O Brasil entrou na lista dos oito países da com alto risco de infecção da poliomielite por conta da baixa cobertura vacinal no País e Mato Grosso do Sul é um dos locais que teve baixa no índice de cobertura nos últimos anos.

Conforme dados da Sesau (Secretaria de Estado de Saúde), de 2019 para 2021, o índice teve queda de 22,86% nas vacinações contra doença, uma das principais causas da paralisia infantil – que pode ser fatal. A secretaria informou que ainda não tem dados de 2022.

AnoCobertura Vacinal
2019 94,41%
2020 81,91%
2021 72,59%

No Brasil, de acordo com o PNI (Programa Nacional de Imunização), as crianças devem tomar a vacina injetável (de vírus inativado), aos dois, quatro e seis meses de idade. Depois, tomam ainda duas doses do imunizante oral (de vírus vivo atenuado), a primeira aos 15 meses de idade e outra aos quatro anos.

Poliomielite em Campo Grande

Na Capital sul-mato-grossense, a diminuição do índice é ainda mais alarmante: 36,11%. Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), historicamente a cobertura é superior a 90%, mas em 2018 e 2020 – anos que tiveram campanha contra a poliomielite – houve quedas. Entretanto, a vacina é inserida no calendário de rotina.

Em 2018, com a campanha, a cobertura vacinal contra a poliomielite estava em 94,24%, porém, em 2020 – primeiro ano da pandemia – caiu para 60,24%. Foram 44.858 e 28.983 crianças imunizadas naquelas campanhas, respectivamente.

Nível Brasil

Pelo menos 500 mil crianças no País não foram vacinadas contra a poliomielite. Esse número alto de pessoas sem proteção contra a doença levou a Opas (Organização Panamericana de Saúde) a incluir o Brasil na lista dos oito países da América Latina com alto risco de volta da infecção.

De acordo com a Opas, braço da OMS (Organização Mundial de Saúde) na América Latina, as baixas taxas de vacinação nesses países são um perigo para todo o continente. A região não registra um único caso da doença desde 1994.

O Brasil, que já teve uma cobertura de 95% da vacina da poliomielite, atualmente registra uma das mais baixas de sua história, 67%, segundo o pesquisador Akira Homma, assessor científico sênior de Biomanguinhos, da Fiocruz. Ele foi um dos responsáveis pela erradicação da doença no País na década de 1980.

“Temos hoje no País 500 mil crianças que não foram vacinadas”, afirmou Homma, em entrevista ao Jornal Estadão. “Esse número é altamente preocupante, sobretudo porque estamos próximos de dois países de altíssimo risco de infecção, Haiti e Bolívia”, disse.

Grau de proteção

Isso não significa que metade das crianças está totalmente vulnerável. Mesmo com os dois regimes incompletos, os menores têm algum grau de proteção. Do ponto de vista da saúde coletiva, no entanto, como explicou Homma, o ideal é que todas as crianças estivessem com os dois esquemas completos justamente para impedir a circulação do vírus e eventuais mutações.

A vacina injetável da pólio está disponível no Brasil desde 1973. Mas foi só nos anos 80, com a introdução da vacina oral e das campanhas nacionais de vacinação (o Zé Gotinha foi criado nessas ações), que a doença foi finalmente erradicada, em 1989. “Tínhamos a mobilização de toda a sociedade”, lembra Homma. “Chegamos a vacinar em um único dia 18 milhões de crianças.”

Em nota, o Ministério da Saúde informou que “monitora atentamente as coberturas vacinais e tem trabalhado para intensificar as estratégias necessárias para reverter o de baixas coberturas”.

A pasta informou ainda que recomenda aos Estados, municípios e que realizem a busca ativa para imunização contra a poliomielite e reforça a importância da manutenção das ações de vacinação de rotina. O ministério disse ainda que a divulgação de informações sobre a segurança e efetividade das vacinas como medida de saúde pública também fazem parte de ações realizadas durante todo o ano.

*Com informações da Agência Estado.