Seja para ganhar o pão de cada dia, ir trabalhar ou viver um estilo de vida diferente, a motocicleta está na vida de milhares de brasileiros. Mas, quando o assunto é segurança, a vulnerabilidade do veículo não escolhe cilindrada ou finalidade, ceifando vidas anualmente nas ruas e rodovias de Mato Grosso do Sul.

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(Foto: Ranziel Oliveira / Jornal Midiamax)

Para quem utiliza o veículo como sustento da família há mais de 10 anos, vivenciar o trânsito da cidade é uma luta diária contra a negligência e falta de amor ao próximo. “Os motoristas fecham você de propósito, freiam bruscamente para entrar em uma vaga e não sinalizam. Tem muito motorista que anda com o celular na mão e você tem que ficar esperto”, disse ele.

Entre as corridas e as paradas para respirar, o entregador observa um combate diário nas ruas da Capital, seja por espaço ou para chegar primeiro. “Hoje em dia os motoristas e motociclistas não se respeitam. Eu ando com cautela, não vale a pena arriscar a vida por R$ 5 reais, tenho 4 filhos”, afirma.

Em outro ponto dessa realidade, existe o motociclista que utiliza a moto como meio de transporte para ir e voltar do trabalho. No caso do Cláudio Carneiro, de 40 anos, a sua popular Titan CG o leva para o emprego às 8 horas e o traz de volta às 16 horas. Nesse meio tempo, é fácil identificar os problemas nas ruas da Capital. “O trânsito não é seguro, falta responsabilidade dos pedestres, motociclistas e motoristas. O problema é o condutor, falta consciência”, disse ele.   

Estilo de vida

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(Foto: Arquivo pessoal)

A bordo de uma Shadow 750, Ricardo Godoy, de 45 anos, é um aficionado pela liberdade da estrada, vivendo no meio custom há cerca de 25 anos. Depois de quase três décadas de estrada, o motociclista vivenciou a evolução das rodovias e de seus perigos.

“As rodovias estão melhores para quem gosta de viajar de moto. Não tem perigo de estourar o pneu em um buraco, mas os abusos aumentaram bastante e facilitou a imprudência. Você tem excesso de velocidade e ultrapassagem em locais não permitidos. A pessoa não tem paciência de ficar atrás de uma carreta, e acaba gerando imprudência e até acidentes”, disse Ricardo Godoy.

Com 20 anos de moto clube, a estrada se tornou uma companheira frequente e acidentes um temor constante. Para ele, o problema está longe de ser a rodovia, mas sim de quem trafega por ela. “A solução é conscientização, por mais que exista fiscalização ela não vai estar em todos os pontos da rodovia. Por isso, vai da consciência do motociclista fazer o que é certo no seu role ou viagem”, finalizou.

Frota e acidentes

Conforme o (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), 43,20% dos condutores do Estado possuem carteira AB, habilitados para carro e moto, número que corresponde a 529.558 condutores. Além disso, 4,62% possuem somente a categoria A que representa 56.610 motociclistas. 

De acordo com os dados do Ministério da Infraestrutura, publicados no Renaest (Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito), as motos lideraram o ranking de acidentes de trânsito no ano de 2020, em Mato Grosso do Sul, com 58,33%.