Água gelada, ar-condicionado, ventilador, sombra, são todos artifícios que ajudam a atenuar o forte calor que atinge Campo Grande. Para cada um deles, porém, é preciso o mínimo de estrutura de saneamento básico e cobertura de energia, coisa que infelizmente, as pessoas que moram na Invasão da Homex, no bairro Paulo Coelho Machado, não possuem.

A falta de água e energia na tarde desta terça-feira (21) tem judiado dos moradores, principalmente dos que moram mais ao fundo da invasão. Vivendo de gatos, tanto na energia quanto na água, é difícil encontrar uma casa com água, e se houver, mais difícil ainda encontrar gelada.

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Antônio Davi, de 68 anos, passa o dia sendo quase “cozido” pelo calor. Com energia que oscila frequentemente, o idoso nem geladeira tem. “Hoje eu tomei água gelada porque me trouxeram aqui”.

Mesmo que tivesse geladeira funcionando, a água para abastecê-la seria outro problema. Isso porque nunca dá para saber quando sairá água pela mangueira ligada ao encanamento de um prédio nas proximidades.

“Por conta do desnível, ela não vem de dia, geralmente à noite”, conta o aposentado.

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Antônio não possui geladeira em casa (Foto: França)

Suzana Barbosa, de 48 anos, se mudou há dois meses para o local junto do marido a fim de fugirem do aluguel. “A gente fica com ventilador ligado né porque não dá conta, mas energia fica caindo. A geladeira tem vez que desliga e tem hora liga”.

A questão da água é a mesma, vem por meio de uma ligação clandestina, mas de forma intermitente. “Já chegamos a ficar sete dias sem água, tivemos que pedir para o vizinho que tem poço artesiano”.

Maria José Guedes, de 26 anos, que mora em uma casa com paredes de PVC e teto de Eternit bem baixo com o marido e dois filhos, conta que mal fica dentro de casa.

“Não tem como ficar aqui dentro, por isso eu fico debaixo da árvore durante o dia. Em casa, quando ligo o ventilador sai ar quente e a geladeira fica descongelando à noite porque é muita gente usando a energia”, lamenta a dona de casa.

Mais calor

Nesta terça-feira (21), 11 cidades de MS tiveram alerta vermelho para a baixa umidade do ar. O Instituto avisa que a umidade relativa do ar pode ficar abaixo de 12% na região. A condição do tempo não só favorece o risco de incêndios florestais, como também oferece perigos à saúde humana, com possibilidade de doenças pulmonares e dores de cabeça, por exemplo. 

A previsão é que no decorrer desta semana o calorão só piore. De acordo com o (Instituto Nacional de Meteorologia), a onda de calor que estava prevista para acabar na noite de segunda-feira (20) foi estendida por mais 24 horas — e pode permanecer por mais tempo ainda.