Sem coberta e agasalho para todos, famílias dividem cama para enfrentar frio em Campo Grande

A queda de temperatura em Mato Grosso do Sul traz muitas preocupações para a saúde, principalmente de quem tem problema respiratório, em meio a pandemia do coronavírus (Covid-19), mas nas favelas a maior preocupação dos pais é amenizar o frio e a fome dos filhos em dias de quarentena. Na comunidade José Teruel Filho, em […]

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A queda de temperatura em Mato Grosso do Sul traz muitas preocupações para a saúde, principalmente de quem tem problema respiratório, em meio a pandemia do coronavírus (Covid-19), mas nas favelas a maior preocupação dos pais é amenizar o frio e a fome dos filhos em dias de quarentena. Na comunidade José Teruel Filho, em Campo Grande, famílias dividiram a mesma cama na tentativa de minimizar a madrugada gelada.

Adriana dos Santos, 39 anos, catadora, viu o filho mais novo chorar tamanho era o frio nesta quinta-feira (16). “Ele tem 5 anos e passou a noite chorando de frio. A gente não tem coberta suficiente, acabamos dormindo juntos, mas ainda assim é difícil”, explicou.

No barraco moram 11 pessoas, são quatro famílias e três crianças. “A gente divide a moradia aqui. Eu sou catadora, mas estou ficando em casa por causa das crianças, meu marido está saindo para catar recicláveis sozinho e a gente tem um bolsa família de R$ 82”, disse.

“A gente fica esquecido porque estamos no final do bairro, todo mundo aqui divide a cama com a família porque não tem coberta suficiente. Se chover ainda piora, e além do frio as crianças choram por comida, porque com essa situação do coronavírus está difícil até trabalhar”, desabafa.

Vivendo também da renda dos recicláveis, Luciano Edgar, 39 anos, mora com a filha mais nova, a pequena de 3 anos, ficou com o pai e a irmã depois que a mãe foi embora. “Eu fiquei com as duas meninas, a mais velha fica com a minha irmã e a mais nova está aqui comigo”, disse.

Com a dificuldade em conseguir dinheiro suficiente, Luciano relata que já ficou uma semana sem comer e que o frio vem para maltratar quem já está sem quase nada. “A gente não tem coberta, não tem casaco. Minha filha acorda com frio de madrugada, eu faço uma fogueirinha e uma mamadeira para distrair ela. Eu não deixo ela passar fome, o pouco que ganho compro o leite e a comida para ela. Eu fico sem comer, ela não”, relata.

Apesar disso, Luciano agradece por ter pelo menos um lugar para morar. “A gente passa um sufoco, mas tem onde morar. No barraco entra muito vento e a gente vai ajeitando para minimizar o frio”, disse.

Mãe de 4 filhos, Glace Kelly, 30 anos, foi suspensa do trabalho e acabou ficando sem renda para ajudar em casa. “Eu trabalhava em uma obra, mas fui suspensa por causa do coronavírus então a única renda que tenho é do bolsa família que não saiu ainda”, relata.

Além da falta de comida, a família também divide a cama para tentar minimizar a friaca na madrugada. “A gente não tem agasalho e dorme junto para passar menos frio, porque não tem coberta suficiente. Mas se esfriar mais será um problema e não sei nem o que fazer”, conta.

No barraco da Luciane Ferreira, 26 anos, a comida não falta, mas a temporada de frio faz a família sofrer. “Meu marido trabalha bastante como empacotador de carvão, comida não falta. O que faz a gente sofrer mesmo agora é o frio, tem muito vento no barraco, então priorizo cobrir meus dois filhos porque as cobertas não são suficientes”, afirma.

Para ajudar

Quem quiser ajudar uma das famílias com doação de cobertas, agasalhos e até mesmo alimentos, pode entrar em contato pelos telefones: (67) 99325-0652 – Adriana; 99105-4312 – Luciano e 98181-9025 – Luciane.

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