Aumento do abandono de animais no fim de ano preocupa abrigos em Campo Grande
Ao viajar, tutores devem garantir a melhor opção de cuidado para o pet, orientam ONGs
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Com as festas de fim de ano chegando, muitas famílias deixam as cidades e partem para outros destinos para aproveitar os dias de descanso. Para aqueles que têm animais de estimação, uma das alternativas é levar o pet na viagem, mas há muitos que não conseguem levá-los e, ao invés de deixá-los com alguém de confiança, optam pelo abandono. Por isso, o aumento de abandono preocupa as ONGs de Campo Grande.
Conforme Paola Sousa Brizueña, do Instituto Guarda Animal, as festas de final de ano são consideradas o período mais crítico das ONGs, que pouco recebem doações e é quando surgem mais animais abandonados. “As pessoas viajam e não têm quem cuide de seus animais e acabam abandonando. Final do ano é a pior época para adoções e ajudas”, disse.
Ainda segundo ela, a preocupação se torna ainda maior, pois o instituto não tem capacidade atualmente para acolher novos animais. A melhor forma de resolver a situação é o dono se precaver e procurar um cuidador temporário para o pet. “Como estamos lotadas, não temos muito o que fazer. Não temos como acolher esses animais [abandonados]. Não temos nem espaço”, informou.
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Alternativas
Planejados para receber um determinado número de cães e gatos, os abrigos das ONGs ou as casas de protetores independentes convivem com o problema da falta de espaço e estrutura para dar conta da demanda diária de resgates. A chegada das festas de fim de ano e das férias escolares agrava uma situação já prejudicada pela pandemia — pela pausa nos eventos de adoção — e é uma preocupação a mais para quem dedica a vida a cuidar dos animais.
“A irresponsabilidade de muita gente faz com que uma viagem seja uma razão para abandonar um animal, o que é uma tristeza. Por causa da pandemia, as pessoas ficaram muito tempo sem viajar e agora é a primeira oportunidade depois de muito tempo. Então, a preocupação dos protetores e das ONGs é gigantesca”, comenta o jornalista Celso Zucatelli, sócio do aplicativo PetPonto, um espaço para cuidadores divulgarem cães e gatos disponíveis para adoção.
Na rotina dos protetores, estão casos de resgates de animais deixados na rua porque os moradores saíram de férias ou mesmo o abandono domiciliar, em que a pessoa viaja e deixa o pet trancado sem assistência, apenas com água e ração. Há ainda quem cogite entregar o cão ou gato para ONGs sem pensar que, em decorrência da superlotação desses abrigos, os acolhidos acabam ocupando locais improvisados diante do excesso de animais. Em épocas de fortes chuvas, como a atual, a situação piora, pois muitas ONGs não têm recursos para montar uma estrutura coberta nos canis.
“É uma época que temos de tomar bastante cuidado e conscientizar as pessoas que o abandono é crime, que os animais não se viram sozinhos, que sofrem bastante e podem morrer atropelados, envenenados, é algo muito grave”, alerta a gerente de projetos da AMPARA Animal, Rosângela Gebara.
Se a pessoa pretende aproveitar o período de festas para viajar e não pode incluir o animal de estimação na viagem, Rosângela explica que os tutores devem optar por saídas responsáveis como deixar o pet sob os cuidados de um familiar ou amigo, em um hotel especializado ou contratar um profissional pet sitter, que irá passear e olhar o cão ou gato diariamente durante a ausência dos donos.
Para aqueles animais que ainda não tiveram a sorte de sair dos lares temporários e abrigos, a adoção é a chance de ter uma vida mais digna. Para encontrar o pet ideal, existem muitas formas. Além da divulgação de animais disponíveis para adoção nas redes sociais, como realiza a AMPARA Animal, considerada a “ONG mãe” de mais de 450 abrigos, é possível encontrar um novo melhor amigo via aplicativo PetPonto, o “Tinder dos pets e adotantes”.
Na plataforma digital gratuita, a pessoa visualiza quase 2 mil perfis de pets resgatados das ruas ou de situações de maus-tratos em todo Brasil. As ONGs e os protetores usam a ferramenta para a divulgação dos animais abrigados e o candidato a adotante faz uma busca, que pode ser filtrada pelas características do animal e/ou da família, preferências de porte e personalidade, e também pode ser realizada por geolocalização, facilitando a aproximação com o local do abrigo temporário.
Caminho além da adoção
Caso não seja possível adotar um pet no momento, há ainda outro caminho para tornar a vida de um animal mais confortável na espera por uma família. A AMPARA Animal recebe doações financeiras, que auxiliam no pagamento de ração, medicamentos, vacinas, atendimento veterinário, eventos de adoção e projetos de conscientização.
Os custos mensais, que já eram grandes, tiveram um acréscimo expressivo em um item fundamental: a ração. Conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), principal medidor da inflação do país, os alimentos para animais tiveram um aumento de 24,5% no acumulado dos últimos 12 meses. O impacto nas contas das organizações de defesa animal é direto porque, mesmo que o número de pets acolhidos não cresça, a conta já aumentou.
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