Ato ecumênico reúne lideranças religiosas contra violência nas comunidades indígenas de MS

Caravana visita comunidades Guarani e Kaiowá em Dourados e região

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Sepultamento de indígena morto durante confronto em Amambai (Foto: Marcos Morandi, Arquivo, Midiamax)

Nesta sexta-feira (22), a caravana que faz um mapeamento da situação de violência enfrentada pelos Guarani e Kaiowá de Dourados e região, realizam um ato ecumênico na Praça Antônio João às 10 horas. O evento, segundo os organizadores presta solidariedades aos povos indígenas que nas últimas semanas tem sofrido diversos ataques.

Como gesto concreto da visita, as lideranças religiosas entregaram cesta básicas nas comunidades indígenas que passam por situação de insegurança alimentar, como as retomadas de Dourados e cidades onde os conflitos pela posse da terra estão mais acirrados.

A Caravana Ecumênica em solidariedade aos povos será promovida pelo Feact (Fórum Ecumênico ACT Brasil) e está prevista a entrega de alimentos para as famílias das áreas de conflitos na região sul de MS (Amambai/Dourados), onde grupos indígenas estão em situação de insegurança alimentar.

Segundo informações apuradas pelo Midiamax, o Feact uma rede de igrejas, organizações ecumênicas e agências de cooperação que se reúnem em torno de questões comuns relacionadas à incidência, ao desenvolvimento e à ajuda humanitária no Brasil.

Lideranças que participam da Caravana:

• Pastor Inácio Lemke, presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) – Santa Catarina
• Pastor Wertson Brasil de Souza, presidente da Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina (AIPRAL) – Minas Gerais
• Bispa Marinez Bassoto, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) – Pará
• Pastor Cristov Kayser, do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN) – Santa Catarina
• Pastora Sônia Mota, da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) e diretora executiva da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) – Bahia

• Mônica Alkmin, integra Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e Articulação Nacional de Monitoramento dos Direitos Humanos (AMNDH) – Distrito Federal
• Missionária Adriana Carla, da Aliança de Batistas do Brasil (ABB) – Distrito Federal
• Pastor José Roberto Cavalcante, da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) – Rio de Janeiro

Violência contra indígenas

Para chamar a atenção nacional e internacional para as recentes violações dos direitos desses povos, o grupo inter-religioso decidiu se deslocar até a região para denunciar os assassinatos de indígenas.

Alex Lopes, um jovem de 18 anos, foi assassinado e teve seu corpo despejado do outro lado da fronteira com o Paraguai, a cerca de 10km da reserva Taquaperi, em Coronel Sapucaia, após sair para buscar lenha no entorno da TI (Terra Indígena), acompanhado de outros dois jovens.

Taquaperi é uma das oito reservas indígenas criadas pelo SPI (Serviço de Proteção ao Índio) no sul do Estado. Apesar do projeto original ter criado reservas com 3,6 mil hectares, as terras possuem, hoje, apenas 1.777 hectares, segundo a base cartográfica da Funai (Fundação Nacional do Índio).

Por conta da histórica apropriação de partes da área reservada por fazendeiros, os Guarani e Kaiowá da reserva frequentam áreas de mata das propriedades vizinhas, reivindicadas pelos indígenas como parte de seu território tradicional. Em protesto contra o assassinato de Alex, o povo retomou uma fazenda em Coronel Sapucaia.

Cenas de violência também aconteceram em Amambai, após outro grupo de indígenas retomar novamente parte do território de Guapo’y. A reserva de Amambai é a segunda maior do estado de Mato Grosso do Sul em termos populacionais, com quase 10 mil indígenas.

Um dia após a retomada, policiais militares e fazendeiros tentaram expulsar os indígenas da região. A ação resultou na morte de Vitor Fernandes.

Terceira morte

Além destes ocorridos, mais um indígena Kaiowá foi assassinado na última quinta-feira (14). Márcio Moreira e outras duas lideranças da retomada em Amambai foram vítimas de uma possível emboscada, de acordo com denúncias da própria comunidade Guapo’y e do Conselho da AtyGuasu – a Grande Assembleia dos povos Guarani e Kaiowá. Márcio foi assassinado, mas os outros dois conseguiram escapar com vida.

Esse episódio acontece mesmo após a Justiça Federal de Ponta Porã indeferir um pedido para despejar os Guarani e Kaiowá da retomada de Guapo’y. A solicitação (medida de urgência) foi feita pelo proprietário da fazenda que ocupa, atualmente, a região – ou parte do território indígena, considerado sagrado pelos indígenas.

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