‘Foi um assassinato’: Buscando por Justiça e ainda em choque, pais enterram Matheus em Campo Grande

O jovem Matheus Frota da Rocha, de 27 anos, morto em acidente na segunda-feira (28), foi enterrado na manhã desta terça-feira (1º), no cemitério Parque de Campo Grande, na Capital. O colombiano Carlos Hugo Naranjo Álvares, de 32 anos, que causou o acidente com morte, está preso.

Os pais de Matheus, que moram em Cuiabá (MT), chegaram por volta de 1h da madrugada desta terça para o velório e enterro do filho. Segundo o pai, Israel Graciano da Rocha, a família morava em Campo Grande quando o filho nasceu, mas se mudaram para capital mato-grossense quando Matheus tinha três anos. 

Cerca de 21 anos depois, já aos 24 anos, o filho decidiu retornar para viver em Campo Grande. Para ele, o que fica é o sentimento da busca por Justiça. “Nós queremos Justiça e que ele [Carlos Hugo] responda pelos seus atos. Ele fugiu, nem sequer prestou socorro, que seria o mínimo. Tirou a vida de um jovem cheio de sonhos e alegrias”, disse Israel ao Jornal Midiamax.

 

A mãe, Ivonete da Rocha, ainda em estado de choque pela partida precoce, mal conseguia falar. “Queremos Justiça; que não seja um caso que fique na gaveta. Ele bateu no meu filho, mas poderia ter feito outras vítimas no trânsito”, lamentou ela. Matheus era descrito como uma pessoa alegre, sorridente e alto astral.

O acidente brutal aconteceu no cruzamento da Rua Guia Lopes com a Avenida Salgado Filho, no começo da manhã da segunda-feira de Carnaval. “Não foi um acidente comum; foi um assassinato. Ele teve uma morte horrorosa, a ponto de arrancar a perna”, continuou Israel. Em uma Mercedes Sedan, o colombiano teria avançado o sinal vermelho na frente da moto pilotada por Matheus. 

Com o impacto, o piloto e a namorada Samira Ribeiro dos Santos, de 19 anos, foram lançados a metros de distância e Matheus teve a perna arrancada. Nas últimas horas, o casal havia dormido na casa da mãe da moça, porque o pneu do veículo estava furado. Na manhã seguinte, eles ‘madrugaram’ e saíram logo cedo, de acordo com os familiares que conversaram com a reportagem. 

Fruto de um amor 

Conforme o pai de Matheus, uma familiar de Samira, que está na Santa Casa acompanhando-a, disse que a moça estaria grávida. Procurado pelo Jornal Midiamax, o hospital não confirma essa informação. O casal estava junto há três anos e sonhava com o futuro. Eles planejavam se mudar ou construir uma casa melhor e também ter filhos. Este poderia ser o começo da realização desse sonho. 

Samira ainda não sabe que Matheus perdeu a vida no acidente e os médicos estariam receosos em lhe contar a verdade por temer uma piora no estado de saúde dela. Ela está internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa da Capital. “É revoltante, mas a gente não sabe quais os planos de Deus”, finalizou Israel. 

Bebedeira e fuga

Carlos Hugo teve sua prisão preventiva pedida na segunda, pelo delegado Roberto Duarte Faria, após ele ser preso em Rochedo, a 81 quilômetros de Campo Grande. Em depoimento logo após ser preso, o autor alegou que o sinal estava verde para ele, quando passou no cruzamento. O colombiano ainda relatou que estava com mais três amigos dentro da Mercedes e que sentiu uma batida forte do seu lado, continuando pela rua e parando só após algumas quadras.

Após parar, os três amigos desceram, sendo que dois amigos moram na região do bairro Aero Rancho. Depois de deixar os amigos, Carlos falou que saiu desesperado ao ver o estrago em seu carro, dirigindo sem rumo. Ele ainda afirmou que não viu qual veículo havia batido em seu carro.

Segundo informações passadas por um sargento da Polícia Militar que prendeu Carlos Hugo em Rochedo, ele contou que estava em uma tabacaria com amigos e que havia bebido whisky e cerveja, mas não disse a quantidade. A Mercedes estaria entre 80 e 100 km/h. No depoimento, Carlos ainda afirmou que não estava bêbado.

Ele teria chegado a perguntar para o sargento qual seria a pena no Brasil para crimes de trânsito. Carlos Hugo foi autuado por homicídio simples na forma tentada, homicídio culposo na direção de veículo automotor e omissão de socorro.