Evento debate inserção de meninas e mulheres em carreiras científicas

Apresentando dados de pesquisas locais, nacionais e internacionais que tratam da participação feminina na ciência e tecnologia e das barreiras que prejudicam a equidade de gêneros na área, o evento “Elas na Ciência” propôs maneiras para aumentar a inserção de mulheres nas carreiras científicas. Transmitido pelo canal do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul […]
| 13/02/2021
- 03:28
Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação / IFMS)
Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação / IFMS) - Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação / IFMS)

Apresentando dados de pesquisas locais, nacionais e internacionais que tratam da participação feminina na ciência e tecnologia e das barreiras que prejudicam a equidade de gêneros na área, o evento “Elas na Ciência” propôs maneiras para aumentar a inserção de mulheres nas carreiras científicas.

Transmitido pelo canal do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) no YouTube, o evento organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Graduação (Propi) foi realizado nssa quinta-feira, 11, data em que se comemora o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência.

A professora Eliade Ferreira Lima, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), apresentou dados de pesquisas realizadas no Brasil, na América Latina e na Europa. Os estudos mostram que meninas apresentam menos interesse em carreiras científicas nas áreas STEAM (sigla em inglês de Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics), especialmente a partir do ensino médio.

 

“O PISA [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes] nos mostra que até os 15 anos o interesse e o desempenho das meninas e dos meninos nas ciências exatas são muito semelhantes. É nessa idade que se evidencia a perda do interesse feminino na área. Dados do Enem na região de , por exemplo, mostram que as mulheres têm notas menores em todas as áreas, especialmente nas exatas”, afirmou.

“A solução passa por professores e pais que falem sobre ciência e tecnologia e as incentivem a participar da área, com exemplos de cientistas de sucesso, experiências práticas, aplicação na vida real e confiança na igualdade intelectual”, elencou Eliade Lima.

Entre as razões apresentadas por Eliade para a menor incidência do “pensamento de cientista” em meninas estão a ausência de autoconfiança, a falta de modelos femininos na área e a influência dos estereótipos de gêneros, em especial a forma como as meninas são expostas a eles, que criam questões estruturais na sociedade.

 

“As meninas conseguem se sair melhor quando repetem o que veem em sala de aula, enquanto os meninos se destacam quando são levados a pensar como cientista: formular situações e interpretar fenômenos. Na ausência de autoconfiança, as meninas não se dão a liberdade de pensar como cientistas, tentar e falhar. Quando elas são igualmente confiantes em suas habilidades, o desempenho é semelhante”, refletiu a professora, citando pesquisas que corroboram a análise.

Eliade acredita que esta realidade pode mudar a partir do estímulo à alfabetização científica, desde o ensino fundamental, em que se mostrem a importância e a aplicabilidade da ciência, tanto para meninos quanto para meninas, e também com ações que fomentem a representatividade feminina na área e que sirvam de modelos às meninas.

“A solução passa por professores e pais que falem sobre ciência e tecnologia e as incentivem a participar da área, com exemplos de cientistas de sucesso, experiências práticas, aplicação da ciência na vida real e confiança na igualdade intelectual”, elencou.

 

Entre os exemplos de ações práticas citadas por Eliade e que podem ser adotadas estão a realização de projetos de extensão que propiciem o protagonismo feminino nas áreas de ciência e tecnologia, o incentivo a metas que melhorem a representação feminina em cargos de gerência, a criação de políticas de combate ao assédio moral e sexual e o estímulo à participação de mulheres em editais como o “Meninas Digitais”, da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), e “Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação”, do CNPq.

O evento contou ainda com a palestra da professora do Campus do IFMS, Marcia Ferreira Cristaldo, em que foram abordados temas como contextualização, preconceitos, mulheres de destaque na tecnologia, e desafios para no mercado de trabalho.

A pró-reitora de Ensino do IFMS, Claudia Fernandes, a professora Marta Luzzi, e 11 estudantes e ex-estudantes do Instituto apresentaram o Grupo NuAr, originalmente criado no Campus Campo Grande, e detalharam o projeto “Ctrl+femme: Histórias de mulheres no mundo da tecnologia”, cujo objetivo é a publicação de um livro sobre o tema. O livro também conta com a participação da professora Marcia Ferreira Cristaldo.

Na página “Elas na Ciência” é possível conferir mais informações sobre o tema e depoimentos sobre meninas e mulheres pesquisadoras que atuam no IFMS.

“Mulheres e meninas são essenciais na busca por soluções para os maiores desafios que vivemos. Devem ser ouvidas, valorizadas e celebradas em toda a sociedade. Tudo começa com as mulheres”, pontuou a reitora do IFMS, Elaine Cassiano.

Apoio Institucional – Além das reflexões sobre o tema, o evento marcou o lançamento do edital Meninas e Mulheres na Ciência, destinado ao fomento à participação feminina em projetos de pesquisa por meio da oferta de bolsas de iniciação científica exclusivamente a alunas matriculadas no IFMS.

Segundo o pró-reitor de Pesquisa, Inovação e , Danilo Sá Teles, o edital busca promover a equidade entre meninos e meninas e contribuir para o acesso, a permanência e o êxito das estudantes.

“A pretensão do edital é diminuir a assimetria de gênero entre alunos e alunas bolsistas no IFMS. A partir da sua implementação, contribuímos para ampliar e pavimentar a ampla avenida já trilhada por cidadãs ávidas por entender e propor soluções aos grandes problemas brasileiros”.

A reitora, Elaine Cassiano, destacou que tanto o edital quanto a realização do evento estão alinhados à missão e aos princípios do IFMS, que estão relacionados com a oportunidade a todos, independentemente do gênero.

“Construir um futuro sustentável para todos significa não deixar ninguém para trás. Quando dissemos ninguém, é ninguém. Mulheres e meninas são essenciais na busca por soluções para os maiores desafios que vivemos. Devem ser ouvidas, valorizadas e celebradas em toda a sociedade. Tudo começa com as mulheres”, pontuou.

O edital Meninas e Mulheres na Ciência, que está publicado na Central de Seleção do IFMS, destina o valor global de R$ 57 mil ao de projetos de pesquisa com a participação de alunas da instituição, sendo R$ 9 mil para aquisição de itens de custeio e R$ 48 mil para o pagamento de bolsas de pesquisa. As propostas deverão ser submetidas pelos coordenadores entre os dias 19 de fevereiro e 7 de março. (Informações da assessoria)

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