Começou nesta quinta-feira (22) e vai até sexta-feira (23) a Cúpula de Líderes sobre o Clima, encontro virtual entre mais 40 chefes de Estado e de governo, incluindo o presidente da República, Jair Bolsonaro. A reunião foi convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para preparar o debate sobre redução de gases do efeito estufa, aquecimento global e meio ambiente como um todo como preparação da COP26, marcada para novembro.

A Amazônia voltou ao centro das discussões internacionais durante o discurso de Bolsonaro. Ele se comprometeu a reforçar o combate ao desmatamento e a redução da emissão de gases. Para ambientalista ouvido pelo Jornal Midiamax, as medidas são essenciais para o País reconquistar o protagonismo na conservação ambiental.

Diretor de Relações Instuticionais do Instituto Homem Pantaneiro, Ângelo Rabelo disse que a preservação da Amazônia passa também pelo equilíbrio do . “Estudos já mostraram que a Amazônia tem alto potencial de chuva e o Pantanal depende disso. Vivemos em 2020 um momento sem precedentes em 40 anos”, explicou, em referência à temporada de incêndios que destruiu boa parte da região no ano passado.

Rabelo destacou que o Pantanal é modelo da conciliação entre agropecuária e preservação. “O Pantanal tem o seu diferencial sendo exemplo de aliar a atividade econômica e a conservação. Precisamos desse compromisso forte dos órgãos para uma fiscalização intensiva. O fogo, além de ter uma conotação negativa para nossa imagem, acaba colaborando com as emissões”, destacou.

Para 2021, o diretor do instituto antecipou que o Pantanal ainda passará o ano com menos chuvas, mas já se prepara o período de queimadas. “A lição que ficou de 2020 é a falha na prevenção. Precisamos unir a iniciativa de governo com o terceiro setor para evitar eventos extremos”, aponta.

Ele ainda afirma que a conservação não precisa partir apenas do Poder Público. “Não podemos nos ancorar apenas no presidente da República. A sociedade tem que dar uma resposta, por meio de doações, de trabalho voluntário. Como disse o presidente [dos EUA, Joe] Biden, esta é a década da encruzilhada. As ações têm que começar pelos indivíduos e terminar nos líderes”, finalizou.

Pantanal em chamas

2020 foi o ano da quebra de recordes no Pantanal, mas negativos. O índice de queimadas registrado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) foi o maior da história.

Desde 1998, quando começou o monitoramento de incêndios ambientais não havia sido registrada tamanha destruição por queimadas. Apenas em 2020, foram 22.116 focos de incêndio contabilizados pelo Inpe. O bioma faz parte do território de e Mato Grosso.

Além de ser o maior registro histórico de queimadas, esta foi a primeira vez em que o Pantanal registrou mais de 12,5 mil focos de incêndio. Antes, o recorde de queimadas era de 12.536 focos, em 2005. Então, se comparado o mesmo período dos anos com maiores índices de queimadas, o aumento do último ano foi de 76.41%.

Indo mais além, 2020 teve mais focos de incêndio no Pantanal do que os três anos anteriores juntos. Em 2019 foram 10.025 focos, em 2018 foram 1.691 e 2017 registrou 5.773. Com isso, somam 17.489 focos de queimadas.

Para evitar outra grande devastação ao bioma do Pantanal, o governo de Mato Grosso do Sul lançou o Plano Estadual de Combate a Incêndios Florestais, que prevê uma série de ações como treinamento de equipes, aquisição de veículos, equipamentos e até um avião Air Tractor – modelo norte-americano capacitado para combate de alta precisão a incêndios florestais.

No total, o governo disponibilizou R$ 56,6 milhões para implantar o plano, que deverá garantir um preparo maior diante de uma situação que já é prevista para 2021 pela meteorologia: chuvas mais escassas e tempo favorável para a propagação de grandes incêndios florestais, principalmente no Pantanal. O plano prevê também a intensificação da fiscalização preventiva ao longo das estradas e linhões de energia e do monitoramento climático.

A consolidação de um plano estratégico para o Pantanal inclui  meios eficientes de de animais das áreas queimadas e a manutenção e implantação das estradas que cortam o bioma, garantindo acesso terrestre fácil e rápido às áreas de focos de calor, evitando maior propagação dos incêndios.