Lembrada por defender crianças e adolescentes, Maria Aparecida Pedrossian é velada em Campo Grande
Filhos e netos se emocionam ao lembrar de Maria e da morte inesperada da primeira-dama de MS e MT
Dândara Genelhú, Ranziel Oliveira –
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Flores e a defesa dos direitos das crianças e adolescentes eram duas paixões de Maria Aparecida Pedrossian. A primeira-dama de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso é velada em Campo Grande nesta sexta-feira (23).
Maria faleceu na manhã desta sexta-feira (23) após sofrer infarto em Campo Grande. Emoção, tristeza e carinho tomam conta do Cemitério Parque das Primaveras, local onde é velado o corpo de Maria. Segunda filha do casal — Maria e Pedro Pedrossian —, Regina Maura Pedrossian lembrará da mãe “pela beleza do trabalho dela”.
Aos 65 anos, Regina disse que a mãe era movida pelas paixões. “Era ajudar crianças e cuidar de flores”. Emocionada, lembrou que a mãe tinha disposição para ajudar o próximo e registrou sua marca em causas sociais nos dois estados.
“Tinha total disposição, fez isso nos dois estados. Mas a maior preocupação dela era com as crianças”, disse. Assim, Maria chegou a criar a Fundação de Proteção a Crianças e Adolescentes Maria Aparecida Pedrossian.
A filha destaca que foram trinta anos de dedicação. “Ajudando crianças para desintoxicação, tratamento médico e recursos profissionalizantes, dentro do que a lei permitia”, detalhou.
Emoção e saudades
Com lágrimas nos olhos, Regina disse que a mãe “era admirável, uma grande mulher para o Estado, pelo trabalho que ela fez. Tinha um amor muito grande por MS”. A paixão por flores é antiga e, segundo a filha, fez Maria participar do jardim da UFMS e avenidas de Campo Grande. “Ela mudou os jardins deste Estado”.
Por fim, afirmou que a mãe sempre agiu ‘com muita seriedade e dedicação’. Então, comentou que “antes mesmo do Bolsa Família ela já entregava cestas básicas de caminhão”. Foi assim que ficou conhecida por Maria Panelão. “Foi uma mulher realizada, com cinco filhos e 12 netos”, finaliza a filha.
Morte inesperada
Aos 42 anos, Bruno Pedrossian se despede da avó. Mulher que segundo ele, foi exemplo para a família. “Tentarei seguir o exemplo dela. Ela como primeira-dama foi uma grande primeira-dama nas assistências sociais”, afirmou.
Mesmo nascido nos anos 80, Bruno recorda do projeto da avó e do apelido ‘panelão’. “Hoje você vê isso acontecer, na época era inexistente”, destacou. Assim, lamentou a morte da avó e ressaltou que o falecimento foi inesperado.
“Na parte da saúde, a gente via que nossa avó tinha condições de chegar a 95 ou 100 anos. Ela teve um problema que não foi diagnosticado. Estava à tarde comendo churrasco, daí ela teve um infarto e depois uma complicação”, detalhou.
Abrupta, é assim que Bruno define a partida da avó. “Ninguém esperava”, lastimou. “Fica a lembrança, morei 10 anos na casa dela. Ela foi minha segunda mãe, casei na casa dela”, por fim, disse.
Primeira-dama
A primeira filha de Maria leva consigo parte da mãe no nome e uma de suas paixões: flores. Rosa Maria Pedrossian, 66 anos, se emocionou ao lembrar da trajetória da mãe como primeira-dama.
“Fica um profundo vazio, era uma pessoa cheia de vida”. Rosa ressaltou que Maria “trabalhou muito em dois estados e três governos”. Segundo a filha, em Cuiabá a mãe ficava do lado de fora do gabinete, em pé ela atendia doentes pelo programa que ela mesma criou.
“Ela atendia um por um, foi ali que vi o primeiro leproso da minha vida. Ela fez um convênio e mandava as pessoas para o Hospital das Clínicas”, relatou a filha. Além disso, Maria criou creches e centros comunitários.
Então, dos vários problemas que a primeira-dama ajudou a resolver, Rosa destaca o Restaurante Universitário de Cuiabá. “Grupos de universitários disseram estar passando fome, daí ela foi e criou o RU”, lembrou.
Contudo, o cardápio do restaurante não era provado apenas pelos universitários. “Ela fazia a gente comer desse restaurante, para provar se a comida estava boa”, brincou. Por isso, considera que a mãe “foi muito além de causas assistenciais. O trabalho que ela fez como primeira dama não vi nenhuma outra fazer”.
Rosa lembrou que a mãe ficou órfã aos sete anos de idade. Apesar de lamentar o fato, acredita que ajudou na caminhada marcante da mãe. “Hoje ela era mais família e casa, levantava cedo, fazia o café e cuidava do jardim”, finalizou.
Grande mulher, grande casal
Para o presidente da Academia de Letras de Mato Grosso do Sul, Henrique de Meirelles, “Pedrossian e Maria Aparecida foram pessoas que deram vida a esse estado, principalmente no primeiro governo”.
Assim, garantiu que “muitas das coisas dessa cidade se devem a eles”. Citou as saídas de Campo Grande, Parque das Nações e universidades. Para ele, são obras que tiveram “participação dele e dela, como grande companheira e diferente como estadistas”. Por fim, definiu o casal como: “Sempre modernos e pensando no futuro”.
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