Após vender tudo, família de surdos cai em golpe e atendente ajuda a bancar passagens
Uma família de surdos-mudos foi vítima de golpe e ficou sem ter para onde ir após vender tudo o que tinha para ir embora para o Nordeste. Ao chegarem no Aeroporto Internacional de Campo Grande, os pais que tinham vindo do interior de Mato Grosso do Sul descobriram que tinham comprado bilhetes falsos. Com três […]
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Uma família de surdos-mudos foi vítima de golpe e ficou sem ter para onde ir após vender tudo o que tinha para ir embora para o Nordeste. Ao chegarem no Aeroporto Internacional de Campo Grande, os pais que tinham vindo do interior de Mato Grosso do Sul descobriram que tinham comprado bilhetes falsos. Com três crianças, eles não tinham mais dinheiro suficiente para embarcar. A história que parecia ser só triste, no fim, mudou com a solidariedade do funcionário de uma empresa aérea, que ajudou eles a prosseguirem viagem.
O caso surreal ocorrido em Campo Grande veio à tona com postagem feita pelo presidente da Azul, John Rodgerson, na sexta-feira (19), elogiando a postura do atendente Raphael Cavaleiro. “O mais surpreendente foi a atitude de um dos nossos tripulantes da base, o Raphael Leiva Cavaleiro, que nos mostra que ao contrário da covardia dos bandidos, há pessoas que pensam no próximo e fazem o bem!”, afirmou o executivo.
Na postagem, ele conta que a família seguia para Recife para ver um parente em estado terminal. Mas, a situação real foi ainda mais grave e eles estavam de mudança para o outro lado do pais, detalha Raphael. “Eles vieram do interior. Eram cinco pessoas, o pai e a mãe – ambos deficientes auditivos, não falam nem escutam – uma criança de um ano e pouco e outro de dois anos. Tinha ainda uma mais filha de 9 anos que era quem guiava a família”, relembra, sobre o dia do atendimento.
A família se aproximou do guichê para embarcar e a menina, eloquente, contou que o pai estava desempregado e eles haviam vendido tudo o que tinham para ir morar com o avô. Durante a conversa, ao consultar o papel da reserva, Raphael percebeu que havia algo errado. “Eu vi que o papel não tinha localizador. Tentei procurar por nome em todos os voos, um dia antes, um dia depois e nada. Procurei pelo sistema de nomes para ver se emitiram com alguma data errada e nada. Aí eu fui perto da balança e falei bem pertinho para ela: o tio tem que te contar uma coisa: vocês caíram em um golpe”, detalhou.
Quando a menina contava a situação aos pais em libras, ele viu uma lágrima escorrer e ela tentando manter a calma. Pai de duas meninas, de 11 e 12 anos, Raphael pediu licença e foi até a área restrita aos funcionários para chorar. “Me perguntei porquê as pessoas fazem isso? Como tem pessoas más”, critica. “A menina era igual minha filha mais nova, o mesmo trejeito. Quando ela falou que eles nem cama tinham mais, eu pensei: cara, eles não vão conseguir nem voltar pra trás”, relembra.
Ao consultar a família sobre o ocorrido, ele havia descoberto que a compra foi feita pelo Facebook. Em conversa de WhattsApp, o golpista enviou um boleto no valor de R$ 1.400 destinado a Agência de Turismo Ltda. Após o pagamento, o telefone do casal foi bloqueado pelos golpistas e eles não conseguiram mais nenhum contato.
Emocionado, Raphael conta que conversou com o coordenador e disse que queria ajudar o casal. Ao retornar ao atendimento, ele veio decidido a custear a viagem. “Eu estava disposto a passar o valor integral até a quantia de R$ 2 mil que seria o que caberia no meu orçamento”, relembrou. No final, ele não precisou desembolsar toda a quantia. Ao perguntar se eles ainda tinham algum recurso, o casal dispunha de uma parte do valor. O que faltava, Raphael passou em seu próprio cartão de crédito. “Falei pra menina: o tio vai te ajudar e pagar o restante, mas vocês não vão deixar de viajar”, disse. No processo, ele manteve discrição inclusive para que a família não se sentisse constrangida.
Na memória vai ficar a imagem da menina na sala de embarque, com as mãos no vidro vendo o avião que pousava. “Ela falou: eu vou naquilo ali?”, relembra ele. Na despedida, ele tentou dar apenas um toque com a mão fechada, mas acabou recebendo abraços emocionados. No calor do momento, nenhum contato foi trocado para que pudessem se falar depois.
Discreto, Raphael manteve a história apenas na lembrança, mas os colegas contaram sua boa ação, que acabou chegando aos ouvidos do presidente da companhia. “Três dias depois recebi uma chamada de vídeo de São Paulo e era ele [John Rodgerson]. Ele disse que fui adiante para um atendimento de excelência”, conta. O reconhecimento ao trabalho veio com postagem nas redes sociais do executivo, na sexta-feira (19). Modesto, Raphael não foca no gesto de solidariedade. “Nós somos incentivados a ter essa sensibilidade e é por isso que nos diferenciamos das demais companhias”, credita. Confira abaixo a postagem do presidente da Azul sobre o caso:
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