O boletim Observatório da Covid-19, divulgado nesta sexta-feira (6), pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), alerta para incidência “extremamente alta” para SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em Mato Grosso do Sul. O documento também aponta preocupação com novas variantes do coronvaírus circulando no país e traça um novo perfil da doença.

Os pesquisadores apontam que os dados coletados entre 18 e 31 de julho indicam que MS tem a 2ª maior taxa de incidência para SRAG do país — 18,1 casos a cada 100 mil habitantes, atrás apenas do (20,5). 

“Como os casos de SRAG são essencialmente casos severos, que demandam hospitalização, ou casos que vieram a óbito, estas taxas preocupam por impor demanda significativa ao sistema hospitalar”, diz o relatório.

Ainda conforme o boletim, MS tem a 2ª maior taxa de óbitos do país, com 0,8, atrás apenas do Paraná, com 1,1.

Leitos

Mato Grosso do Sul manteve estabilidade no índice de ocupação de leitos UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e permaneceu na casa dos 62%. 

Entretanto, novas variantes como a Delta preocupam. “O momento conjuga esperança de controle da pandemia e imensa preocupação com revezes na sua evolução ainda possíveis em face do surgimento e da propagação de variantes mais transmissíveis e, eventualmente, mais agressivas”, pontuou o documento.

Os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo boletim, recomendaram, entre as medidas de proteção, a vacinação completa para evitar as mortes e casos graves causados pela doença. “É fundamental o esquema vacinal completo para todos os elegíveis, a fim de proteger contra os casos graves e óbitos por covid-19, incluindo os relacionados à variante Delta, além da necessidade de ampliar e acelerar a vacinação”, disseram.

Novo Perfil da doença

A edição destacou que a proporção de casos de internações entre idosos, que atualmente é de 37,5%, ficou em 27,1% na semana 23, entre 6 e 12 de junho. Já a proporção do número de óbitos, que, na mesma semana era de 44,6%, agora está em 62,1%. O Boletim mostrou ainda uma redução importante da proporção de internações nas faixas etárias de 50 a 59 anos e uma diminuição discreta na faixa de 40 a 49 anos. Apesar disso, os cientistas alertaram que “qualquer conclusão sobre a mudança apontada no perfil da pandemia no Brasil ainda é precoce e deve ser acompanhada de perto nas próximas semanas”.

A positividade dos testes, que ainda continua alta, indica que há intensa circulação do vírus. A taxa de letalidade está em torno de 2,8%, patamar elevado em relação a países que adotam medidas de proteção coletiva, testagem em massa e cuidados intensivos para doentes graves. “O elevado patamar de risco de transmissão do vírus Sars-CoV-2 pode ser agravado pela maior transmissibilidade da variante Delta, em paralelo ao lento avanço da imunização entre os grupos mais jovens e mais expostos, combinado com maior circulação de pessoas pelo retorno das atividades de trabalho e educação. Nesse sentido, é importante refutar a ideia de que a vacinação protege integralmente as pessoas de serem infectadas e transmitir o vírus, o que pode se tornar um risco adicional com a nova variante de preocupação Delta”, relataram os cientistas.