Acolhido por amigos, campo-grandense que deixou a Ucrânia tenta recomeço no Brasil: ‘Cheguei cansado e doente’

Ross presenciou terror em meio à guerra e diz que agora está bem e procurando emprego

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O campo-grandense Ross Kasakoff, de 30 anos, já está em território brasileiro. Ele desembarcou neste mês de março, após vivenciar momentos de terror na Ucrânia, mais precisamente na capital Kiev, onde morava há alguns anos e trabalhava com reprodução humana. Em meio à guerra, resistiu em deixar os pacientes, já que muitos não falavam nem o idioma russo e nem inglês, mas precisou escapar pela própria sobrevivência. 

“Agora eu estou aqui em Blumenau, Santa Catarina, na casa de um amigo. Ele tem me acolhido e me alimentado aqui, já que a clínica onde eu trabalhava lá não pagou o meu salário. Desde que cheguei aqui, estou planejando o meu recomeço. Tenho distribuído currículos e feito contatos, mas, até agora, ainda não consegui nada”, afirmou Ross ao Jornal Midiamax. 

Assim que chegou ao Brasil, Kasakoff disse que estava “muito cansado” e, em seguida, teve problemas na garganta. “Mais uma vez, tive de recorrer à vaquinha e até meus clientes fizeram e me ajudaram, além de amigos aqui de Blumenau. Pra falar a verdade, os recursos estão acabando, mas, acredito em outro milagre. Acho que, se Deus salvou minha vida lá [na guerra], também não vai desamparar aqui, eu creio muito nisso”, alegou. 

Da Ucrânia para Romênia

Assim que os bombardeios intensificaram, Ross deixou a Ucrânia e foi para a Romênia. Na ocasião, ele até lamentou as tristes cenas presenciadas por ele, como pessoas sendo pisoteadas no tumulto e disse que, até sem água, ficou por um período.

No local, permaneceu em um hotel pago pela embaixada e aguardou o repatriamento. Mesmo assim, fala  que continuou a receber ligações de casais interessados no trabalho dele, de reprodução humana, e ressaltou que perdeu o emprego ao comentar que “a guerra poderia ter sido evitada”. 

“É um lugar em que a liberdade de expressão é extremamente cerceada. Fui demitido depois de um ano e sete meses, em que ajudei centenas de casais. E eles continuam me ligando e, mesmo assim, estou ajudando. Lá eu ganhava 537 dólares por mês e uma cama em um hostel. Agora, estou vivendo de doações”, afirmou na ocasião Ross.

Mesmo em meio à guerra, ele conta que a namorada não quis deixar a Ucrânia, enquanto ele permaneceu um tempo e, depois, atravessou a fronteira, pegando um ônibus até Bucareste, na Romênia. 

Presidente pede posicionamento de russos

O presidente da Ucrânia, Wolodymyr Zelensky, fez pronunciamento recente, em que se dirigiu ao povo russo e pediu que eles se posicionem contra a guerra.

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Foto: Reprodução

“Cidadãos russos, essa não é só a luta pela paz na Ucrânia, mas pela riqueza que vocês tinham no seu país. Se ficarem calados, a miséria que vai falar por vocês no futuro. Não fiquem calados”, declarou o presidente.

Ele voltou a afirmar que não se trata de uma operação militar e nem é ocasional, mas uma invasão planejada. Segundo ele, os soldados russos capturados pelas forças ucranianas forneceram informações que reforçam essa tese.

“Essas pessoas [do Exército russo] queriam acabar com nossas cidades. Tivemos acesso a documentos. Por isso que está ocorrendo essa atrocidade. Estão lançando bombas, artilharia, mísseis. Isso não é uma improvisação”, disse.

Zelensky afirmou que os ataques da Rússia sobre o país estão violando regras internacionais. “Isso será um crime militar histórico”, destacou.

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