Davi de Oliveira Júnior. Antes, Anísio ocupava a função de vice-chefe do Departamento Geral do Pessoal e possui extensa ficha na vida militar, com várias medalhas. 

General assume o comando do CMO em MS. Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax

Perguntado sobre a aquisição das próteses, ele também fez uso de poucas palavras. “Sou recém-chegado. Estou começando no Estado e agora é tocar pra frente, olhar pra frente”, disse. 

Compra de próteses

O HMILACG (Hospital Militar de Área de Campo Grande) empenhou mais de R$ 1 milhão para a compra de 20 próteses penianas tipo inflável, com valor unitário de R$ 57,6 mil. A compra de uma das unidades ocorreu no ano passado, conforme publicado no Portal da Transparência.

General não quis falar sobre a aquisição das próteses. Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax

O item é descrito como uma prótese peniana tipo inflável, modelo três volumes, preenchido com solução salina com comprimento de 10 a 25 centímetros e de uso único. O documento do pregão realizado viralizou em grupos de militares nesta terça-feira (12).

Foram utilizados recursos do Fundo do Exército para a compra do produto, adquirido da empresa Qualy Medical Comercial de Produtos Médicos Hospitalares Ltda, localizada em .

Também foram empenhados recursos para outras 60 próteses penianas de R$ 2.622,91 cada, gerando um valor total de R$ 52.458,20. No documento, é informado que a compra tem como finalidade ‘assistir à necessidade do paciente submetido a tratamento médico hospitalar que indique sua aplicação, a viabilidade à sua reabilitação e sua qualidade de vida'.

Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax

Próteses para oficial

Conforme apurado pela reportagem, até o momento apenas uma das próteses foi utilizada. Caso o uso seja necessário para outros pacientes, as demais próteses já estão orçadas e disponíveis para utilização.

Nesses casos, o Exército faz a compra por meio do Hospital Militar, realiza a cirurgia e o paciente precisa pagar pelo serviço por meio do plano de saúde em diversas prestações. No caso, o FusEx. No entanto, antes, o plano precisa autorizar qualquer tipo de procedimento.

De acordo com um militar, que não quer ter a identidade revelada, a licitação deve ter sido feita para atender a pedido de algum oficial de alta patente por conta do valor. “Nenhum praça da tropa teria o direito de ser reembolsado em quase R$ 57 mil. Mas nunca!”, conta, revoltado com o empenho milionário para compra de 20 itens.

“Nem em caso de câncer eles permitem um reembolso tão alto. O militar vai parar direto na fila do SUS”, é o comentário que mais é registrado nos grupos sobre a compra. O Exército foi acionado para se manifestar sobre a compra, mas até a publicação da reportagem não encaminhou posicionamento sobre o assunto. O espaço segue aberto para manifestação.

Compra de Viagra

O caso apareceu nos grupos de militares um dia após ser divulgado que as Forças Armadas aprovaram a compra de mais de 35 mil unidades de Viagra para o tratamento de HPA (Hipertensão Pulmonar Arterial).

O processo licitatório está no do e ganhou repercussão na segunda-feira (11), depois que o deputado federal Elias Vaz (PSB) pediu explicações ao Ministério da Defesa sobre a aquisição dos comprimidos, usados em casos de disfunção erétil.

Na licitação, o medicamento aparece com o nome de “sildenafila”, nome genérico do Viagra. A compra estabelece comprimidos de 25 mg e de 50 mg.

Em nota, o Ministério da Defesa informou que o medicamento é recomendado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o tratamento de HAP e que “os processos de compras das são transparentes e obedecem os princípios constitucionais”.

Do total de 35 mil comprimidos, o processo licitatório solicita a aquisição de “sildenafila” de 25 mg e 50 mg, distribuídos da seguinte forma: 28.320 unidades destinadas à Marinha; 5 mil unidades destinadas ao Exército; 2 mil unidades destinadas à Aeronáutica.