‘Homofobia fez polícia fechar bloco de carnaval’, dizem organizadores de festa encerrada no domingo
Evento foi fechado pelas autoridades que disseram que o plano de biossegurança não estava sendo cumprido
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Produtores de baile carnavalesco que foi encerrado pela PM na noite deste domingo (27) alegam motivação homofóbica para a interrupção do festejo. Segundo Renê William, um dos organizadores, o evento cumpria todos os requisitos exigidos pela Prefeitura de Campo Grande para que a festa pudesse ocorrer da maneira mais segura possível.
A festa em questão é a Farofolia, voltada para atender o público LGBTQIA+, e contou com a organização de três blocos renomados da Capital: Bloco ta dando pinta, Festa Colocada e Carnavadia. O evento prometia mais de 10 horas de festa, 15 Djs, performance ao vivo e tinha mais de 500 ingressos vendidos antecipados.
A realização de eventos durante o carnaval foi liberada pela Vigilância Sanitária de Campo Grande, porém, desde que seguissem regras, dentre elas, lotação máxima de 70% da capacidade de público do espaço, e disponibilização de itens como álcool em gel, controle de distanciamento e solicitação de alvará. Diversos eventos particulares foram realizados nos últimos dias – somente este foi alvo de encerramento.
Segundo outro organizador, Abhner Benevides, houve duas batidas policiais no evento: na primeira, a PM teria acusado inexistência e ausência de alvará, o que foi prontamente apresentado às autoridades. Posteriormente, quando a festa foi encerrada, os policiais teriam acusado violação das regras de biossegurança exigidas pelo município.
“Os policiais chegaram e nos questionaram sobre a norma de biossegurança. Nós mostramos e eles insistiram: “então cadê a máscara?”. Eles estavam procurando uma brecha, disseram que não queriam saber, e mandaram esvaziar o local. Lá cabe 2 mil pessoas e a gente só tinha 950, não era nem metade da capacidade que eles exigiram”, relata ele. “Tinha outros eventos acontecendo, alguns até sem protocolo de segurança mas, e nenhum deles foi interrompido pela polícia.. Por que só o nosso:”, disse, acreditando tratar-se de um caso de homofobia.
Após a batida policial, os presentes foram convidados a evacuar o local. ”Não havia razões para a polícia fechar a festa, todas as questões apontadas foram solucionadas e apresentadas. Em Campo Grande, outros eventos aconteciam simultaneamente e, pior, em locais fechados. Porém, não foi motivo para a PM encerrar a festa ou para conferir se o plano de biossegurança estava sendo cumprido. Dito isso, surge a dúvida: qual foi o critério que os responsáveis pelo encerramento da festa, usaram?’‘ questionou Renê.
Abhner também explicou que o dono do local onde a festa acontecia, identificado como Renan, foi encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro. No local, porém, ele apenas assinou um documento. “Lá na delegacia não fizeram nada, ele teve que ficar sentado lá. Não pediram documento da estância, nem nada. Ele assinou o documento e foi embora. Eles só queriam acabar com a festa”, relata.
Em nota divulgada no domingo, logo após a festa ter sido encerrada, os organizadores afirmaram que apurariam o verdadeiro motivo para o encerramento da festa. A equipe afirmou que pretende entrar com ação contra a PM por perseguição homofóbica.
Revertendo a situação
Após o cancelamento, o evento deve acontecer novamente nesta terça-feira (29), com as mesmas atrações, e com o mesmo horário de festa. Para aqueles que pagaram a entrada e tinham fichas para bebidas, os organizadores garantiram que vão poder ser reutilizadas. Além disso, a entrada será gratuita e todos os protocolos serão cumpridos à risca. Para os que preferem estorno do dinheiro, terão que ir até o local com as fichas.
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