Decisão do prefeito de de fechar os atrativos turísticos por uma semana gerou críticas entre empresários do setor. Eles reclamam de estar sendo penalizados, mesmo cumprindo normas de biossegurança e sem casos de contaminação decorrentes de suas atividades.

Também questionam a autorização para as cimenteiras e a mineradora do prefeito funcionarem normalmente no período. Pelo decreto n.º 053, publicado na quinta-feira (19), não serão prejudicadas ‘as atividades agroindustriais e agropecuárias sediadas fora do perímetro urbano, inclusive o transporte individual ou coletivo relativo a tais atividades'.

“No decreto, abriu-se exceção às fábricas e agronegócios localizados na área rural , sendo que as fábricas de cimento recebem centenas de caminhões todos os dias, vindo de diversas localidades do Brasil, sem controle algum, e esses campineiros têm contato com funcionários/munícipes que podem da mesma forma levar o vírus para dentro de casa” reclamou a representante do Fazenda Cachoeiras Serra da Bodoquena.

Ela conta que reabriu em julho do ano passado seguindo medidas restritivas e nunca teve registro de nenhum caso de . “Agora estamos sendo obrigados a fechar. Uma decisão tomada de portas fechadas, sem ouvir as partes interessadas, não tivemos chance de propor nenhuma medida, que não fosse tão drástica, não fomos ouvidos”, pontuou, pedindo paralisação das atividades das cimenteiras na cidade.

Reclamação similar foi feita pela Casa de Charme da Serra da Bodoquena. Representante do empreendimento afirma que o local possui quatro hectares ao ar livre, com poucos visitantes circulando por vez. “Se no turismo esse decreto tem que valer não entendi dois pesos e duas medidas não tem lugar que mais lota que a pedreira Hori tem caminhões do Brasil todo o dia todo então nós do turismo exigimos que essa pedreira feche as suas atividades do dia 22 ao dia 29/03”, contou.

Reservas canceladas

Na Fazenda Boca da , reservas feitas desde o ano passado terão que ser canceladas, após anúncio do fechamento dos atrativos. “Porém a Mineradora Horii que é do prefeito e recebe todo dias centenas de caminhões do Brasil todo não fechará”, questionou o gerente do estabelecimento.

Dentre as reclamações, ele afirma que o prefeito não consultou o Conselho de Turismo e que outros empreendimentos seguirão abertos. “Se o medo do prefeito é a população de Campo Grande vir em peso para nossa região, porque não instala barreiras sanitárias?”, questionou.

‘Medo' dos campo-grandenses

Procurado pela reportagem, o prefeito Kazuo Hori afirmou que o decreto foi baixado em função da situação atípica de antecipação de feriados em Campo Grande.

“A minha intenção é que os turistas não venham pra Bodoquena. Aonde que é feriado de 9 dias? É em Campo Grande. Eu não quero que as pessoas de Campo Grande venham pra cá”, reiterou. 

De acordo com ele, a agroindústria não será afetada com a presença de turistas. “O que preciso restringir? As pessoas que vão vir aqui será pra passear. Quem vai vir na mineração comprar cimento ou calcário por causa do feriado?”, rebateu, sobre as críticas ao funcionamento de sua empresa.

“A agroindústria vai ser afetada por causa de turista? Não vai. Não vou rever o decreto por causa disso. Só que tem atividades que não vão impactar na vinda do turista”, insistiu.

Na avaliação dele, mesmo atrativos a céu aberto podem disseminar a doença em função de turistas da Capital, que ele considera a cidade mais infectada do Estado. A fala é referência à classificação do Prosseguir, que colocou a cidade em grau de risco cinza.

“O que eu queria que as pessoa entendessem é a situação atípica porque Campo Grande decretou um feriado de 9 dias. Vai realmente diminuir [o número de casos de Covid-19] em Campo Grande, mas vai aumentar em todos os municípios que receberem turistas”, finalizou.