Construção de hidrelétrica pode desviar 80% do fluxo de água da segunda maior cachoeira de MS
Organização aponta impactos negativos da construção, principalmente no avanço do turismo na região
Gabriel Neves –
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A construção de uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica) pode desviar até 80% do fluxo de água da cachoeira Água Branca, considerada a segunda maior cachoeira de queda livre do Mato Grosso do Sul, localizado entre os municípios de Pedro Gomes e Sonora. Estudos realizados pela ONG (Organização Não Governamental) Ecoa – Ecologia e Ação, uma das organizações que faz parte da Rede Pantanal, mostram o impacto que a obra pode causar na região.
De acordo com a organização, o empreendimento pode ocasionar danos ambientais, sociais e econômicos na região. A licença prévia para construção da PCH foi aprovada em 2021 e tem validade pelos próximos quatro anos.
“Para gerar 2,9 MW de energia, a destruição da cachoeira seria inevitável”, afirmou a organização. Parecer do Imasul (Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul) indica que o barramento deve desviar 80% do fluxo de água da cachoeira, o que causaria impactos irreversíveis para o local.
Ainda ‘gatinhando’ o turismo da região deve ser impactado diretamente e as projeções de crescimentos estagnarem. De acordo com a organização, a própria empresa reconhece os danos que serão causados ao local e chega a propor medidas excêntricas como a criação de uma cachoeira falsa com um “difusor” para espalhar água.
Segundo o Cointra (Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari), a região tem “grande potencial para alavancar o turismo na região e a instalação da barragem da hidrelétrica Cipó tornará inviável tal possibilidade”.
A Ecoa e a Rede Pantanal chegou a enviar um manifesto para o MPE (Ministério Público Estadual) denunciando o problema e reforçando as certezas de “evidentes danos ambientais” no local. A organização explica que as águas que serão retidas pela represa Cipó drenam para a Bacia Hidrográfica Piquiri/Correntes, uma das principais abastecedoras do Pantanal e, portanto, parte da BAP (Bacia do Alto Paraguai).
Ao todo, são 180 represas na BAP, dentre as construídas e previstas. Esse grande número de empreendimentos hidrelétricos chamou a atenção de diversas organizações e para entender melhor os impactos deste grande número de represas na bacia, a Agência Nacional de Águas contratou a Fundação Eliseu Alves, que junto com mais de 100 especialistas na área elaboraram os chamados “Estudos de Avaliação dos efeitos da implantação de empreendimentos hidrelétricos na Bacia do Alto Paraguai”.
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