#CG122: Berço da cultura de Campo Grande, Amambaí mantém charme com arquitetura de época e arborização
Sem ‘boom imobiliário’, moradores que herdaram imóveis decidiram manter a história do bairro
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Criado há cerca de um século, o bairro Amambaí é um dos mais antigos de Campo Grande e ainda hoje mantém seu charme com traços arquitetônicos característicos da época e muito verde. Ao passear pelas ruas do bairro, é possível perceber aspectos que não são encontrados em outras regiões da cidade, como a arquitetura inspirada em cidades italianas, as ruas diagonais e locais com o traçado de ‘pata de ganso’. Além disso, o bairro foi moradia de diversos artistas e berço do grupo Acaba, um dos mais tradicionais de Mato Grosso do Sul.
A história do bairro Amambaí começa ainda nos anos 20, com terrenos adquiridos para atender os militares em Campo Grande. A planta do bairro foi feita na Seção de Engenharia da Intendência Municipal e o chefe era o engenheiro Camillo Boni. O bairro preserva até hoje características que foram determinadas em seu projeto.
Entre elas, havia uma determinação de que os estabelecimentos comerciais deveriam ficar localizados nas esquinas do bairro. Além disso, uma norma determinava o plantio obrigatório de árvores em cada lote, as casas deveriam ficar ao centro do terreno. Devido à determinação, o bairro acabou se tornando um local bastante arborizado, desde sua criação.
“O traçado original [do Amambaí] sofreu alterações, muitas áreas públicas não se consolidaram, mas ele é um bairro que já nasceu com a proposta de ser arborizado”, comenta o arquiteto da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), Bruno Ferreira.
O arquiteto e urbanista Ângelo Arruda explica que Camillo Boni e sua equipe projetaram o bairro Amambaí com um traçado barroco, de formato sinuoso e irregular. “A sinuosidade existente no traçado viário do Amambaí é condizente com a sua condição topográfica o que permite afirmar que há uma correta aplicação das curvas projetadas com as curvas naturais do terreno e, com isso, o sistema de drenagem construído nos anos 60 é bastante eficiente”, escreveu em um ensaio sobre a formação urbana do bairro.
Bruno Ferreira afirma que o bairro tem o traçado das ruas diagonais inspirado nas cidades italianas. “O que fica característico [do bairro] é esse tipo de desenho ‘pata de ganso’, que vai ser onde temos a praça na Salgado Filho com a Bandeirantes e a rua Iguaçu. Ali forma esse tipo de desenho que a gente chama de ‘pata de ganso’, sai de forma radial, é um tipo de desenho que nasce na França”.
O arquiteto da Planurb ressalta que o bairro surge com a ocupação de militares de baixa patente em Campo Grande. Depois, o Amambaí também passou a ser habitado por militares de alta patente.
Para o professor Ângelo Arruda, outra característica marcante do bairro Amambaí é a existência de praças. Acredita-se que a maior delas teria sido prevista para a área que hoje é a Igreja Perpétuo Socorro. Nos anos 50, foi construída a praça Cuiabá, ao lado do Mercado Antônio Valente. Em 1992, a área foi urbanizada e se transformou na Praça das Araras.
Em ensaio sobre o bairro Amambaí, Arruda explica que a ocupação original deu-se através da construção residencial e de algumas casas comerciais ao longo da rua 26 de Agosto. A princípio, as casas eram bem simples. “Com programa de quatro cômodos — sala de visitas, dormitório, sala de jantar e cozinha —, o banheiro está localizado na parte externa”.
Amambaí também foi berço da música em Campo Grande
Além da arquitetura marcante, o bairro Amambaí também foi berço da cultura campo-grandense. Diversos artistas moraram no bairro, mas um fato importante é que foi ali que nasceu o grupo Acaba. Uma curiosidade é que o grupo leva o bairro Amambaí em sua essência desde o começo. O nome do grupo, inicialmente, era uma sigla: Associação dos Compositores Autônomos do Bairro Amambaí.
Um dos integrantes, Moacir Saturnino de Lacerda, explica que o grupo nasceu em uma escola do bairro. “A escola abrigava pessoas do bairro e do centro da cidade. E aí juntou os amigos que eram ligados à cultura, tinham talento para música, teatro e literatura. Participávamos de festivais de músicas e tínhamos uma temática particular: o Pantanal”, relata. A formação do grupo foi oficializada em 1971, com quatro integrantes: Moacir Lacerda, Vera Gasparotto, Luiz Porfírio e Vandir Barreto.
Moacir conta que a trajetória do grupo musical coincide com a história do bairro justamente porque o Amambaí tinha um cenário cultural muito rico. “Ali morava Delinha, Zé Corrêa, João Pacífico, Beto e Betinha, diversas pessoas da cena cultural. Dos bairros de Campo Grande, era o mais cultural, o mais musical”, relembra o músico.
O músico do grupo Acaba ressalta que ainda hoje o bairro Amambaí preserva características que o tornam único em Campo Grande. Ele explica que um dos fatores que contribuiu para isso é que muitos imóveis continuam na mesma família.
“Ainda hoje continua sendo [um bairro] diferente, mantendo suas características antigas. Não houve um grande boom imobiliário, os herdeiros mantiveram os imóveis com suas características, o Amambaí manteve sua personalidade”.
Moacir morou por pelo menos 35 anos no Amambaí e opina que o bairro precisa fomentar o lazer e a cultura. O músico sugere envolver os jovens do bairro em atividades culturais, com lazer, teatro, biblioteca e uma concha acústica para apresentações musicais. “É um bairro que perdeu sua expressão cultural. Falta oportunidade para desenvolver a cultura, a música e os esportes”.
Raio-x do Amambaí
Mas, afinal, quem são os moradores do bairro Amambaí? Dados divulgados pelo Perfil Socioeconômico de Campo Grande dão pistas sobre quem são os habitantes do bairro.
Os dados foram divulgados com base em pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas é importante lembrar que o último censo tem informações de mais de uma década atrás. O censo é realizado a cada 10 anos.
Conforme informações do perfil do bairro Amambaí, ao todo são 8.190 moradores. Os habitantes têm, em média, 38 anos e cada casa tem pelo menos dois moradores. Com relação à renda, cada domicílio tem uma renda mensal média de R$ 3,5 mil. A renda per capita no bairro Amambaí é de R$ 1.285,40.
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