Em Campo Grande, o valor da cesta básica aumentou R$ 133 em um ano, sendo a 2ª maior alta entre as capitais brasileiras. O aumento nos preços dos produtos fez com que campo-grandenses reduzissem o consumo de certos alimentos, como legumes e verduras, chegando até a cortar da dieta outros que tiveram uma alta mais expressiva, como leite e derivados.
Segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), no mês de outubro deste ano, a relação dos alimentos básicos custava R$ 653,40 na capital sul-mato-grossense, enquanto em outubro de 2020 o valor da cesta básica estava em R$ 520,12.
Dessa forma, moradores da Capital tiveram que fazer ajustes na hora de ir às compras no mercado. A cuidadora de idosos, Adriana Aparecida de Souza, de 43 anos, conta que precisou abolir o hábito das compras do mês. “Subiu tudo no mercado, primeiro você ia com R$ 200, R$ 300 e fazia a compra, hoje você não compra nem a metade. Você compra o básico e vai indo”, afirma Souza.
A cuidadora mora com o esposo e pontua que só compra itens básicos nas idas semanais ao mercado. “Arroz, feijão, óleo, [produtos de] higiene, carne, supérfluos agora tem que esperar”, conta.
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Já para Paula Natália da Silva Leão, de 31 anos, o aumento nos preços dos alimentos impactou ainda mais na renda. Desempregada, o Bolsa Família é a única fonte de renda da família formada por ela e três filhas, de 3, 9 e 14 anos. “Foi um aumento tão grande que eu tive que pedir cesta básica para o CRAS [Centro de Referência da Assistência Social]”, narra Leão.
Segundo ela foi necessário reduzir o consumo de carne vermelha e branca, passando a ter o ovo como principal fonte de proteína. “A gente está consumindo bem mais ovo, mas o ovo também deu uma elevada. Arroz a gente deu uma diminuída também, a gente está maneirando nas coisas”, conta.
O consumo de legumes e vegetais foi o que mais sofreu mudanças no lar da família, além do leite. “A gente quase não está comendo [vegetais], porque o preço foi lá em cima”, conta ela.
A mãe busca outras alternativas para alimentar as filhas. “Não está sendo fácil, leite então estou comprando bem de vez em quando, começamos a tomar bastante chá”, afirma.
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O casal Rosely Miranda e Rafael Miranda também eram beneficiários do programa Bolsa Família. O valor do programa complementava a renda composta pelo salário dele de auxiliar de serviços gerais. Pais de três filhos, um menino de 9 anos e duas meninas de 4 e 7 anos, eles aguardam a chegada de mais um membro da família, que está na barriga de Rosely. Para alimentar a família, o casal faz pesquisa de preço antes de comprar os produtos.

“A gente procura os mercados que estão na promoção, mas é meio difícil, todos estão caros”, lamenta Rosely. “A gente costumava comer [verduras e legumes] quase todo dia, agora a gente come duas, três vezes na semana, ou menos até”, explica Rafael.
A mulher conta ainda que leite e derivados como leite condensado e creme de leite foram excluídos das compras e que biscoitos para as crianças passaram a ser controlados. “Eu tento ficar regulando”, pontua a mãe.