Com raras exceções, prática de esportes olímpicos em Campo Grande fica no lazer
Esportes olímpicos tradicionais como os de atletismo e alguns esportes coletivos possuem estrutura boa para recreação, mas deficitária para alto rendimento
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Passadas as Olimpíadas de Tóquio 2020, a mais proveitosa da história do Brasil, em que batemos o recorde de medalhas, 21 no total, sendo 7 de ouro, fica a expectativa para que o país mantenha o crescimento no desempenho para as próximas edições. Porém, para isso acontecer, é preciso que haja uma contribuição em massa de todas as regiões do Brasil, principalmente na identificação de talentos e na viabilização desses talentos até o alto rendimento.
E qual é a estrutura de Campo Grande para formação de atletas que possam chegar às Olimpíadas?
Uma coisa fica clara: a eventual participação da Capital se daria principalmente na formação. Isso porque a estrutura para realização dos esportes olímpicos tradicionais é limitada, quando pensamos em alto rendimento. Selecionamos alguns dos principais esportes olímpicos para saber qual é a estrutura física e humana para formação de atletas olímpicos.
A principal iniciativa é do Poder Público, majoritariamente da Prefeitura de Campo Grande. São dois grandes centros, o CEMTE (Centro Municipal de Treinamento Esportivo) e CEFAT (Centro de Formação de Atleta) que abrangem vários esportes olímpicos, além de algumas iniciativas singularizadas.
Parque Ayrton Senna
O parque Ayrton Senna é um dos principais polos para prática esportiva de jovens em Campo Grande. Alex Manoel é coordenador pedagógico do projeto que contempla handebol, futebol vôlei e judô.
Ele explica que o projeto é voltado para recreação e lazer dos participantes e que o alto rendimento não é o objetivo principal. “Os alunos podem se identificar com a modalidade e buscar o alto rendimento caso achem necessidade em crescer no esporte”, diz ele.
Em algumas modalidades existem turmas de adultos, adolescentes e crianças, e, em outras, somente para a faixa etária dos 9 aos 14 anos.
“Hoje o parque Ayrton Senna, por mais completo que seja, podendo atender todas as modalidades citadas tendo a possibilidade de natação também só atende algumas, devido ao uso da estrutura para a vacinação”.
Atletismo
A formação ofertada no atletismo visa tão somente o fomento da prática dos esportes. “Infelizmente não temos apoio financeiro (patrocínio) para os atletas, certamente a falta desse apoio dificulta muito o melhoramento dos resultados”, diz Sílvia Fernanda de Jesus Queiroz, que coordena o projeto de atletismo no Ayrton Senna.
Ela explica que a modalidade é ofertada à população da Capital por meio de oficinas que existem nos parques da cidade. “Atendemos iniciação infantil a partir dos 7 anos de idade, temos turmas voltadas ao preparo dos jogos escolares e também adultos, temos profissionais habilitados em todos os polos”.
Sobre a estrutura e material humano, ela diz que todos os professores que trabalham com a modalidade são profissionais de Educação Física com registro e experiência na área.
Sílvia bate na tecla da falta de apoio financeiro como um dos maiores empecilhos. “Somente nisso Campo Grande fica pra trás comparada a grandes centros. Um atleta precisa de muito investimento, não somente estrutura, vai muito além, a rotina de treinamento para alcançar uma vaga olímpica, por exemplo, exige no mínimo de 8 a 10 horas de treinamento diários, sem um patrocínio fica humanamente impossível, fora suplementação, dieta equilibrada, fisioterapia, tênis, sapatilhas etc.”.
Ginástica Artística
A ginástica talvez seja um dos esportes olímpicos com mais estrutura em Campo Grande. Antes da pandemia, o projeto da Prefeitura, que é realizado no CEFAT, possuía mais de 400 crianças.
O projeto atende crianças de 5 a 13 anos. “Atualmente, temos uma lista de espera de 120 crianças”, diz Elaine Mitsuko Nagano, coordenadora do projeto.
Ela explica que apesar de parte do trabalho ser feito no contexto do lazer, o trabalho também identifica atletas com potencial e faz um trabalho específico. “Quando identificamos potencial em uma criança, colocamos ela numa turma mais avançada onde o trabalho é feito de forma diferenciada, com nível maior”.
Campo Grande possui dois times mirins, que inclusive estão prestes a disputar o Campeonato Brasileiro.
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