Mesmo com renovação mais rígida da CNH, ‘vovôs’ não abandonam o volante em MS
De acordo com dados de Detran/MS, 81 mil pessoas com mais de 70 anos possuem CNH em MS
Thalya Godoy –
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Dirigir na terceira idade pode representar um ato de prazer e autonomia. No entanto, as regras para a renovação da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) após os 70 anos estão mais rígidas desde 2020 e exigem atualização do processo a cada 3 anos. Em Mato Grosso do Sul, segundo dados do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), 6% dos motoristas têm 70 anos ou mais.
Segundo a Lei nº 14.071/2020, que alterou os prazos de renovação da CNH, a validade do documento é de 10 anos para pessoas entre 18 e 49 anos, de cinco anos para 50 a 69 anos e a partir dos 70 anos a validade do exame médico cai para três anos.
Elenice dos Reis Garcia, aposentada de 75 anos, possui CNH desde 1981. Tirou mais pela necessidade de locomoção em virtude do trabalho do que pelo prazer de dirigir. Hoje em dia, Elenice até prefere ir de carona, mas não abandona a direção em nome da autonomia.
“Os meus exames médicos agora na renovação deram todos certos, sou saudável. Eu faço dança, musculação, pilates, ioga e participo de três projetos sociais. As pessoas reclamam do corpo depois da aposentadoria, mas ficam paradas”, afirma Elenice.
Como é a renovação da CNH para idosos
Os exames aplicados na renovação da carteira de habilitação são iguais para qualquer faixa etária, até mesmo para as pessoas mais velhas, segundo o Detran/ MS.
A princípio, caso haja tratamento de saúde em andamento, o médico-perito de trânsito poderá solicitar exames complementares ou laudos de médicos que realizam o acompanhamento do condutor.
Desde 2017, a proporção de pessoas idosas habilitadas a dirigir no Brasil tem crescido e, em 2021, atingiu a marca de 18% dos habilitados.
Eles não querem parar de dirigir
Segundo a pesquisa “Adeus às chaves: perfil, segurança e o momento da transição”, os anos de experiência no volante são um fator benéfico em compensação às perdas sensoriais e cognitivas que podem surgir com o avanço da idade.
O estudo mencionado acima, realizado pela Fundação Mapre em parceria com o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), aponta que as pessoas com mais de 60 anos passaram a sair menos de casa com a pandemia. O modo de locomoção preferido é a pé ou com automóvel.
Muitos entrevistados pela pesquisa disseram que desempenham um importante papel na família, levando e buscando pessoas, além de dizerem que não pensam em parar tão cedo de dirigir. Eles avaliam que saberão o momento de parar.
Argemiro Alves, de 63 anos, tem CNH desde 1979. Conta que na época tirou a carteira por causa do serviço. Trabalhou por mais de 40 anos como técnico em agropecuária e uma das exigências do cargo era saber dirigir.
“Eu nunca tive problemas de saúde. Entretanto, hoje eu solto [a direção] nas mãos dos meus filhos, mas gostava muito de dirigir quando era mais novo”, relembra.
A última vez que renovou a carteira de motorista foi em agosto de 2019 e conta que pretende fazer a renovação até quando o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) permitir.
O funcionário público José Antônio Brito, 59 anos, que possui carteira de motorista desde 1986, viaja muito a trabalho e fez a renovação no ano passado. Além de ser o meio de locomoção, pegar a direção sempre foi uma atividade que apreciou. “Eu adoro dirigir, é muito prazeroso”, afirma.
Condutores em MS
As condições de dirigibilidade de um motorista são avaliadas pelo médico-perito de trânsito, que poderá reduzir a validade do exame da CNH caso tenha um fator de risco que deva ser acompanhado.
Segundo dados do Detran/ MS, a média de reprovação no exame psicológico é de 15% e no exame médico é de 3,5% para condutores acima de 70 anos em Mato Grosso do Sul.
O Estado possui mais de 1,2 milhão de condutores. O grupo acima de 70 anos de idade representa 6% dos habilitados a dirigir, com 81.622 pessoas. Em primeiro lugar, está a faixa etária de até 49 anos (69%) com 872.289 motoristas, seguida de 50 a 69 anos (25%), com 317 mil condutores.
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