UFMS abre vagas para idosos em disciplinas de graduação e projetos de cultura, esporte e lazer
Até 2050, o número global de idosos – com mais de 60 anos – deverá ultrapassar dois bilhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. No Brasil, a estimativa é de que na década seguinte o número de idosos ultrapasse 73 milhões, representando um em cada quatro brasileiros. Esse panorama irreversível instiga […]
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Até 2050, o número global de idosos – com mais de 60 anos – deverá ultrapassar dois bilhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. No Brasil, a estimativa é de que na década seguinte o número de idosos ultrapasse 73 milhões, representando um em cada quatro brasileiros.
Esse panorama irreversível instiga as instituições, governo e sociedade a se prepararem para oferecer melhor qualidade de vida a essa faixa etária. Na UFMS, são muitos os projetos direcionados a esse público, embasados na responsabilidade social, com destaque para o Programa Institucional Universidade Aberta a Pessoa Idosa (UnAPI/UFMS), que “pauta-se nos princípios da extensão universitária como um processo interdisciplinar, educativo, cultural e científico que se articula ao Ensino e à Pesquisa; com a comunidade acadêmica e com a sociedade no sentido da transformação social”.
Em 2015, a UnAPI inovou e passou a ofertar aos idosos a possibilidade de se inscreverem em disciplinas de graduação e ações de extensão, cultura e esporte, com vagas previstas em edital. Em 2018 e 2019 foram ofertadas cerca de 600 vagas.
Para 2020, estão abertas as inscrições para 289 vagas em 34 disciplinas, uma ação de cultura e cinco de extensão. Há vagas na Cidade Universitária e nos câmpus do Pantanal, de Paranaíba e de Naviraí. Os idosos interessados terão os dias 27 e 28 de fevereiro para fazer a matrícula (veja local e horários abaixo).
Direitos da pessoa idosa
O coordenador do Programa de Extensão UnAPI, Eduardo Ramirez Meza, lembra que a ideia dessa iniciativa nasceu quando atuava no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, em Brasília. “Pude constatar a extensão do envelhecimento humano no Brasil e me questionar de que forma nós, enquanto Universidade, poderíamos e deveríamos nos relacionar com este fenômeno. E nosso fazer é, necessariamente, ensino, pesquisa e extensão”.
Relatos de professores, estudantes de graduação e pessoas idosas apontam para a importante troca de experiências estabelecida estes três segmentos, com resultados altamente benéficos para todos – e não apenas as pessoas idosas.
“Houve casos, inclusive, de pessoas idosas serem responsáveis por “puxar” a turma para frente, pois estudavam até mais do que os estudantes regularmente matriculados. Outro fator importante é, para os jovens, a possibilidade de buscar uma ressignificação do processo de envelhecimento e da própria velhice, por meio do contato direto com uma realidade que, muitas vezes, eles só conhecem por meio de estereótipos”, afirma Eduardo.
Essas oportunidades agem diretamente no bem-estar do idoso, como no despertar de curiosidades específicas. “É uma alegria quando conseguimos proporcionar este “casamento” da curiosidade com a informação de qualidade científica. Há pessoas idosas que vieram meio sem saber o que fazer e, ao final, relataram ter descoberto muitas coisas novas e, a partir delas, possui novas perspectivas. Outras relatam o benefício do próprio contato humano com os jovens que majoritariamente os acolhe muito bem”.
Integração na UnAPI
A oferta de disciplinas em cursos de graduação foi amplamente abraçada pelo casal Maria Célia de Oliveira Uehara 70 anos e Seioki Uehara, 75 anos, que cursaram por cinco anos a UnAPI e nos últimos anos frequentaram os bancos universitários em áreas variadas.
Introdução à Fisioterapia, Saúde do Idoso, Bioquímica II e Produção Agroecológica de Alimentos foram as disciplinas escolhidas por Maria Célia. “É muito interessante, nos ajuda a entender melhor o assunto, principalmente quando já temos uma base”.
Para a veterana da UnApi, que disse ter sido muito bem recebida pelos colegas de classes, o projeto possibilita “arejar a mente. É uma troca de experiência e conseguimos mostrar aos jovens que não somos tão caretas ou atrasados, como alguns imaginam”, diz Maria Célia.
Cursar a disciplina Jornalismo Interpretativo foi bastante proveitoso para Diomedes Fernandes Barbosa, 61 anos. “Foi ótimo, muita boa recepção, tanto do professor, quanto dos demais alunos que se interessaram pela troca de experiência e energia. Nós idosos temos muitas histórias e eles aptidões”, expõe.
Serralheiro, Diomedes disse que se matriculou na disciplina como forma de complementar o curso de Direito que está cursando em outra universidade. “O jornalismo interpretativo é muito legal, aprendi a interpretar melhor, pesquisar e construir textos. Esse projeto deve continuar dando essa oportunidade para os idosos. Estamos em uma fase em que o idoso deve voltar a estudar”, afirma Diomedes.
O professor Leandro Sauer, do Instituto de Matemática, ofertou dez vagas na disciplina Estatística I. “Achei a ideia de abrir vagas para idosos excelente. Entendo que a participação deles, com sua experiência de vida, é imprescindível ao ambiente universitário e a geração atual”.
Também da área de Matemática, a professora Aparecida Chiari abriu vagas em Cálculo 1. “Se temos a possibilidade de receber pessoas que têm interesse em transitar pela Universidade, acho que é nossa obrigação oferecermos vagas em nossas turmas, “afirma.
A professora, que lecionou para uma idosa que cursou a mesma disciplina em dois semestres, mas em cursos diferentes, disse que foi preciso adaptar algumas atividades, mas que a iniciativa foi muito positiva e pretende repeti-la este ano. “Essa aluna, que foi professora de Matemática por muitos anos, dava conselhos aos demais. Disse que gostaria de ter a cabeça que tem hoje com a idade deles. Gostei muito de recebê-la”.
Para o professor Marcelo Victor da Rosa, do curso de Educação Física, da Faculdade de Educação, “a principal motivação nesse projeto é a convivência entre os idosos e os acadêmicos, a troca de experiência de vida, de uma pessoa que tem muita vivência, muita história para compartilhar”.
Ofertando vagas em três disciplinas este ano, o professor Marcelo acredita que a experiência da relação tem sido muito boa, tanto para os jovens que recebem muito bem os idosos, quanto a integração desses às disciplinas. “Acredito muito no potencial dos projetos feitos com a terceira idade”, afirma o professor
Acadêmico de Engenharia de Software, Lucas Felipe de Oliveira Freitas ministrou no ano passado a Oficina de Informática para 45 idosos. “Eu sempre tive interesse na área da docência e, nesse primeiro contato com o ensino, a experiência com os idosos não poderia ter sido melhor. É uma turma bem interessada e de fácil tratamento. Foi uma prática muito agradável”, afirma o estudante.
Locais de matrícula e horários:
- Cidade Universitária (Campo Grande): Sala de aula nº 05, Complexo EaD e Escola de Extensão, andar térreo, das 8h às 11h e das 14h às 17h.
- Campus de Naviraí: Secretaria Acadêmica do CPNV/UFMS, das 7h30 às 10h30 e das 13h30 às 16h30.
- Campus do Pantanal (Corumbá): Secretaria Acadêmica do CPAN/UFMS, das 7h30 às 10h30 e das 13h30 às 16h30.
- Campus de Paranaíba: Secretaria Acadêmica do CPAR/UFMS, das 7h30 às 10h30 e das 13h30 às 16h30.
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