O Dia Mundial sem Carro é comemorado nesta quarta-feira (22), mas deixar o veículo de lado e utilizar outros meios de transporte não é uma tarefa fácil. As principais alternativas aos automóveis enfrentam barreiras como o calor e a insegurança com trânsito que impedem o aumento no número de utilizadores.
Primeiro, é importante ressaltar que a data tem como objetivo fazer as pessoas refletirem e incentivá-las a deixar o carro na garagem e utilizar outro meio de transporte, promovendo, assim, a sustentabilidade e a qualidade de vida nas pessoas, que criaram dependência a seus automóveis.
Mas, afinal, qual o meio de transporte mais eficiente?
Em Campo Grande, o coletivo "Bici nos planos CG" promoveu, em 2019, o Desafio Intermodal, que teve como objetivo analisar qual o meio de transporte mais eficiente, ou seja, aquele em que menos distância, tempo e dinheiro são necessários para te levar do ponto A ao ponto B. Critérios como conforto e nível de poluição emitido também foram levados em conta.
O resultado surpreendeu. O automóvel foi apenas o 5º colocado, atrás da bicicleta, bicicleta elétrica, moto e corrida a pé. A lista ainda tem: caminhada, carro de aplicativo, ciclovia, ônibus e, por fim, táxi.
"Já foram feitas várias ações em Campo Grande para mostrar que bicicleta é uma opção de veículo, que pode ser usada para o que ela foi criada: meio de transporte".
Por que é tão difícil 'largar' o carro?
A maioria das pessoas já entendeu que o carro é um meio de transporte que contribui para a destruição do meio ambiente e que prejudica a mobilidade nas cidades. Porém, fatores como a precariedade na estrutura de outros modais e até mesmo o calor impedem que mais pessoas procurem por alternativas.
Apesar de não conhecer o Dia Mundial sem Carro, a monitora escolar Jaqueline Leirias, 38 anos, disse que substituir o carro é complicado. "Tenho crianças. Até moro perto do meu trabalho e daria para ir a pé deixar as crianças na escola, mas eles não gostam muito de andar e Campo Grande é muito quente", declarou.
Para a aposentada Eliane Buain Coelho, 64 anos, a proposta é interessante, mas "depois que acostuma com o carro é difícil largar". Para ela, a ideia é interessante para famílias que possuem mais de um automóvel na garagem. "Podem deixar um na garagem e usar só um. É complicado, pois, além de suar, nós não temos o hábito da bicicleta em Campo Grande", analisou.
Nem sempre é impossível...
Uma das opções é o transporte público. Porém, como relatado diariamente pelo Jornal Midiamax, a qualidade desse serviço em Campo Grande é alvo de reclamações por parte dos usuários, que enfrentam ônibus lotados, atrasos e falta de rotas acessíveis.
Para o fotojornalista Leonardo de França, a ideia de ir trabalhar de ônibus está fora de questão. "Vou de bike para o jornal todo dia e levo apenas 15 minutos. Se fosse de ônibus, precisaria sair uns 40 minutos antes de casa. Moro apenas a 4 km, mas precisaria pegar 2 ônibus para chegar ao jornal. Para mim, ônibus é desvantagem total. Até se eu fosse andando eu chegaria mais rápido", avaliou.
Nova opção em Campo Grande
O aplicativo de aluguel de patinetes, FlipOn, iniciou sua atuação em Campo Grande em 2020. O serviço funciona da seguinte forma: o cliente baixa o app, faz o cadastro e precisa estar dentro das áreas de bloqueio/desbloqueio dos patinetes.
Patinetes de aluguel estão distribuídos em regiões de Campo Grande - Foto: Henrique Arakaki / Midiamax
Ao entrar em uma dessas regiões, basicamente na região Central, Jardim dos Estados, Santa Fé e Parque dos Poderes, o usuário pode encontrar um patinete disponível. Então, basta colocar créditos e liberar o uso do equipamento. Apesar de só poder pegar ou entregar o patinete nessas regiões, a mobilidade está liberada por toda a cidade, já que o usuário é monitorado via GPS.
Porém, a alternativa é utilizada apenas para lazer, uma vez que os preços são bem salgados para uso diário: R$ 3,20 para desbloquear e R$ 30 por hora (mas a cobrança é feita em R$ 0,50 por minuto).