A despedida ao último ‘pracinha' de , Januário Antunes Maciel, de 100 anos, nesta quarta-feira (4), foi marcada por honrarias civis e militares. As homenagens tiveram início com uma celebração religiosa na igreja onde era pastor, passaram por um cortejo fúnebre pelas principais avenidas da cidade e foram concluídas com salva de e palmas.

Após percorrer as avenidas Weimar Gonçalves Torres e Marcelino Pires, em carro dos bombeiros e viaturas da e Polícia Militar, o corpo de Januário foi recebido por militares do Exército Brasileiro, no Parque das Primaveras. Ao som da “Canção do Expedicionário”, e com Guarda Fúnebre, familiares e amigos se despediram e o herói de foi sepultado.

“Ele nos ensinou muita coisa enquanto esteve aqui com a gente. Apesar de ter convivido com a morte de perto, nos deu muitos exemplos em defesa da vida. Era uma pessoa amável, carinhosa e bem humorada”, relata um dos filhos do expedicionário, que é sargento do Corpo de Bombeiros, Alcides Maciel. Ao lado de mais três irmãos e da mãe, Clotilde Rodrigues Antunes, 83, ele se emocionou com as homenagens prestadas à memória de Januário.

Para o general Adilson Akira Torigoe, comandante da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada – Brigada Guaicuru, a vida do expedicionário merece todas as honrarias dedicadas aos heróis de guerra. “Seu Januário representa para nós e para toda a sociedade de Dourados, a coragem, a abnegação, o sentimento de dever cumprido e acima de tudo, o patriotismo”, afirma o militar à reportagem do Midiamax.

“Herói de Guerra, soldado da paz”

“Meu avô deixa um legado de honra e dignidade. Ele foi um herói de guerra e também um soldado da paz e vai morar para sempre em nossos corações e em nossas memórias”, conta o neto Jucecléber Rosa Maciel, que faz parte do Corpo de Bombeiros de Dourados. “É a minha referência de vida e também minha inspiração”.

Segundo o neto, as histórias contadas pelo avô marcaram sua infância e imprimiram nele o desejo de seguir uma carreira militar. “Decidi entrar para Corpo de Bombeiro como forma de auxiliar a sociedade. Me inspirei nos bons exemplos dele [que] pensava muito mais nos outros do que em si próprio”, relata Jucecléber à reportagem do Midiamax.

Para o filho Adayde Rodrigues Maciel, de 58 anos, além de valores morais, como dignidade e honra, o ‘pracinha' Januário, que lutou na Segunda Guerra Mundial contra os alemães, deixa exemplos de como ser uma pessoa do bem. “Além de um grande guerreiro, foi um bom pai para os cinco filhos e nos ensinou a sempre tratar com respeito o nosso próximo”, conta Adayde que é sargento da Polícia Militar.

Para Emily Maciel, de 12 anos, o bisavô sempre foi uma pessoa muito presente na sua vida. “Me lembro quando eu era mais nova e ficava pulando o muro da minha casa para ir tomar café com ele e conversar. Adorava ouvir suas histórias da época da guerra, dos sofrimentos que passou. A gente chorava junto, mas também se divertia muito porque ele era muito brincalhão”, conta a bisneta.

Januário nasceu em 10 de janeiro de 1922 e aos 22 anos, em 1944, integrou como voluntário, o 1º Regimento de Infantaria, conhecido por Regimento Sampaio. Ele participou de batalhas como as de Monte Castello e La Serra pela FEB (Força Expedicionária Brasileira). Era casado com Clotilde Rodrigues Antunes, 83, com quem teve cinco filhos (Carlos, Adayde, Ataíde, Maria e Alcides), 12 netos e 16 bisnetos.