A compra de um carro antigo restaurado é quase que comparada à aquisição de uma obra de arte por colecionadores. Os modelos, considerados muitas vezes relíquias, chamam atenção quando repaginados e o valor de mercado vai lá em cima. Com o investimento nos automóveis, a venda acaba se tornando difícil para quem decide desapegar em Campo Grande.
Em pesquisa rápida nos comércios online é possível ver diversos anúncios de proprietários desapegando das suas relíquias. Os valores variam desde R$ 2 mil, para aqueles modelos menos conservados, até carros que chegam a valores de R$ 120 mil, intactos e personalizados.
Fã do filme ‘Hérbie – Meu Fusca Turbinado’, Fábio dos Santos, de 31 anos, comprou um Fusca há dois anos e logo providenciou que ele fosse restaurado. Desde a pintura, bancos, pneu e assoalho, o carro ganhou uma cara nova: a do próprio fusquinha do filme.
Fábio comenta que colocou o veículo para vender devido às dificuldades financeiras e que dói no coração pensar em se desfazer do carro. “Tenho ele há dois anos e é a paixão do meu filho de 5 anos. Decidi vender, pois vou precisar do dinheiro para outro propósito, mas vou vender com muita dó”, disse.
Ele relata que comprou o Fusca por R$ 4 mil e investiu R$ 6,5 mil na restauração. A venda do carro foi anunciada nas redes sociais por R$ 7 mil, valor abaixo da soma da compra e do valor que pagou para transformá-lo. Propostas para compra aparecem, mas nenhuma que agrade. “Uma mais absurda que a outra”, diz.
Na ‘vitrine’ de venda há dois meses, Fábio tem a expectativa de conseguir vender o ‘Seu Zé’, como apelidou o carro. “Nunca tive um carro antigo antes, espero que não demore muito tempo para vender”, torce o morador.
Experiente em compra e venda de veículos, Cristiano Rodrigues, dono de uma revenda de carros, tem um Fusca “abacatão” na vitrine e afirma que sabe dos desafios para vender. “Comprei esse carro porque estava namorando ele há muito tempo. Ele era de outro mecânico. Fiz propostas e comprei. Comprei para usar e colocar para vender, mas sei que esse modelo não sai fácil”, relatou.
O “abacatão”, todo restaurado, com tudo novinho por dentro, custará R$ 30 mil para quem se interessar. Questionado sobre quando pensa que o carro sairá da garagem, ele brinca: “Só Deus sabe”.
Interessados pelo Fusca ‘diferentão’ aparecem diariamente, mas Cristiano, assim como Fábio, enfrenta aquelas ofertas absurdas. “Recebo propostas todos os dias. Uns querendo pagar R$ 7 mil ou R$ 8 mil, dou risada e nem respondo”, comentou, pois, segundo ele, o valor não cobre nem o que foi investido na reforma do fusquinha, onde somente para a pintura foram desembolsados R$ 10 mil.
Mesmo sendo difícil de vender, Cristiano diz que ter um carro antigo e personalizado é uma paixão. Até mesmo um Dogde antigo, avaliado em R$ 120 mil ele tem, mas diz que este não está à venda.