O anúncio da revitalização de parte pertencente à Prefeitura do prédio da Antiga Rodoviária, prevista para ter início em 2022, tem animado tanto os comerciantes tradicionais dos arredores do prédio, quanto empresários novos atraídos pelas mudanças prometidas e que, mesmo antes do início das obras, já investem em novos empreendimentos.

É o caso de Eulâmpio Neto, que abriu uma conveniência de bebidas há apenas uma semana bem em frente ao prédio, na esquina da Rua Joaquim Nabuco com a Dom Aquino.

O empresário alugou e reformou o ponto com a esperança de que a tão sonhada revitalização saísse. Só não imaginou que seria tão rápido, apenas seis dias após abrir as portas.

“Eu já tenho outros negócios e queria investir há algum tempo no ramo de bebidas. Sempre ouvi falar que iam revitalizar aqui, e estou muito feliz que isso já vai acontecer bem agora que abri meu negócio”, conta Eulâmpio.

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Obras do Reviva já começaram (Foto: Marcos Ermínio)

Na prática, obras nos arredores já começaram de fato. Isso porque calçadas do quadrilátero do prédio e o das ruas estão sendo trocados, mas no âmbito do Reviva Campo Grande, mesmo projeto que revitalizou a Rua 14 de Julho. A principal reforma anunciada faz parte de outro pacote de obras, específico para o prédio.

A dona de uma loja de baterias que fica no prédio e não quis se identificar — por ainda ter receio do histórico de violência que se abateu sobre a região nos últimos anos — abriu o estabelecimento em maio deste ano. Segundo ela, o investimento foi feito já pensando numa possível revitalização.

“Vai ser uma maravilha porque tem muita gente que não vinha aqui com medo, agora imagino que isso vá mudar, pelo menos é o que esperamos”.

Dono de uma agência de viagens há vinte anos em frente ao prédio, Massato vê o anúncio como uma luz no fim do túnel. “Desde a desativação, nossa vida foi muito difícil e tudo ficou pior ainda com a pandemia. Agora nasce uma nova esperança, algo que esperamos há tanto tempo, que parecia até um sonho”, diz emocionado.

Um pouco mais afastado do prédio, mas dona de um tipo de comércio muito popular na região — os brechós — está Nívea Aparecida, de 40 anos. Ela abriu seu brechó um pouco antes da mudança, há mais de 10 anos.

“Acredito que vamos ter a oportunidade agora de ter novos públicos, pessoas que não costumavam vir aqui”.

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Rosane está intermediando a negociação para reforma da parte privada (Foto: Marcos Ermínio)

Parte privada

Ainda à margem das discussões está a parte do meio do prédio da rodoviária, que representa 90% da área construída e onde ficam as salas. Ao todo, são 233 salas que possuem 90 proprietários.

Segundo a síndica do prédio, Rosane Neli de Lima, que também tem comércio ao lado do local, a revitalização desse espaço terá de ser financiada pelos proprietários das salas, já que nenhum dinheiro público pode ser investido diretamente ali.

“Já temos uma assembleia marcada para semana que vem onde o principal assunto será como viabilizar essa revitalização”, diz ela.

O prazo da licitação da Prefeitura é de 120 dias. Rosane acredita que terá esse prazo para alinhar com os donos esse financiamento. O assunto não é simples, isso porque muitos condôminos possuem dívidas altíssimas e teriam de, além de investir, saldá-las.

“Não sabemos quanto vamos gastar, tudo isso vai ser discutido nas assembleias. Mas temos que fazer tudo junto da Prefeitura, para ficar uma revitalização uniforme”.

Rosane também diz que a procura por salas já começou e que muitos proprietários não têm mais interesse em vender. Os preços também começam a aumentar por conta do anúncio.

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Nívea está na região há 13 anos (Foto: Marcos Ermínio)

“Quem é dono não vai vender agora com essa perspectiva e se vender, o preço já não é mais o que era”.

Revitalização da Prefeitura

A Prefeitura irá atuar em cerca de 10 mil metros quadrados, que correspondem à parte pública do prédio, revitalizando as plataformas de embarque e desembarque, duas salas no piso superior e o entorno com calçamento, recapeamento, paisagismo, mobiliário urbano e acessibilidade.

Ao todo, serão mais de R$ 17 milhões investidos, já garantidos e reservados pela Caixa Econômica Federal que também vai vistoriar a execução das obras. A previsão de início das intervenções é no primeiro trimestre de 2022. Para o local, serão transferidos a Fundação Social do Trabalho (Funsat) e a Guarda Civil Metropolitana.