A greve dos motoristas de ônibus em Campo Grande, iniciada na madrugada desta terça-feira (21), teve como motivação atraso no pagamento do vale que representa adiantamento de 40% do salário dos trabalhadores. Responsável por explorar o da Capital, o Consórcio Guaicurus comunicou os funcionários sobre o não pagamento do vale na tarde desta segunda (20).

O fechamento das garagens, no entanto, foi deliberada pela direção do STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de ) na noite desta segunda, sem realização de assembleia.

Demétrio Freitas, presidente do sindicato, disse ao Jornal Midiamax que a situação “chegou no limite” e que as garagens não serão abertas nesta terça.

“Nós paramos porque a situação chegou no limite. A direção do sindicato decidiu em fechar as garagens. Os motoristas vêm atendendo outras demandas do Consórcio desde o começo da pandemia, mas a questão do atraso no nosso vale foi o limite para nós”, disse o sindicalista.

Segundo o sindicato, nenhum representante do Consórcio Guaicurus entrou em contato com os sindicalistas até às 7 horas desta terça. Os motoristas afirmam que mesmo se o vale for pago hoje, os ônibus só voltam a rodar em Campo Grande na quarta-feira (22).

Considerado serviço essencial, em caso de , o transporte coletivo deve ter pelo menos 30% da frota em circulação, situação que não ocorre nesta terça-feira em Campo Grande.

Consórcio Guaicurus encaminhou ofício a sindicato

Advogado do Consórcio Guaicurus, André Borges disse ao Jornal Midiamax que o ofício encaminhado ao sindicato dos motoristas de ônibus no fim da tarde de ontem (20) justificava o motivo do vale não ser pago.

“Considerando a obrigação da concessionária em comunicar o poder concedente sobre fatos relevantes que impactam o serviço público de transporte coletivo, reiteramos o já externado anteriormente por ofícios e pessoalmente, e ambos até agora sem resposta”. 

Ainda segundo o consórcio, não houve comunicação prévia dos motoristas de que haveria greve. Uma reunião agendada entre a direção do Consórcio e a Prefeitura de Campo Grande para a tarde desta terça deve ser remanejada para o período da manhã.

“O Consórcio dialoga com o sindicato para convencê-los para que eles voltem imediatamente ao trabalho”, afirma o advogado.

O grupo que explora o transporte da Capital alega que os valores presentes no contrato de concessão dos ônibus precisam ser reequilibrados e uma das alternativas é cobrada aos passageiros.

Prefeitura avalia ilegalidade de paralisação dos ônibus

O secretário Odilon Júnior, titular da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), disse ao Midiamax que a greve, antes de ser iniciada, deve seguir alguns requisitos, sob risco de ser considerada ilegal.

Dentre os requisitos, consta, por exemplo, a realização de fórum e assembleia, bem como a manutenção de pelo menos 30% da atividade, em razão de ser considerado serviço essencial. No entanto, os indícios são de que todas as linhas estão inoperantes no momento.

Assim, a Procuradoria do município vai avaliar a legalidade do movimento e, se for o caso, mover ação para garantir o serviço à população. “Com certeza a Procuradoria vai analisar a situação e obrigar a manutenção do mínimo [de 30%]”, explicou.